A relação entre mente e corpo, desde os primórdios do pensamento filosófico, constitui motivo de grande perplexidade. Contudo, independentemente das posições mais radicais expressas na estrutura teórico-conceitual de algumas linhas de entendimento, procuraremos concentrar nossa atenção na análise espiritualista sobre o tema, que nos remete uma visão mais ampliada e integradora.
São frequentes na atualidade – e recebem, inclusive, a chancela de inúmeros cientistas de renome – as pesquisas acerca da ligação direta entre pensamentos e emoções. O pensamento lúcido, altruísta e afetuoso produz um campo emocional robusto e bem estruturado, repercutindo positivamente nas áreas psíquicas e físicas do emissor.
Defendemos a ideia de que os ensinamentos espiritualistas divulgados e defendidos pelo Racionalismo Cristão devem ser aplicados da vida prática do ser humano, como um veículo eficaz na promoção da saúde integral. Assim, à luz de uma concepção abrangente e consciente apoiada em valores ético-morais, procuraremos estabelecer um referencial seguro para as reflexões sobre a importância de compreender o estreito intercâmbio das emoções e pensamentos com a área orgânica.
Entre os dramas vivenciados pelo ser humano durante sua trajetória por este planeta, a perda de saúde assume excepcional relevo, gerando um sentimento capaz de anular as manifestações de espontaneidade e criatividade e a possibilidade de construção de uma vida harmônica. É nesse contexto que o esclarecimento espiritual, que nos estimula a proceder com ponderação, moderação e valor, bem como a gerir nossos sentimentos, aprimorando nossos atributos espirituais latentes e o senso crítico da realidade, impõe-se como condição sine qua non para a recuperação e a manutenção da vitalidade.
À medida que a mente se desenvolve como consequência do processo de entendimento da realidade espiritual, o ser humano torna-se forte o bastante para não se abalar frente aos mais variados estímulos externos e internos. Sua consciência amplia-se, e com ela o autêntico sentido da vida, em todas as suas formas de manifestação. Ademais, o senso de isolamento, tão característico da mentalidade moderna, perde seu sentido por completo.
Flui para o ser humano consciente de sua essência espiritual a alegria revigorante que produz harmonia e satisfação. Aquelas situações desagradáveis, aqueles males e estigmas que tanto causticam a humanidade despreparada, perdem significado em um meio onde impera a espiritualidade, reduzindo-se a um instante na longa caminhada do espírito, que avança inexoravelmente na direção de sua felicidade.
Qualquer menção ao papel da espiritualidade no tratamento dos males seria incompleta se não se destacasse o valor da disciplina. Uma vida que não contemple o método, a organização e a disciplina tende à desordem e, consequentemente, ao abatimento das energias físicas e psíquicas.
A quase totalidade das preocupações que atingem cotidianamente as pessoas orbitam a incerteza e a instabilidade, que em muitos casos têm suas raízes no descontrole, na indisciplina. Há, sem dúvida, um laço indissolúvel entre uma vida disciplinada e ordenada, na qual a pessoa divide suas atividades e seu tempo inteligentemente, e o bem-estar integral.
A partir do momento em que o ser humano compreende a necessidade de viver disciplinadamente, desenvolvendo uma consciência que pode florescer da simples observação de que todas as manifestações da natureza se dão de forma ordenada, experimenta uma profunda sensação de paz, afastando de si, naturalmente, a tensão e a ansiedade, elementos predisponentes da irrupção das doenças.
O corpo humano representa um todo estruturado em sistemas, órgãos e tecidos que têm a célula como unidade elementar. Todas as atividades orgânicas devem se dar em consonância e harmonia com as necessidades vitais desse elemento. Todavia, há que ressaltar que, além dos sistemas que respondem de maneira integrada por toda a fisiologia orgânica e dos elementos químicos e mecânicos que dão suporte ao automatismo funcional, têm-se os componentes intelectuais e emocionais procedentes da mente, animada e incitada pelo espírito. Estes são de extrema importância.
Por tudo o que aqui abordamos, fica evidente que a mente, por intermédio da ação espiritual, tem grande ascendência sobre a saúde do corpo físico. Mais do que isso, demonstra-se que esclarecimento espiritual é o valiosíssimo instrumento com o qual o ser humano deve contar para a superação dos males a que está submetido no transcurso da vida.
O conceito de espiritualidade sintetiza de maneira admirável o próprio entendimento de unidade entre todos os seres, de conexão, de interdependência. Ninguém está sozinho. Todos integramos uma mesma e única família do ponto de vista espiritual. Apoiados nessa constatação, somos capazes de expandi-la para nossa realidade particular, compreendendo que há uma conexão direta entre nossa mente e nosso corpo. Essa integração se estabelece de forma recíproca; assim sendo, o teor qualitativo dos arquivos mentais incide diretamente sobre nossa saúde.
Com o propósito de sinalizar os aspectos que julgamos mais relevantes para a conquista da saúde integral do ser humano, queremos abordar nesta conclusão um outro conteúdo, que é o da necessidade constante de atualização e movimento. Algumas palavras de Galileu Galilei, impregnadas de sabedoria, são apropriadas para realçar essa ideia: “A condição natural dos corpos não é o repouso, mas o movimento”.
Desenvolveríamos nós, despretensiosamente, que a condição natural da vida é o movimento. Nada é mais certo que a mudança. O Universo representa uma incomensurável oficina de trabalho. Uma mente estagnada, fechada em si mesma só pode produzir a desorganização do organismo físico. Portanto, essa visão holística que a espiritualidade proporciona deve traduzir-se, reiteramos, em atitude concreta que fortaleça a ideia de que tudo aquilo que o ser humano alimenta no campo psíquico repercute de modo diretamente proporcional em sua saúde e em seu bem-estar.
Muito Obrigado!