A vida do ser humano é normalmente dividida entre hábitos e particularidades que atendem primordialmente à subsistência da própria espécie, encontrando-se similaridades nos diversos povos. Assim ocorre nos meios familiares, nos compromissos de trabalho, nas programações voltadas para o lazer, nas mais variadas atividades. No entanto, os princípios racionalistas cristãos alertam o estudioso desta filosofia para uma concepção mais ampla e construtiva da existência humana, consubstanciada no entendimento acerca da ação permanente do Princípio Inteligente sobre a Matéria, – dois únicos elementos de que é composto o Universo – para sua identificação de participante do processo evolutivo como parcela do Todo Universal, do qual é inseparável, mas distinguível.
De onde vem o ser humano? O que ocorre após sua morte? Por que ele existe? Estes são questionamentos historicamente formulados pela humanidade que encontram razão na própria natureza e cujas respostas são sustentadas por leis evolutivas. A vontade de penetrar e desvendar o desconhecido é comportamento natural do indivíduo e característico do seu processo evolutivo, gerando, não raras vezes, estímulos conscientes e inconscientes para assimilação e desenvolvimento de si mesmo. No entanto, para aprimorar esse importante atributo espiritual, o indivíduo deve analisar os fatos à luz da razão, de modo a não enveredar para conclusões obscuras.
O anseio de compreender os chamados mistérios da vida levou a humanidade à criação de mitos e fantasias. A subserviência e devoção a elementos da natureza e a entidades supostamente divinas serviram para manipular numerosas civilizações através do medo no decorrer do tempo, quando a desobediência ou a incredulidade poderiam até significar a condenação dos infratores à morte. Esse comportamento histórico e o surgimento do método experimental como base da ciência moderna contribuíram para o afastamento das teorias físicas das concepções de natureza metafísica devido ao paradigma científico reducionista.
Por ter-se mantido irredutível quanto ao reconhecimento dos fenômenos metafísicos e sua causalidade, o uso do método experimental tornou possível o avanço tecnológico e, indiretamente, proporcionou progressiva desconstrução ideológica do misticismo obscurantista. A ciência moderna mantém-se afastada das concepções de natureza espiritual, que dão base ao entendimento causal dos fenômenos espíritas. Entretanto, esse paradigma vem aos poucos mudando, em razão de algumas similaridades do procedimento científico se aproximarem dos resultados originados da pesquisa mediúnica, que comprovam capacidades perceptivas extrassensoriais que ultrapassam as possibilidades dos cinco sentidos humanos.
O método experimental, como base da ciência moderna, permite aos seres humanos conhecer cada vez mais as estruturas racionais vinculadas à matéria, mas os torna, o mais das vezes, incapazes de verificar a fonte dessa racionalidade – a Inteligência Universal. O excepcional desenvolvimento científico nos seus diversos ramos permitiu ao conjunto humano avançar em intelectualidade, entre outros aspectos, mas este tem demonstrado sua incapacidade de perceber a mensagem ética contida na natureza. Os conceitos éticos e morais sugeridos pelo Racionalismo Cristão na análise dos fatos possibilitam ao indivíduo abandonar ideias reducionistas e entender a realidade da vida além dos seus limites materiais, que bloqueiam o esclarecimento espiritual e geram desorientação psíquica.
A humanidade tem manifestado a necessidade de explicações mais amplas acerca da cosmovisão. O ser humano sempre buscou ao longo dos séculos uma percepção clara que abranja o Todo Universal – a Vida do Universo no seu aspecto amplo e construtivo – e explique o valor e o sentido de cada coisa nele existente. O indivíduo é, para si mesmo, uma interrogação para a qual procura uma resposta, que está contida no processo evolutivo, do qual não consegue sair porque dele faz parte como parcela do Grande Foco. Com o propósito de orientar os passos do ser humano no conjunto dos demais seres, surgiu no início do século XX o Racionalismo Cristão como filosofia racional, lógica e concatenada à realidade da vida, possibilitando à razão humana penetrar nos domínios da espiritualidade ao revelar a existência inexorável das leis evolutivas e alertar para as suas consequências.
A heterogeneidade étnica e cultural dos povos é atestada pela Antropologia e a Sociologia. Contudo, o Racionalismo Cristão, ao analisar essa realidade através do prisma ampliado da espiritualidade, mostra a noção basilar da composição humana – espírito, corpo fluídico e corpo físico – e amplia o horizonte do raciocínio sobre o entendimento da multiplicidade de características dos aglomerados humanos. A abordagem da doutrina racionalista cristã possibilita a compreensão não só do sentido, mas, principalmente, da utilidade das diferenças para o desenvolvimento moral e espiritual dos seres humanos, explica que, a cada experiência vivenciada nos mais diversos grupos sociais, a parcela da Inteligência Universal em evolução tem oportunidade de equiparação de suas faculdades e de seus atributos espirituais. Em outras palavras: a diversidade da forma viabiliza a uniformidade da essência.
Ao codificar o Racionalismo Cristão, Luiz de Mattos possibilitou à humanidade reconhecer-se como um conjunto espiritual, que evolui através de experiências práticas de natureza física. O mestre espiritualista ensejou aos estudiosos desta Filosofia compreender a necessidade do concomitante desenvolvimento espiritual e intelectual. Entende-se, assim, que as pessoas com maior acesso aos bens culturais, e se cristalizam neles, acabam por se privar dos bens espirituais. Os intelectuais que não levam em conta a realidade espiritual do viver terreno e, por consequência, concentram a atenção nos seus efeitos físicos, reduzindo a observação fenomênica apenas ao critério intelectivo, distanciam-se do autoconhecimento e das respostas para questões transcendentes de magna relevância. Apartado do esclarecimento espiritual, o conhecimento intelectual não passa de um labirinto no caminho evolutivo, onde se destaca o nexo indivisível entre espiritualidade e intelectualidade.
Ao iniciar seu processo evolutivo na Terra, a parcela do Princípio Inteligente dispõe das mesmas possibilidades e os mesmos recursos do Todo Universal. Após ter passado pelos diversos domínios da natureza, ao conquistar a faculdade do livre-arbítrio, já, portanto, na condição de espírito, essa emanação da Força Criadora progride à medida que irradia positivamente seus pensamentos, promove boas escolhas e age corretamente. Portanto, observa-se na coletividade indivíduos de moral elevada, que refletem traços de lealdade, coragem e abnegação, enquanto outros exteriorizam, temporariamente, imperfeições do caráter, denotadas em tendências voltadas para a maledicência, em atitudes egoístas e hábitos perversos.
A vida física não se restringe a uma única existência do espírito encarnado na Terra. As experiências de hoje são consequências das leis evolutivas nas múltiplas encarnações pelas quais passou anteriormente. Portanto, as situações que se apresentam são inequivocamente oportunidades de aprimoramento espiritual. Com essa compreensão, é mais fácil para o ser humano lidar com as adversidades, e, assim, implementar a luta pela lapidação de atributos e faculdades espirituais. As leis evolutivas garantem oportunidades de crescimento a todos.