Por que suicídio? A vida é bela, nos mostra a espiritualidade

Com este artigo, chegamos ao fim de uma série histórica que, à luz da espiritualidade proporcionada pelo Racionalismo Cristão, busca analisar as causas do suicídio e os contornos dramáticos que o orbitam, além de oferecer uma eficaz solução no que concerne a sua prevenção. Referimo-nos ao esclarecimento espiritual, que a um só tempo previne o suicídio e fortalece espiritual e moralmente as famílias enlutadas por conta desse terrível trauma.

Se há um grupo na sociedade contemporânea que se inclina a atos trágicos como o suicídio e mesmo a automutilação, esse é o grupo formado por pessoas que, independentemente da idade e da condição socioeconômica, são carentes de autoestima, de perspectiva, de confiança em si mesmas, na vida e nas benfazejas leis universais que articulam o incomensurável dinamismo da existência humana, a fim de que ela se aperfeiçoe cada vez mais. Nesse diapasão, reafirmamos e reafirmam todos os que por empenho próprio se esclareceram espiritualmente que a vida é bela e que tudo concorre para o bem daqueles que a interpretam positivamente através das ampliadoras lentes da espiritualidade.

Dissemos em nosso último artigo que, desprezando o fundamento da vida e dos fenômenos a ela associados, setores acadêmicos relacionados à psicologia e à psiquiatria deixam de dar enorme e inestimável contribuição para a solução do suicídio.

Esclarecimento espiritual. Procuramos informar e demonstrar, ao longo dos artigos que escrevemos sobre o tema do suicídio, que a vulnerabilidade das pessoas que formam o grupo acima mencionado se explica por uma miríade de causas e razões, mas que a falta de esclarecimento espiritual assume posição de tal magnitude que não encontra rival. Desconhecendo-se a imortalidade da alma, a perpetuidade da vida, a indestrutibilidade do espírito e a inexorabilidade de seus atributos inatos, torna-se compreensível que o ser humano desequilibrado psiquicamente, deprimido por circunstâncias que o torturam e ferozmente o angustiam sem que ele saiba defender-se, pense que pondo “fim” à vida, porá, por via de consequência, fim à dor. Ledo engano. Demonstramo-lo ao longo da série que ora se finda.

Evidenciamos também que o trauma que envolve o desequilíbrio psíquico, considerado aqui como um gênero ao qual se ligam múltiplas espécies, possui fundas raízes na ausência de subsídios racionais e interpretativos quanto às aparentes injustiças, ingratidões e maldades que permeiam a realidade deste planeta – utilizamos o termo “aparentes” pois não cremos em castigos e punições espirituais.

O esclarecimento espiritual – é relevante que se ressalte – não guarda simetria com ideias supersticiosas ou pseudocientíficas. A dificuldade de certos setores da psicologia e da psiquiatria de oferecer soluções eficazes e definitivas no campo do desequilíbrio psíquico não se funda, a nosso ver, em argumentos racionais e científicos, mas tal dificuldade expõe a grande ruptura entre ciência e espiritualidade, implementada no mundo moderno pelo materialismo cientificista.

Automutilação. No início deste trabalho, abordamos a triste questão da automutilação, flagelo que internacionalmente prolifera entre os jovens. À semelhança do suicídio, a automutilação se baseia em uma contradição. Sim, uma contradição. Ora, como alguém que busca livrar-se de uma dor se machuca ainda mais?

Trata-se de uma perversa e mórbida contradição que certamente pode ser dissolvida quando pais, professores, responsáveis e jovens se abrem ao esclarecimento espiritual, que nos ensina a não nos machucarmos e, sobretudo, a jamais machucar o semelhante. Recentemente, no Brasil, o crime de incitação ao suicídio foi modificado e passou a incluir as condutas de induzir ou instigar à automutilação, bem como a de prestar auxílio a quem a pratique (Art. 122 do Código Penal). Fizemos tal digressão jurídica para que o leitor que desconhece a amplitude da questão passe a ter noção mais nítida desse grave problema e, se for o caso, fique mais atento ao comportamento dos jovens com os quais convive.

Concluímos fazendo menção a um importantíssimo corolário do esclarecimento espiritual: a arte de bem pensar, a partir da qual se combatem todas as formas de violência à própria vida. Com efeito, toda análise, ainda que sumária e superficial, do percurso histórico da humanidade não poderá omitir que as transformações e mudanças que se registraram ao longo do tempo aparecem estritamente relacionadas com a forma de pensar do agrupamento humano, nos mais diversos recortes temporais. Tal verificação nos imporá, então, como irrecusável o entendimento da importância e do poder do pensamento na estruturação da realidade objetiva. Portanto, pensemos sempre bem e favoravelmente, pois assim fazendo, além de nos mantermos livres de influências negativas e desestabilizadoras, daremos passos firmes na direção da realização de nossos mais legítimos anseios.