Sorte e azar não existem. Tudo que acontece é consequência de uma causa (Óbvio!). E o que está acontecendo com nosso povo com relação à covid nada mais é que a reação ao desacato ao coronavírus, bichinho que não é visto a olho nu nem a olho em trajes menores, mas que está entre nós causando danos, enlutando famílias, tendendo a expandir sua destruidora atuação sob os benefícios da passada inércia governamental.
Houve descaso e somente agora prefeitos e governadores estão tomando medidas que ficaram devendo há meses, quer por falta de visão do que estava por vir (incompetência!), quer por não suportarem a ideia de, sem recolhimento de impostos, não poderem cumprir os compromissos dos seus governos (incompetência!). Gerir com recursos abundantes é fácil; com o cobertor curto é complicado. O administrador precisa saber levar o barco, talvez lançar ao mar alguns de seus ocupantes fosse uma solução, mas qual! e os compromissos de favorecimentos assumidos durante a campanha eleitoral? Como excluir das várias boquinhas os amigos aos quais estavam prometidas? Sob esse aspecto ficou tudo como dantes… E isso reflete no orçamento das secretarias.
Não é consequência somente da incompetência governamental e dos avanços da corrupção a situação desesperadora em que e encontra a saúde no país, especificamente na assistência às vítimas da covid. Na verdade essa situação é, também, fruto da desobediência. Grande parcela da população desafiou e vem desafiando as autoridades sanitárias, descumprindo suas recomendações, dispensando o uso de máscara, ignorando o álcool em gel que a maioria dos comerciantes dispõe à entrada de suas lojas, e reunindo-se em festinhas, bailes funk e pagodes. Nas cidades maiores, guardas municipais e policiais militares têm trabalhado muito para desfazer as muvucas e capturar seus mentores, mas nas médias e pequenas a farra tem rolado tranquila, sem ninguém para “incomodar”. Veio o período reservado no calendário para o carnaval, cujas manifestações coletivas e afins foram proibidas. E foliões enlouquecidos burlaram as recomendações.
Outra circunstância que pode estar elevando o número de infectados pelo vírus é a crença de que Deus há de proteger seus filhos contra todos os males a partir do conhecido “livrai-nos do mal. Amém” e de outras passagens bíblicas que deixam transparecer a ideia de que os fiéis estão protegidos contra tudo e contra todos. Até contra o coronavírus. Não todos, claro, mas muitos dos que clamam e choram por um leito de CTI brincaram com fogo.
O homem e a vaca
A comprovação da incapacidade brasileira de produzir vacinas contra a Covid trouxe à discussão um fato que não era percebido ou não era levado em conta, como muitas outras coisas importantes não o são. De repente entrou no noticiário que o Brasil dispõe de 28 fábricas de imunizantes para animais e duas para humanos, estas dependentes da importação do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), enquanto nas demais o processo produtivo se desenvolve totalmente no Brasil.
Recorrendo às informações disponibilizadas pelo Google, nos vem à lembrança que, depois da criação do Programa de Autossuficiência de Imunobiológicos (Pasni), em 1985, que permitiu o avanço da capacidade produtiva do setor, veio a derrubada com a abertura das importações da China, pelo então presidente Collor. De lá para cá manteve-se a situação que privilegia o gado, que dá divisas ao país e lucro aos pecuaristas frente aos humanos, que parecem dar prejuízo (a quem?).
Levando-se em conta o cuidado com a saúde animal, em detrimento da saúde humana. Nosso maldoso raciocínio entra em ebulição e nos leva à conclusão de que, para esse ramo da ciência, com apoio das autoridades governamentais de saúde, que controlam a distribuição de verbas, qualquer vaca pode ser mais importante que qualquer humano, que um deputado ou senador, por exemplo. Em favor dela temos: é sempre fiel a seu eleitor e não tem chance nem motivação para se corromper.
Viva a vaca!