Quando falamos de escolhas, geralmente, somos levados a associar esse tema ao conceito de livre-arbítrio ou ao de causa, no sentido de que toda escolha produz consequências. Logo, as duas análises são pertinentes e geram resultados importantes para nossos estudos em conjunto. Pretendemos, todavia, estabelecer neste artigo uma abordagem um pouco diferente, mas que não está de forma alguma descontextualizada. Nosso objetivo é ampliar, expandir o campo de visão, o que implica considerar outros aspectos da questão despertada, aliás, esta característica é própria do espiritualista e o Racionalismo Cristão procura constantemente estimulá-la.
Vamos começar analisando a atividade do espírito em seu campo de estágio. O entendimento do que se dá nessa dimensão espiritual é importante para fundamentar o que vamos expor na sequência. Embora pareça um estudo avançado dentro da espiritualidade, esse entendimento tem relação direta com as experiências práticas que vivenciamos a todo momento.
Sabemos, pelas pesquisas e constatações do autor do Racionalismo Cristão, o mestre Luiz de Mattos (1860 – 1926), modelo máximo no campo da ampliação de perspectiva, que o espírito, em seu campo de estágio, faz as mais variadas escolhas no que concerne às suas necessidades evolutivas. E o faz lançando mão de quê? Com que o espírito conta para fazer suas escolhas? Com tudo de positivo e verdadeiro que conseguiu incorporar em sua estrutura fluídica.
Aqui chegamos ao ponto crucial de nossa análise! Nada mais legítimo que nos preocupemos com o impacto das nossas escolhas. Mas antes de qualquer coisa é necessário que saibamos que nossas escolhas, em última análise, reproduzem o que nós somos, e a filosofia racionalista cristã nos conscientiza de que somos aquilo que queremos ser, de acordo com os nossos pensamentos e sentimentos.
Nutrindo-se de bons pensamentos e sentimentos, todos se sentirão muito mais confiantes, e essa segurança permitirá que as escolhas sejam mais eficientes. Não há uma equação pronta, uma fórmula que determine as variáveis de uma boa escolha, e, por conseguinte, também não seria prudente afirmar que existe um padrão no campo das consequências, elas são subjetivas, dizem respeito a cada um de nós, mas podemos afirmar com segurança que as escolhas sempre refletirão aquilo que somos.
Portanto, se queremos fazer escolhas melhores, esforcemo-nos em ser pessoas melhores. Se queremos assumir uma postura de equilíbrio diante dos embates da vida, é preciso que frequentemos ambientes harmônicos e equilibrados, que tenhamos parcimônia, disciplina, vontade forte para frear os ímpetos e disposição para ampliar nossos atributos espirituais.
Só levaremos deste mundo aquilo de bom que produzimos, e são esses arquivos que nos influenciarão em nossas escolhas, também quando não tivermos mais em corpo humano. Vejam a importância do aperfeiçoamento espiritual, resultante da prática constante e desinteressada do bem.
O conceito de coerência está fundamentado na consistência comportamental, ou seja, no falar e no agir em consonância com os valores defendidos pela pessoa. De nada vale a pessoa ostentar um discurso moralista e elevado se na prática o seu comportamento não confirma suas palavras. Esse contraste, essa distonia acaba por dificultar a tomada de decisões.
Da mesma forma que o comportamento deve ter compromisso com a verdade, nossas escolhas não podem ser vazias e irresponsáveis, como se não tivessem consequências.
Disse Antonio Vieira (1608 – 1697), em um dos seus sermões (Sexagésima): “Sabem, pregadores, por que fazem pouco abalo nossos sermões? Porque não pregamos aos olhos, pregamos só aos ouvidos”.
A autoanálise é tarefa que a todos toca igualmente. Analisar detidamente os pensamentos e verificar se estão coerentes com nossas atitudes é condição básica para escolhas produtivas.