Novos e complexos tempos exigem, sobretudo dos que se importam com o semelhante e com o próprio aprimoramento moral, iniciativas que ultrapassem o campo das soluções simplistas e cômodas. Também a solidariedade deve passar por um constante processo de readaptação. A História demonstra que em todas as épocas houve pessoas que driblaram as dores da vida e se distinguiram por sua solidariedade e preocupação com próximo. Tais pessoas, cujos passos devemos seguir, foram certamente felizes, pois souberam contemplar a espiritualidade pela via da ação, e não da especulação passiva e tantas vezes estéril.
O intercâmbio entres os seres humanos deve ultrapassar a mera ideia de tolerância, de um respeito interesseiro que conduz ao egoísmo e ao individualismo. “Respeito fulano porque quero ser respeitado por ele.” Tal pensamento é deveras reducionista. Demonstramos verdadeiro respeito ao próximo quando somos solidários com ele, quando nos interessamos por seu bem-estar.
O crescimento espiritual dos seres humanos implica na consciência da interdependência entre os seres e do imperativo moral de fazer o bem de maneira sincera e desinteressada. Essa é a fronteira entre a experiência espiritualista e a consciência mutilada pela materialidade. Emerge, na atualidade, a necessidade de maior abertura para os valores transcendentes, a fim de que as pessoas ajam de modo responsável em relação ao próximo, valorizando a atitude solidária e conservando a mente serena por meio do cumprimento dos deveres para consigo mesmo, a família e a sociedade.
Há que compreender que a solidariedade pavimenta a sublime estrada que conduz o ser humano ao encontro de si próprio, de sua essência, que é imponderável e imaterial. Nesse trajeto, o ser humano e a comunidade, se cultivarem a solidariedade, edificarão valores sociais, entendimentos relevantes e parâmetros sérios voltados para a conservação de ideais autênticos e para ampliação sustentável, harmônica e concomitante de diversos atributos e faculdades espirituais.
A vivência da solidariedade promove a generosa articulação da vontade de ajudar de uns com a premente necessidade de auxílio de outros. Se, metaforicamente, importarmos dois conceitos da ciência econômica para o campo de nossas análises espiritualistas, poderemos dizer que a atitude solidária é um dos melhores investimentos que a pessoa pode fazer para encontrar felicidade e bem-estar na vida. Com certeza, quem ajuda lucra, espiritualmente, mais do que quem é ajudado.
A solidariedade é para a pessoa de bem muito mais do que um belo sentimento ou um dever de consciência, pois diz respeito ao íntimo propósito de imprimir moralidade e ética a todos os atos. Cumprir com as obrigações cívicas e agir com responsabilidade diante das exigências da comunidade representam aspectos exteriores da solidariedade, embora louváveis e dignos. Ocorre que o a pessoa espiritualizada concebe a solidariedade de forma mais abrangente: para ela, esta representa um eficaz instrumento de justiça e paz, do qual não se pode abrir mão.
Por meio desta despretensiosa reflexão, fazemos um apelo portador de um brado universal: que todos revejam diariamente suas atitudes e procurem aperfeiçoá-las, implementando a solidariedade em sua vida sempre e cada vez mais.
Na profunda inconsciência em que se encontra considerável parte do gênero humano, a solidariedade se ergue como um astro luminoso a guiar o horizonte, capaz de conduzir os homens e mulheres de nosso tempo a uma realidade de paz e plenitude. Sejamos solidários.
Muito Obrigado!