Paternidade responsável

A paternidade responsável, seja ela vivida dentro do matrimônio ou fora dele, deve estar investida de grande senso de compromisso e envolvimento. O dever imperioso para com as obrigações que o homem assume na vida cotidiana, que permite que este seja considerado, estimado e respeitado, ainda lhe compete, mas com muito mais intensidade, quando ele abraça a paternidade.

Se o homem, prevalecendo-se de sua liberdade de escolha, negar o alto valor do encargo moral que representa a paternidade, abalará com essa postura inadequada e ilógica o fundamento de sua própria dignidade. Demostraremos nestas breves notas que, analisada a questão da paternidade pelo ângulo da transcendência, os conceitos de responsabilidade, dever e criação da prole, com seus respectivos direitos e obrigações, se ligam e se conectam com tal intimidade, que não devem ser compreendidos isoladamente.

A compreensão clara da sublime finalidade da paternidade e todas as consequências que ela implica só se torna possível quando unida à sincera percepção de sua dimensão espiritual. A paternidade circunscrita a uma análise estritamente biológica não permite o reconhecimento da amplitude de sua responsabilidade, nem da objetividade, lealdade e generosidade com que deve ser exercida. Sem esses valores, um pai dificilmente conseguirá conquistar o respeito e a confiança dos filhos, da família e da sociedade, e jamais se enternecerá com o inefável sentimento de paz que transborda da consciência do dever cumprido.

A observância dos princípios ligados ao conceito de paternidade responsável representa o apanágio da experiência espiritualista, consoante à lei natural gravada na consciência humana. Com certeza, o centro de gravidade do comportamento do pai consciente, abnegado e íntegro, que lida com as tensões familiares com humildade, sem cogitar a ideia de afastar-se dos filhos, estabelece-se em critérios de elevação ética, idoneidade autêntica, razoabilidade e discernimento.

Para desenvolver uma paternidade produtiva e zelosa, harmonizar a consideração e a confiança dos filhos e conciliar as obrigações profissionais com deveres do lar, o homem deve acalentar em seu espírito – como revelam os casos de sucesso que conhecemos – o firme propósito de ser justo, equilibrado, sensível, equânime e consciente; de nunca extrapolar em suas prerrogativas nem negligenciar seus deveres. Não cabem na paternidade consciente nem o despotismo nem o indiferentismo. Regularidade, desempenho, disciplina, diligência, solicitude, afetuosidade e correção são virtudes que devem ser cultivadas pelos pais que pretendem deixar uma presença indelével e positivamente marcada na mente de seus descendentes.

Uma das mais significativas notas da paternidade bem desempenhada, identificável pela perspectiva ampliadora da espiritualidade divulgada pelo Racionalismo Cristão, é que o pai, quanto mais se entrega aos filhos e à família, consolidando os laços afetivos, quanto mais se empenha pela educação e pela segurança do lar, quanto mais se desgasta pelos seus, mais se fortalece, mais se revigora, mais se completa e mais se plenifica. Não existe amor paterno dissociado dos sentimentos de abnegação e renúncia. Só conseguimos entender essa aparente contradição quando contemplamos a paternidade a partir de sua essência espiritual. Esperamos ter expendido algumas considerações nesse sentido, que foi elaborado como uma manifestação de gratidão e respeito aos pais que souberam e sabem honrar esse magnífico título.

Muito Obrigado!