O Século das Luzes

A corrente filosófica que predominaria na Europa do Século XVIII teria sua origem na Inglaterra, se chamaria Enlightment (Iluminismo) e se tornaria conhecida também como Século das Luzes, Filosofia das Luzes, Ilustração e Esclarecimento.                                

Seria porém na França que essa nova corrente filosófica inglesa, cheirando ainda a cueiros, encontraria terreno propício para se desenvolver e se tornar movimento de grande expressão, liderado por Voltaire, Rousseau, Montesquieu, Diderot e outros pensadores e enciclopedistas franceses. Uma vez na França, o Iluminismo passou a chamar-se Les Lumières (As Luzes) e Iluminisme.

Foi também a partir da França que a Filosofia das Luzes se espalhou pela Europa afora. Na Alemanha e em mais quatro países europeus nos quais o alemão é a língua oficial, a tradução do já então famoso termo Enlightment é uma palavra que também se tornou bem conhecida: Aufklärung.

Voltando ao que já foi dito em artigo precedente desta história do racionalismo, dois pensadores, Francis Bacon (1561-1626), fundador do empirismo, e  Descartes (1596-1650), pioneiro do racionalismo moderno, já haviam libertado a filosofia do teologismo católico e da “parolagem escolástica da Idade Média”.                               

O Iluminismo, porém, filho ousado dessas duas correntes filosóficas, deu um grande passo além – a par de seus objetivos culturais, sociais, econômicos e  políticos, era também de caráter antirreligioso e, como tal, empreendeu libertar a humanidade da religião.

Os iluministas caracterizavam-se pela confiança na razão, na ciência, no progresso e pelo incentivo à liberdade de pensamento. Em nome desses valores, defendiam que a razão e a ciência deveriam dominar, absolutas. Somente elas deveriam dirigir e iluminar a humanidade.

 O ideal dessas ilustres figuras da Filosofia Iluminista era abater a religião e  deitar por terra multisseculares fantasias e ilusões; combater tudo que há de retrógrado e irracional na tradição, nas instituições políticas, na religião e na História; e levar os valores do Iluminismo a prevalecer e triunfar sobre o mito, a crendice, o sobrenatural, o misticismo, a divindade, os cerimoniais religiosos, a fé, os dogmas, o fanatismo religioso ou de qualquer naipe, a intolerância, as superstições, os preconceitos, o obscurantismo, os  mistérios, a adoração, os ritos ou cultos eclesiais.

 “Mediante a evolução dos tempos”, afirmavam os iluministas, “a religião já não passa de uma realidade obsoleta, um anacronismo.” Em substituição, propunham ao ser humano o reinado da razão, a ciência, a cultura, o progresso… 

O racionalismo do século XVIII na França, que passou a acolher e divulgar também as ideias do empirismo inglês, se notabilizou, sobremaneira, com o nome de Iluminismo. Ele abalou os alicerces do Antigo Regime, causando, ainda, sérios danos às muralhas da religião. Suas ideias inspiraram um dos maiores acontecimentos da História — a Revolução Francesa.

Foi o mais formidável, o mais poderoso aríete que a filosofia jamais arremetera contra os velhos redutos do obscurantismo, da intolerância, dos preconceitos, das superstições e do fanatismo. 

Esse movimento constitui, decididamente, a nota dominante que distingue e imortaliza historicamente o século XVIII.         

Com o Iluminismo, ou Século das Luzes, termina, em brilhante apoteose, mais um  capítulo da história do racionalismo.

O primeiro e principal representante do Iluminismo em Portugal foi Francisco Xavier de Oliveira (Lisboa, 21 de março de 1702 – Hackney, Inglaterra, 18 de outubro de 1783), livre-pensador, escritor e diplomata, mais conhecido como Cavaleiro de Oliveira – encarnação anterior de Luiz de Mattos.