O corpo e o espírito
O corpo e o espírito se acham tão intimamente ligados, que não adianta cuidar de um sem pensar no outro. As reações isoladas e os impulsos são partes de um todo que representa a atitude do indivíduo para com a vida.
Graças a esse conhecimento (tão bem explicado através do Racionalismo Cristão), a pessoa se torna apta não só a corrigir as atitudes como a prever os acontecimentos. Estudar o Racionalismo é compreender esse admirável poder criador da vida, o qual vem de Deus — o Grande Foco gerador. Esse poder vital se revela no desejo de desenvolvimento e na luta pela sua realização, na vontade de corrigir os defeitos procurando substituí-los pelo sucesso nas mesmas condições. Não podendo parar, a vida luta contra os obstáculos. Tal processo, que se relaciona não só ao organismo físico como ao social, será sempre o ponto objetivado pelos educadores. Para conseguir um objetivo, reúnem-se todas as atividades psíquicas e materiais.
Assim pensando, merece maior atenção o criminoso que o próprio crime. Importa que se compreenda o alvo da vida do indivíduo. Esse alvo é que lhe dirige todos os atos.
O espírito precisa do corpo na vida terrena. Se verifica um defeito orgânico, emprega um grande esforço para vencer ou compensá-lo por meio de outro órgão que se encarrega das funções do órgão deficiente.
O cego tem a falta da visão atenuada pelo desenvolvimento de outros sentidos, salientando-se o tato. Quem perde os membros superiores, procura substituí-los pelos inferiores, chegando à perfeição de pintar com os pés. O surdo substitui a audição pela observação do movimento dos lábios de quem fala e o mudo transmite a palavra através do gesto.
Tal equilíbrio também se deve estender ao organismo social.
O espírito e o corpo formam uma unidade integral. Com essa compreensão a cura do corpo pela medicina será completa. As chamadas doenças mentais são a revelação do mal emprego do pensamento.
Sem uma finalidade a atingir e um desejo de vencer os obstáculos, a vida perde o significado. A pessoa só poderá solucionar as deficiências e dificuldades do presente, se julgar ser superior a elas e possuir na mente a imagem do futuro sucesso.
A exteriorização do objetivo de vida se inicia nos primeiros anos, e esse período em que surge o modelo da personalidade exige do educador o maior cuidado. As tendências são a bagagem que o espírito traz ao encarnar. Mas o importante não é propriamente a bagagem, mas a maneira de aproveitá-la ou modificá-la para um fim utilitário.
Professora Olga B. C. de Almeida