A saúde é o princípio fundamental da vida. Quando aquela se perde, nada há que a possa restituir. Não há amigos ou fortunas que possam dar alegria ou felicidade ao desgraçado. A própria ciência, muitas vezes, torna-se impotente. O corpo humano é o Universo em miniatura. Ele sente e está sujeito a todas as intempéries do mundo físico. Ele sofre a influência das condições atmosféricas e está sujeito às leis comuns e naturais que o regem. Todo aquele que infringir essas leis tem que sofrer penalidades.
O indivíduo que mantenha equilíbrio perfeito entre o corpo e o espírito, que não sofra perturbações de ordem moral ou física, terá uma perfeita saúde. A união da alma e do corpo tem por laço o sistema nervoso. É através desse conjunto harmônico que o espírito, por intermédio do corpo fluídico, pode transmitir suas efluviações, irradiar calor, energia e saúde. Ele pode preservar pela sua ação a saúde do corpo; dominar, afastar e desviar os males e enfermidades que possam ameaça-lo. Essa força é poderosa, ela existe, mas está sujeita à vontade e ao livre-arbítrio do ser humano, que muitas vezes leva uma vida de dissipação e práticas viciosas, perdendo vitalidade física e vida anímica.
Para obter saúde física e moral, é indispensável poupar energias, não as desperdiçar, não as gastar com excessos e dissipação. Só assim se conseguirá o próprio domínio, vencer, lutar e gozar a saúde.
O homem deve aprender a conhecer o seu próprio corpo, dar-lhe tudo que é preciso, satisfazê-lo, mas nunca ir ao excesso, para que depois não surjam os infartos, os espasmos cerebrais, os distúrbios circulatórios e nervosos, produtos muitas vezes de uma vida desregrada e mal vivida.
A boa saúde leva o homem à realização de grandes coisas, a empreendimentos nobres e altruístas, enquanto a má saúde destrói e enfraquece. Ela exerce grande influência sobre o moral, o caráter e o poder criador de cada um, mas quando há perda ou o conjunto das funções orgânicas começa a ressentir-se, a enfraquecer-se, sobrevém o desânimo, a inércia, a incapacidade produtiva. O que mais contribui para destruir a saúde física e moral são os temperamentos violentos, as manias doentias, o ódio, a inveja, a raiva e o ciúme.
Essas psicoses exercem no espírito uma influência tremenda, são verdadeiras descargas elétricas que, atuando sobre o sistema nervoso e circulatório, podem provocar até a morte súbita.
A saúde física e moral resulta pois, de saber viver, da harmonia perfeita da vida material e a espiritual, de pensamentos equilibrados, elevados, nobres e altruístas.
Pensar é atrair. Muitas pessoas pensam e imaginam coisas que não existem. A imaginação é a sede de muitas doenças mentais. Deve-se repelir para bem longe todas as doenças desse gênero, para que não venham afetar a saúde.
Como são profundos os padecimentos dos que se entregam à ideia fixa de um mal imaginário, que se julgam ameaçados ou inválidos!
Assim como o corpo humano sofre as influências atmosféricas, também reflete no seu conjunto a harmonia de pensamentos que seu espírito alimenta.
O espírito deve conservar-se tão sadio e puro como o corpo. Quem assim não proceder física e mentalmente não poderá bem desobrigar-se dos seus deveres e compromissos dos encargos cotidianos.
Publicado em 8 de dezembro de 1959