A multiplicidade de aspectos e enfoques, a pluralidade em todos os níveis e a enorme gama de variáveis e perspectivas com as quais se depara o ser humano contemporâneo – imerso em um contexto de velozes e vertiginosas mudanças, cuja diversidade de interesses gera processos tensos e conflitivos –, ensejam uma sensação de incerteza e ansiedade que só poderá ser contornada quando ele se entregar, decididamente, ao cultivo da prudência e da moderação. Isso é o que pretendemos demonstrar na presente reflexão.
É imperioso refletir antes de tomar qualquer decisão. Ao insistir sobre o valor do discernimento no cotejar das inúmeras possibilidades que se apresentam ao ser humano em seu dia a dia, fazemos referência à importância da prudência e da moderação, sem, contudo, deixar de observar que esta não deve servir de pano de fundo para a procrastinação, isto é, de desculpa para o adiamento de decisões.
Não estamos, com isso, renegando a significação e o alcance da atitude prudente, e sim defendendo o sentido prático da reflexão atenta, comedida e ativa que, alimentada pela seiva intuitiva do pensamento elevado, proporciona uma célere e acertada tomada de decisões. A capacidade de pensar com calma e tranquilidade conduz ao sucesso nas escolhas, e a quantidade de escolhas bem-feitas se traduz no êxito. Muitíssimos erros podem ser evitados quando buscamos ser prudentes e moderados.
Quanto mais o ser humano se dedicar à ampliação de suas qualidades e faculdades e ao desenvolvimento de seus atributos espirituais, tanto melhor saberá agir diante dos casos concretos que a vida lhe proporciona, pois suas atitudes espelharão os conteúdos retos ditados por sua consciência. Pensar com lucidez depende de uma única decisão. Qualquer pessoa pode implementar essa realidade em sua vida a partir de agora, independentemente de seu passado ou de seus antecedentes emocionais.
Os acentuados desafios por que passa a humanidade nos tempos atuais exigem uma efetiva mudança de paradigma, que leve ao estabelecimento de novos estilos de vida, pautados na ética, na moderação e no benquerer, inspirados na sobriedade, na prudência e, sobretudo, na autodisciplina.
Entre os diversos dramas vivenciados pelo ser humano ao longo de sua trajetória por este planeta, assume excepcional relevo a perda do equilíbrio, que gera um sentimento capaz de anular as manifestações de espontaneidade e criatividade, inibindo a possibilidade de construção de uma vida harmônica. É nesse contexto que o esclarecimento espiritual proporcionado pelo Racionalismo Cristão, que nos incita a proceder com ponderação, moderação e valor, bem como a gerir nossos sentimentos, aprimorando nossos atributos espirituais latentes e o senso crítico da realidade, impõe-se como condição sine qua non para a manutenção da vitalidade.
À medida que a mente se desenvolve – consequência do processo de entendimento da realidade transcendente –, o ser humano torna-se forte o bastante para não se abalar diante dos mais variados estímulos externos e internos. Sua consciência amplia-se e, com ela, o autêntico sentido da vida, em todas as suas formas de manifestação.
Esperamos sinceramente que os subsídios reunidos nesta reflexão auxiliem todos os que nos leem a reconhecer e a superar dois grandes inimigos do progresso espiritual: o imobilismo e o atabalhoamento. Tal superação possibilitará a descoberta cada vez mais ampliada do autocontrole e da disciplina, que ensejam atitudes prudentes e moderadas. Estas, por seu turno, são capazes de conduzir ao sucesso e ao êxito na vida, que nada mais são, prezados amigos, que a saudável e madura articulação entre a ética e as conquistas pessoais.
Muito Obrigado!