Qual o nosso grau de comprometimento com o planeta em que vivemos?

O tema de hoje traz uma reflexão importante, não apenas no que se refere à consciência ambiental, mas também, e principalmente, com relação às consequências de nossas ações. Por isso, perguntamos: qual o grau de comprometimento que nós, enquanto espíritos em evolução, possuímos com o planeta em que vivemos?

A preocupação com o meio ambiente é recente na história humana. Até meados do século passado, se falava e estudava muito pouco sobre os impactos da ação humana na natureza.

Uma vez constatados os danos ambientais que geramos ao longo dos tempos, notadamente desde a revolução industrial, finalmente a humanidade acordou para os desatinos que eram cometidos em nome da atividade econômica e em detrimento das condições de nosso planeta.

Foi apenas no final do século XIX que surgiu a disciplina denominada Ecologia, termo originado das palavras gregas oêkos – que quer dizer “casa” – e logos – que significa “estudo”. Portanto, considerando que a Terra é nossa casa, planeta-escola que nos oferece os meios para a evolução, devemos fortalecer a absoluta necessidade de cuidar dela, protegê-la e respeitá-la.

Dentro desse olhar, a pergunta “qual o grau de comprometimento com o planeta em que vivemos” é um questionamento que devemos nos fazer diariamente, pois o meio que nos cerca, assim como as relações que estabelecemos com ele, somos nós.  A nossa qualidade de vida depende, justamente, da forma como criamos essa relação, que vai muito além da preservação da fauna e da flora: o ato de cuidar é um processo contínuo de valorização à vida. Portanto, a preocupação com o entorno também faz parte dos deveres e das responsabilidades em nossa trajetória evolutiva.

Conforme nos demonstra a lei de causa e efeito, para toda ação há uma e reação. Logo, os efeitos que hoje sofremos da devastação ambiental são consequência de ações irresponsáveis, muitas vezes pautadas na ganância e no imediatismo de, simplesmente, ter.

Os problemas ambientais têm causado grandes danos. Com o aumento populacional, as cidades foram crescendo sem planejamento. Enquanto isso, o desmatamento e a degradação alcançaram patamares elevados e insuportáveis. Além disso, com o desenvolvimento das novas tecnologias, a poluição ambiental cresceu ainda mais, intensificando o efeito estufa e gerando resíduos que causam danos, muitas vezes, irreversíveis ao meio ambiente.

Tudo isso porque vivemos em um mundo em que o consumismo desenfreado e a cultura do descarte ainda imperam, consequência do modelo de desenvolvimento atual, mesmo já existindo soluções mais sustentáveis.

Se hoje, no mundo globalizado em que vivemos, ainda erramos com o ambiente que nos cerca, não é por falta de informação, mas sim por falta de vontade, na maior parte das vezes. Isso significa que recebemos muita informação, mas nem sempre a transformamos em conhecimento, ou seja, nem sempre a internalizamos e colocamos em prática. Daí a importância do olhar para a espiritualidade: ao compreendermos que somos parcelas Inteligência Universal e o impacto que cada uma de nossas ações traz para o presente, comprometendo o futuro, passamos a ter um olhar mais racional para nós mesmos e, em consequência, para o outro e o ambiente que nos rodeia.

Enquanto o ser humano não despertar através do estudo e do raciocínio bem utilizado, ele acabará despertando pelo sofrimento. Estudo, raciocínio e sofrimento são vetores de um triângulo evolutivo; quanto mais nos dedicarmos ao estudo e à utilização do raciocínio, menos sofrimento teremos num futuro próximo. Portanto, a humanidade está colhendo os frutos do uso inadequado e desproporcional dos recursos naturais.

As leis evolutivas nos ensinam que, antes da chegarmos à condição de espírito, estágio em que conquistamos o livre-arbítrio, passamos pelos diversos domínios da natureza – reinos mineral, vegetal e animal. E assim seguimos nas diversas etapas evolutivas. Isso significa que tudo está interligado na natureza. Por isso, temos que valorizá-la, pois também fazemos parte dela.

É certo que, ao nascer, o ser humano esquece de sua realidade espiritual, mas isso não minimiza a responsabilidade diante das suas ações, tendo em vista que, como ser humano, tem a capacidade de raciocinar e interpretar sobre as causas dos problemas sociais que o rodeiam.

Porém, como vivemos em um planeta-escola, convivendo com pessoas de níveis evolutivos diversos, em maior ou menor grau, caminhamos a passos lentos. Por isso a importância de termos a consciência de nossos deveres e responsabilidades em relação ao meio ambiente que nos cerca, pois dele também depende a nossa evolução espiritual.

O espírito vem ao mundo físico para cumprir deveres que traz do seu campo de estágio. Se não os cumprir na vida atual, deverá cumpri-los na próxima. Assim sendo, as pessoas devem aproveitar o tempo valorizando seu dia a dia, para que haja maior progresso espiritual e material.

O progresso espiritual é contínuo, não acaba, volta com o espírito para o campo de estágio, enquanto que o progresso material permanece na Terra, em benefício aos que ficam e às gerações futuras.

A natureza é a base do progresso material, também importante para a nossa trajetória evolutiva. Lembremos sempre: a materialidade não elimina a espiritualidade. O que deve ser evitado são os excessos materiais, os abusos que o ser humano comete para atender a desejos pessoais, sem pensar nas consequências ao entorno.

Muitos acreditam que agir sozinho em nada contribui para mudar o mundo. Enganam-se. Muitas vezes, pequenas atitudes fazem toda a diferença. E, não nos esqueçamos: a todo momento servimos de exemplo para alguém. Uma ação bem conduzida, como o simples ato de jogar um papel no lixo, pode despertar a consciência de alguém que o observa.

Como já dissemos, cada um de nós é responsável por tudo o que vivemos hoje. Não adianta culparmos o passado ou apontar o erro do outro; a chave da mudança está em nós. Se não frearmos o modelo de desenvolvimento que temos adotado, acabaremos padecendo junto com a Terra.

Assim, não importa se nossas ações possam parecer pequenas diante do Universo, mas se elas acontecerem, influenciarão as de outras pessoas e, por fim, de toda uma sociedade. Um ciclo positivo, que só pode vir a gerar um resultado igualmente positivo.

A filosofia racionalista cristã ensina a importância de se usar o livre-arbítrio a serviço do bem. E o que é cuidar do planeta, senão um bem que fazemos à humanidade? Porque, ao cuidar do mundo, cuidamos de nós e do outro, visto que são os recursos naturais que nos sustentam e que nos possibilitaram chegar aonde chegamos.

Cada um age de acordo com o seu livre-arbítrio, construindo sua evolução conforme seu grau de espiritualidade, conquistado através de esforço e perseverança.  Como vimos, a evolução se dá a partir do desenvolvimento dos valores morais que o espírito vai acumulando ao longo das múltiplas existências. E o que isso nos demonstra? Que o amor e a bondade também devem se estender à natureza, com toda sua riqueza e diversidade. E aí está a essência daquele que possui o olhar para espiritualidade, pois entende que a vida é valorosa para a trajetória evolutiva e que, por isso, deve cuidar de todo seu entorno também.

Não podemos esquecer que, a partir do momento que nos reconhecemos como emanações da Força em constante evolução, temos consciência das nossas responsabilidades, aprendendo a usar com sabedoria nosso livre-arbítrio. E, não só isso, aprendemos a importância de pensarmos e agirmos com a consciência de que tudo o que nos acontece é resultado do que somos. Assim, podemos caminhar a passos largos em nossa trajetória evolutiva, trabalhando para nosso progresso e contribuindo para o progresso da humanidade. Conscientes de que nossa força de vontade, nosso pensamento e nossas ações são forças poderosas, podemos usá-las a nosso favor e a favor de nossos semelhantes, o que inclui a natureza, base que nos sustenta.

Nesse sentido, cada movimento em benefício desse mundo de escolaridade, que é a Terra, é um passo a mais que atua como um verdadeiro elo de uma corrente capaz de salvar o planeta de grandes catástrofes ou até mesmo da destruição.

Diante de todo esse triste quadro em que se encontra o meio ambiente do planeta em que vivemos, a consciência coletiva surge como um elemento de extrema importância. De que forma? Auxiliando uns aos outros através da educação, do exemplo e, principalmente, pelo olhar da espiritualidade. A partir do momento em que o ser humano se conscientizar de que é a extensão do seu semelhante, parcela do Todo Universal, não será tão difícil o auxílio mútuo em prol da natureza que nos cerca, sobretudo da preservação da vida. Portanto, é da maior importância que caminhemos com acerto, nesse sentido, com ações conscientes e equilíbrio interior, de modo a tornar produtiva nossa breve passagem na Terra.

Temos que ter em mente que o bem-estar do planeta e, portanto, o nosso bem-estar e o dos nossos semelhantes, depende de nós. Ou seja, pela ação da vontade no caminho das escolhas certas e bem conduzidas. É preciso, pois, que todos compreendam a vida como ela deve ser compreendida, sem egoísmo, sem vaidade, sem pretensão, sem orgulho, sem despeito, sem ganância, sem nada que possa vir a perturbar a paz do espírito, sobretudo a paz da consciência, que é o que caracteriza o ser fortalecido, esclarecido e espiritualizado.

Os anos vão, outros vêm, num marcar de épocas que ficam registradas na história das civilizações à disposição das gerações futuras. Se hoje a sociedade ainda segue errando, sigamos em frente reconhecendo esses erros e aprendendo com eles. Assim caminha a evolução espiritual da humanidade.

Muito Obrigado!