Respeito para com os semelhantes

O respeito é um sentimento que se dirige a algo ou a alguém que merece um olhar atento, que seja digno de apreço, de consideração, de deferência.  

À luz de uma concepção abrangente e consciente apoiada em valores ético-morais, procuraremos estabelecer na presente reflexão um referencial seguro para as reflexões acerca da importância do respeito e do diálogo, o principal sustentáculo das relações humanas, principalmente quando o ser humano, utilizando-se de ponderação, assume um comportamento reflexivo e respeitoso perante as situações que a vida se lhe apresenta.  

A ponderação a que nos referimos é fundamental, visto que, uma vez negligenciada, os valores da liberdade e da espontaneidade excluem-se reciprocamente. Mas quando ponderadas racionalmente, as preocupações e tensões porventura existentes tendem a reduzir-se, possibilitando o livre desenvolvimento da personalidade e a manutenção das relações afetivas. 

Uma sociedade justa só pode ser alcançada com o respeito às diferenças. Para a pessoa trabalhadora, honesta e espiritualizada, seu posicionamento respeitoso ante as diferenças não é considerado um estilo de vida, e sim um fundamento e um estímulo para o aperfeiçoamento próprio e daqueles com que convive. 

Somente quando o ser humano se abre para a diversidade é que pode reconhecer a si próprio. É na diferença que surge a compreensão da identidade própria; aliás, é nesse momento de autoconsciência que a pessoa sai de seu universo egoístico para adentrar no campo do diálogo e do convívio fraterno. 

O respeito autêntico é, acima de tudo, diferente da atitude artificial, protocolar, estudada, relacionada a boas maneiras ou coisa semelhante. O respeito espiritualmente considerado representa, antes, a certeza do valor do ser humano, da dignidade de sua essência; fundamenta-se em princípios que transcendem às imposições e às tensões sociais. Para fazê-lo crescer em si, o ser humano deve cultivar-lhe as raízes, que se encontram em sua própria estrutura espiritual, na forma de faculdades e atributos. Ao desenvolver a capacidade de escuta, a empatia, a inteligência, a consciência de si mesmo, enfim, o autodomínio, o ser humano não permite que a noção de respeito próprio e coletivo se atrofie por falta de estímulo.  

Em praticamente todas as esferas de ação em que se deve exercer o respeito, há um elemento estruturante que, devido a sua imensa significação, deve ser destacado: o diálogo. Este representa a substância que sustenta todas as relações dignas e é a solução para considerável parte dos problemas humanos. 

Buscando desenvolver a compreensão sincera dos dramas vivenciados por nossos semelhantes com um olhar empático, todos poderemos dar um passo significativo para que, coletivamente, não experimentemos situações supressoras; para que, unidos e esclarecidos acerca da importância do respeito mútuo, possamos construir uma cultura de interação e solidariedade. 

Respeitemo-nos uns aos outros desde já; dos mais simples atos até as mais importantes decisões, não nos esqueçamos de tratar os outros da mesma maneira que pretendemos ser tratados. A coexistência harmônica e respeitosa só é possível quando as pessoas manifestam uma forma de vida que não encontra seu sentido na satisfação pessoal, mas nas expressões de generosidade, espontaneidade, sinceridade e fraternidade. 

A percepção dos valores que realmente produzem bem-estar e tranquilidade, como o respeito e a tolerância, assim como o desenvolvimento da confiança em nós mesmos e nos processos que regulam a vida com vistas a seu aperfeiçoamento e plenitude, retira-nos de um estado paralisante de alerta que nos impede de entrar em contato com nós mesmos, de forma que possamos rever posicionamentos e ajustar comportamentos. 

A certeza de que existe uma realidade espiritual que tudo sustenta e interpenetra, como nos mostra o Racionalismo Cristão, imprime um relevante impulso ao compromisso de cada pessoa com sua própria felicidade e com a construção de um mundo melhor, mais fraterno e solidário, em que possamos perceber cada vez mais a magnitude do respeito e, por conseguinte, olhar nossos semelhantes como uma extensão de nós mesmos, e não como concorrentes ou algozes. 

As sociedades modernas estão fundamentadas em complexos processos organizacionais que não nos cabe aqui mencionar, mas cuja nota principal é a rapidez das transformações. O ritmo acelerado passou a ser uma característica tão normal da vida, que a maioria das pessoas não se dá conta de sua relevância na estruturação de suas próprias personalidades. Uma sociedade que não tem tempo para o intercâmbio de ideias, para uma conversa amena e respeitosa, enfim, que não valoriza o diálogo, tende a adoecer, a desequilibrar-se psiquicamente.  

Há duas maneiras de esvaziar realmente o valor do respeito: não acreditar em sua eficácia e presumir qualquer desenvolvimento espiritual sem ele. Aí residem a indiferença e a presunção. Demonstra-se, pois, a necessidade de mantermos juntas a atenção e a humildade para a consolidação do respeito próprio e do respeito ao próximo. 

Muito Obrigado!