Veja o que ensina o fundador do RC

“Quando sentirem o ânimo fraquejar, quando perceberem que a vontade se abate e o desânimo tenta envolvê-los, elevem o pensamento, desprendam-se de tudo que possa perturbá-los e procurem, dentro de si mesmos, a serenidade, a paz e a conformação de que carecem, para enfrentar e suportar as vicissitudes da vida.

Não há quem não tenha reveses, desilusões e sofrimentos neste mundo. Para alguns, os resgates são mais leves. Para outros, entretanto, são mais pesados, por serem maiores as dívidas espirituais contraídas em existências passadas, ou pelo mau uso do livre-arbítrio na atual.

De qualquer maneira, todos têm o dever de enfrentar reveses e saldar dívidas, sem revolta, sem protesto, sem indignação.

Um espírito esclarecido e de vontade forte encara a vida com realismo, só esperando aquilo a que faz jus por seu esforço, por seu trabalho, por sua luta, portanto, o merecimento pelas ações que pratica.

É ilusão, é puro engano pretenderem que a vida terrena seja apenas de compensações e alegrias. Isso não é possível, nem o admitem os que têm noção da dinâmica evolutiva. Basta considerarem que não há progresso sem luta, e atentarem para o fato de que toda luta origina sofrimentos, que o ser humano tem o dever de esforçar-se para vencê-los, ou atenuá-los com vontade forte, voltada sempre e unicamente para a prática do bem.

A vontade consciente e fortalecida por seu exercício constante constitui-se numa força do mais alto poder. Pena que os seres humanos não tenham sempre presente essa grande verdade.

Os ensinamentos do Racionalismo Cristão são de solar clareza. Quando postos em prática, levantam, podemos assim dizer, corpos e espíritos.

Caminhem pelas amplas estradas da vida com passo firme e fronte erguida, e não se deixem abater diante dos obstáculos que tiverem de enfrentar. O abatimento é incompatível e inconciliável com o esclarecimento espiritual. Seja qual for a intensidade do golpe, sejam quais forem os vendavais morais, o ser esclarecido tem o dever de tudo enfrentar, valorosamente, corajosamente, para poder sair vitorioso e engrandecido dessas lutas.

O mundo é dos fortes, mas não pensem que nos referimos aos fortes do físico. A verdadeira fortaleza é a da alma. Não alimentem ilusões: o mundo é dos que possuem fortaleza de ânimo e valor espiritual.

Todos sabem que na grande escola, que é o Racionalismo Cristão, não há lugar para abrigar fraquezas. O que devem cultivar são o sentimento de confiança em si mesmos e a capacidade para a luta, e dela saírem vitoriosos.

É o que procuramos fazer compreender aos que vêm às nossas Casas. Outra não é a finalidade da insistência com que recomendamos a leitura dos livros editados pelo Racionalismo Cristão, por ensinarem a pensar e a raciocinar, para que aprendam a separar o joio do trigo, adquirindo personalidade espiritual suficientemente forte, para dominar e vencer as muitas e constantes intempéries da vida.

 Observamos, porém, que são muitos os que se negam à reflexão sobre os ensinamentos que colocamos ao seu alcance, e, não raro, interpretam erradamente os salutares princípios da nossa Doutrina. Devemos advertir sobre essa tendência, para não incidirem no erro. Os ensinamentos do Racionalismo Cristão, por sua notável clareza, pela singular objetividade do seu conteúdo e pelos benefícios que prestam, precisam ser levados a sério.

O ideal seria que em todas as cidades do mundo existissem casas racionalistas cristãs com portas abertas para receber toda gente, de todas as categorias sociais, das mais humildes às mais poderosas, materialmente falando, já que nos planos espirituais não há poder que não resulte da evolução do espírito, e que não seja aplicado exclusivamente para o bem.

Como tal não é possível, pelo menos por enquanto, por falta do elemento mais precioso e indispensável, que é o ser humano simples, desprendido e desejoso de contribuir desinteressadamente para o bem da humanidade, continuem a receber, nas que já estão abertas, os que a elas chegarem, dispensando-lhes o mesmo respeitoso e afetuoso trato, dentro das normas de educação e civilidade, que devem fazer parte dos hábitos dos racionalistas cristãos.

Muito embora saibamos que os seres humanos estão, na sua maioria, longe ainda de alcançar a fase evolucionária representada pelo primado do espírito sobre a matéria, os esclarecidos sobre a espiritualidade têm o dever de formar correntes de pensamento elevado, propugnando pela paz e pelo bem geral da humanidade, ainda que compreendam que a concretização desse ideal depende do entendimento espiritual da vida.

Não poupem esforços para se manterem sempre lúcidos, porque só com lucidez o ser humano tem condições de cumprir seu dever.

Revoltas, conversas inflamadas, discussões e rebeldias do espírito só podem causar angústia, descontrole, perturbação e obsessão. A pessoa que com frequência se revolta, mais dia menos dia, fica obsedada. Quando homens e mulheres compreenderão a necessidade de serem honestos e espiritualizados?

Aos esclarecidos pelo Racionalismo Cristão causa profunda decepção observar a maneira incorreta como pessoas inteligentes se conduzem, supondo que existem segredos no mundo espiritual, que as mazelas que praticam ficam escondidas. Puro engano! Ao mundo espiritual nada escapa. E mesmo no plano físico, mais hoje mais manhã, todas as ações erradas acabam por ser descobertas.

O progresso, tanto espiritual como material, se faz pelo estudo, pelo trabalho e pela compreensão da vida. Por isso, evitem discussões, atentados contra a ordem e a vontade da maioria, e fujam de distúrbios, que somente males ocasionam.

O respeito e a dignidade de um povo estão na sua civilização, e não, e nunca, na dissolução dos costumes, na licenciosidade, na revolta e na desordem. Desordem gera confusão, e esta impede o progresso.

Todos são livres para pensar como entenderem. Os que estão, porém, a serviço do Racionalismo Cristão, têm deveres maiores e, entre eles, o de raciocinar muitíssimo, para evitar o cometimento de erros, dos quais terão, mais tarde, de arrepender-se.”