Em que consiste o sono natural?
O sono é um estado durante o qual são suspensas as funções da vida de relação (tais como movimentos voluntários, visão, audição etc.) e se reduzem ao indispensável as funções necessárias à vida (respiração, circulação do sangue, pulsações do coração etc.).
Uma das leis da natureza é que se deve aproveitar a luz do dia para o trabalho e demais atividades; e que a obscuridade da noite deve destinar-se ao repouso e ao sono reparador, que proporcionará ao organismo o descanso necessário às atividades do dia seguinte, com plenitude de energias.
As 24 horas do dia podem ser divididas em três partes de oito horas cada uma: oito horas para trabalhar; outras oito para necessidades e distrações: refeições, exercícios físicos, passeios, leitura etc., e outras oito para dormir. Muitas pessoas consideram esse regime como o ideal para as pessoas sãs.
A seguir vamos explicar o que acontece durante o sono e as mudanças que sofrem as principais funções do corpo, como: movimentos, sensibilidade, sentidos, faculdades mentais, estado da musculatura e funções vitais, e, finalmente, explicamos como se dá o despertar.
Movimentos. Os movimentos que se fazem durante o sono são automáticos e não dependem da vontade. Por exemplo, muda-se de posição sem acordar e sem que se note. Pode haver alguma coisa que provoque a mudança de postura, como incômodos, compressão de algum órgão etc., mas a pessoa troca de postura sem se o sentir.
Também não se fala durante o sono natural e profundo; fala-se unicamente quando o sono é intranquilo ou anormal (pesadelos, sonambulismo etc.).
Sensibilidade e sentidos. Durante o sono, as impressões dos sentidos (visão, audição, olfato etc.) não ficam inteiramente suprimidos, mas apenas diminuídas, tanto mais quanto mais profundo for o sono. Por isso, quando chegam estímulos do mundo exterior, como luz e ruídos, se o sono for pouco profundo, são percebidos de modo apagado e deformado, e se forem muito fortes, chegam a despertar quem dorme.
De todas as maneiras, tendo-se os olhos fechados, o relaxamento muscular, a obscuridade, o silêncio e o descanso da consciência, estas impressões serão sempre muito mais leves do que seriam achando-se a pessoa acordada.
Faculdades mentais. Se o sono for muito profundo, o pensamento e a imaginação suspendem suas atividades. Se o sono, porém, for artificial, há ideias ou imagens, que formam os sonhos.
Musculatura. Durante o sono, os músculos estão frouxos, o que é necessário para que o repouso corporal seja perfeito e a pessoa se levante com a sensação de haver descansado suficientemente e se encontre refrescada e cheia de energias.
Se a musculatura estiver sob tensão, a pessoa não descansa bem e levanta-se cansada. Por exemplo, é frequente o caso de indivíduos que se levantam com dor em uma parte do corpo, por exemplo, na barriga da perna. Ignoram que essa dor é muitas vezes devida à tensão dos músculos durante o sono.
Por outro lado, a contração dos músculos dificulta o sono profundo e reparador. Por isso, uma das práticas que se devem levar em conta para dormir bem é saber afrouxar toda a musculatura do corpo.
Funções vitais. As funções vitais, como a circulação do sangue, a respiração, a digestão etc., em que não intervém a vontade, seguem sua marcha normal durante o sono. O pulso torna-se algo mais lento e a pressão do sangue mais baixa. Chega menos sangue ao cérebro do que quando se está acordado.
A respiração é mais ampla e profunda e ao mesmo tempo mais lenta. A eliminação de impurezas e substâncias tóxicas é mais ativa quando se dorme do que quando se está acordado. Essas funções de eliminação estão a cargo principalmente do fígado e dos rins, que depuram o sangue de venenos, substâncias de fadiga produzidas pelo trabalho muscular (ácido lático etc.), substâncias residuais e substâncias prejudiciais em geral.
Os mecanismos de defesa contra os micróbios são também mais ativos quando se dorme. Do exposto deduz-se que o sono tem valor curativo. Por isso, nos doentes, convém respeitar o mais possível seu sono, não os acordando senão o indispensável para receber algum tratamento.
A reparação dos tecidos e todos os processos curativos aumentam durante o sono, pelo que não se deve interromper este trabalho natural de cura e reparação. Finalmente, durante o sono, o desgaste dos órgãos é mínimo e, durante ele, o sangue torna-se mais rico em glóbulos vermelhos, o fígado fabrica maior quantidade de substâncias de reserva e as células nervosas esgotadas regeneram-se e nutrem melhor. Todos esses processos vitais e de auto reparação devem-se a que, durante o sono, a velocidade de cura de muitas lesões, como ferimentos, queimaduras etc., é mais rápida do que durante a vigília.
O despertar. O sono natural termina por si só, uma vez satisfeitas as necessidades do organismo. Pode-se, porém, despertar artificialmente quem dorme mediante um estímulo bastante forte, como ruído, luz etc. Não obstante, existe também a influência do costume, e, assim, quem está acostumado a dormir oito horas, costuma acordar espontaneamente após oito horas de sono. Influi também no despertar o fato de se ir deitar com a preocupação e uma decisão de forte vontade de acordar a uma determinada hora, por ter de realizar algum trabalho, obrigação ou viagem etc.
O roncar. Geralmente, o roncar produz-se por causas que dificultam a passagem do ar pela boca aberta enquanto o indivíduo dorme. Entre outras causas, podem-se citar: pólipos do nariz, crescimento ou dilatação dos cornetos (ossos das cavidades nasais), amígdalas (glândulas) inflamadas, vegetações adenóides, secreções exageradas, úvula (campainha) muito grande etc. Mas pode ser também devido à queda da língua para trás, obstruindo em parte a saída do ar. Essa queda da língua pode dever-se ao costume de dormir em decúbito dorsal (boca para cima), ou então por ser o sono tão profundo que produza um relaxamento muscular absoluto.
Isso explica que, em geral, se ronque mais quanto mais profundo seja o sono, e também quando se dorme de boca para cima.
imediatamente após o jantar e comer demais, pois são as causas que fazem congestionar a mucosa do fundo da boca, produzindo os roncos do respirar.
E também um fato demonstrado é que se ronca mais após a ingestão de certa quantidade de álcool, principalmente no caso de pessoas não acostumadas às bebidas alcoólicas.
É necessário que o indivíduo que habitualmente ronca perceba que o roncar, além de ser um incômodo para os outros, é um prejuízo para si mesmo, por ser, afinal de contas, um tanto anormal.
Em primeiro lugar, deve levar-se em conta que só se ronca quando se respira pela boca, e que, ao respirar assim, o ar chega em piores condições aos pulmões, porque o normal é respirar pelo nariz, cujos pelinhos são adequados para aquecer o ar, umedecê-lo e filtrá-lo de impurezas, pó etc.
Além disso, o ar vai ressecando a boca e a garganta e essa secura facilita as inflamações e infecções (catarros, anginas, gripes, etc.).
Tratamento. Às vezes basta tocar na pessoa que ronca, mudá-la de posição, falar-lhe, sem que se chegue a despertá-la para que, automaticamente, deixe de roncar. Não obstante, o que aqui mais nos interessa explicar é o tratamento que pode e deve seguir a pessoa para evitar o ronco.
Constará dos seguintes pontos:
- Descongestionar e deixar livres os canais do nariz. Para isso, é útil, antes de ir para a cama, respirar pelo nariz vapores de água com eucalipto ou, melhor ainda, tomar um banho de vapor pelo peito e cabeça, podendo acrescentar à água do banho folhas de eucalipto ou de salva.
- Procurar não dormir de boca para cima.
- O jantar deverá ser leve e sem bebidas alcoólicas.
- Antes de dormir terá o propósito de fazê-lo com a boca fechada, o que geralmente se consegue com força de vontade.
Sem dúvida, em alguns casos, como os devidos a pólipos do nariz, cornetos muito grandes etc., que impedem respirar com a boca fechada, deve recorrer-se a tratamento com especialista.
Alberto Barros
Militante da Filial do Porto (Portugal)