Tenho 43 anos e tenho uma filha de nove anos, me separei e voltei a morar com minha família devido minha filha ser muito pequena. Voltei e achei que seria bom, porque meu irmão, de 48 anos, é alcoólatra e dá muito trabalho. Eu e esse meu irmão nunca nos demos bem, porque sinto que ele abusa do amor que minha mãe tem por ele. Ele tem casa, comida, um quarto com TV só para ele etc. Nunca se preocupou em trabalhar.
Minha mãe tem sérios problemas de saúde e vive passando raiva com ele porque ele bebe sem limites, cai dentro do próprio quarto, quebrou a clavícula, no ultimo tombo bateu a cabeça e teve convulsões. Está no hospital. Entrei em pânico, achei que minha mãe iria passar mal junto.
Como todo mundo em casa já lavou as mãos, eu liguei para minha sobrinha e ela veio socorrer.
Ele sente a casa livre para fazer o que bem entende. Se alguém vai repreendê-lo minha mãe não gosta. Esse é o motivo das maiores brigas entre mim e minha mãe. Acho que minha mãe nem me ama mais como filha. Porque tudo que acontece em casa parece cenas de um pesadelo sem fim. Noites de gritaria, minha mãe dentro do quarto dele pedindo para ele se calar, ele a xingando, garrafas de bebidas dentro do próprio quarto. Não há respeito.
Meus outros irmãos, tanto os casados, quanto os que moram dentro de casa, lavaram as mãos. Não falam mais nada. Para não bater de frente com minha mãe.
Vendo meu irmão falando alto com ela, gritando e tirando a paz de dentro de casa, não consigo ficar calada. E vou ao encontro dele, para que pare. Minha mãe diz que tudo acontece por minha causa, porque eu provoco.
Sinto-me triste demais, porque meu irmão, desse jeito que vai, pode morrer se não mudar. E tenho medo de perder minha mãe também.
Acho que tenho que pegar minha filha e ir viver minha vida. Já que faço de tudo para agradar a todos mas sou a insuportável da casa quando faço meu irmão respeitar minha mãe.
Meu pai era padrasto desse meu irmão, faleceu com 82 anos. Foi casado com minha mãe 45 anos e nunca pôde falar nada sobre isso, porque minha mãe nunca admitiu que alguém falasse. Meu pai pagava todas as contas, sustentou todos os filhos e mesmo assim se calava, para não ter brigas. Numa ocasião, eu era criança, meu pai me perguntou se eu queria ir embora daquela casa para viver só nós. Eu disse que não. Meu pai sempre me pediu desculpas, e eu dizia a ele que não tinha do que se desculpar.
Sinto-me perdida e triste demais. Penso que, se eu ficasse quieta quando acontecerem as brigas, seria uma filha ruim deixando minha mãe ser insultada. Minha mãe diz que é a sina dela, que deve aguentar. E eu falo com ela que não. Que ela deveria ser enérgica e colocá-lo para fora de casa. Que se quisesse viver com a gente teria ao menos que respeitar. Mas são discussões em vão.
Sinto-me infeliz e com muito medo de tudo na vida. Amo minha família, mas sinto que devo largar tudo, pegar minha filha e ir viver.
Resposta: Prezada, lemos com atenção o seu desabafo e a sua indecisão sobre qual atitude tomar diante dessa situação lamentável; e, sem querer interferir no seu livre-arbítrio, procuraremos apenas fazê-la refletir à luz dos ensinamentos do Racionalismo Cristão.
Essa filosofia espiritualista procura orientar os pais para que criem os filhos com a finalidade de enfrentar com coragem, desde tenra idade, as dificuldades que se apresentam, para se tornarem independentes e construírem por si mesmos, por suas lutas, um futuro promissor. Mas alguns pais, talvez por não raciocinarem sobre isto, talvez por não possuírem esses conhecimentos, talvez por excesso de sentimentalismo, procuram cumular os filhos de mimos, proporcionando-lhes todas as facilidades possíveis, transformando-os em adultos insensíveis, egoístas, incapazes de abrir por si mesmos os caminhos evolutivos do crescimento espiritual; e no final acabam arcando com as consequências de uma decisão mal tomada. Essa é uma situação que o planeta-escola nos apresenta, para que possamos refletir e tomar nossas decisões.
Por mais que ame sua mãe e mesmo seu irmão, certamente não será com irritações, com discussões, com recriminações que irá conseguir mudar tanto a maneira de seu irmão enxergar a vida, quanto a de sua mãe que adota mudar uma atitude já enraizada, a qual ela considera sua sina.
Resta, portanto, pensar em sua filha, já envolvida em ambiente tão conturbado e que necessita de muita conversa, para que aprenda a lidar com tudo aquilo que observa sem que isto possa contribuir para afetar a sua sensibilidade infantil.
E caso decida continuar convivendo com eles, precisará fortalecer-se, não admitindo nunca o desânimo, a tristeza, que levam à depressão, e reagir, procurando seguir os princípios racionalistas cristãos contidos no livro Racionalismo Cristão, 45ª edição, página 131, principalmente os que dizem: “Eliminar do hábito comum a discussão acalorada” e “Exercer o poder da vontade contra a irritação” e acima de tudo manter a disciplina da limpeza psíquica, se possível, juntamente com sua mãe para obter, além desse fortalecimento, o afastamento de espíritos do astral inferior que se comprazem com esses atritos, e que induzem seu irmão ao vício do álcool, e vocês às discussões acaloradas.
Essa limpeza psíquica é praticada também, coletivamente, nas casas racionalistas cristãs, mas como no momento as reuniões presenciais do Racionalismo Cristão, em todo o mundo, estão suspensas até 2 de agosto, a sede mundial do Racionalismo Cristão decidiu que filiais podem fazer reuniões a distância, via internet.