O jornal A Razão, empreendimento dos portugueses Luiz de Mattos e Luiz Thomaz, foi lançado no Rio de Janeiro em 19 de dezembro de 1916. Não teve sequência regular, afetado por questões externas, problemas políticos nacionais, perseguições, ameaças. Hoje, além de centenário, está à frente de milhares de publicações congêneres que não alcançaram tal longevidade.
Cabe perguntar por que tal resistência, o que o manteve e o mantém forte bastante para superar provocações, maledicências, ataques, desacatos? Somente cedeu à “nefasta ditadura getuliana”, conforme registrou em 8 de dezembro de 1948, no editorial da primeira edição em seu retorno à circulação, suspensa em 30 de julho de 1921. Não foi possível confrontar “a imposição do abjeto DIP” que representava os “então senhores do Brasil, orientadores da opinião, os depositários da “verdade”, os donos do tesouro público, por imposição do bacamarte, de suplícios, da rolha dirigida por censores analfabetos e indignos”. Eles não aceitavam a independência na análise dos fatos nem o total respeito à verdade.
A Razão concorreu nas bancas com jornais fortes e tradicionais, entre outros O Paiz, Jornal do Brasil, Correio da Manhã, O Radical e Diário Carioca. O que divulgava e comentava em seus primeiros anos? Consta dos arquivos do jornal e de dados condensados e apresentados na internet o seguinte: “Sendo inicialmente um típico jornal de imprensa diária, tinha linha predominantemente política e econômica, abordando atualidades e efemérides em plano local e internacional, variedades do comércio e da indústria brasileiros, noticiário geral de outros estados, esportes, entretenimento e “vida mundana”, cotidiano militar e institucional etc. Nessa primeira fase, o tema do Racionalismo Cristão foi aparecendo aos poucos, através da abordagem direta desta filosofia espiritualista ou de assuntos ligados a ela.
Em questões políticas, foi um órgão de imprensa a criticar duramente o governo de João Goulart e a apoiar o golpe militar de 1964 – época em que, no plano fluminense, louvava as ações de Carlos Lacerda. Nesse sentido, o periódico focou, ao longo de sua trajetória, assuntos como política nacional, questões educacionais, avanços científicos, filosofia, juízos de valor sobre determinados tópicos da vida em sociedade, economia, a assistência social no Brasil, questões trabalhistas e atuação sindical, questões agrárias, urbanismo, eutanásia, inseminação artificial, divórcio, saúde, psicologia e comportamento etc. Publicavam-se, sobretudo, artigos de opinião, entre algumas notícias, editoriais, comentários, uma coluna feminina, anúncios e colunas sociais.
Estamos na folha número 2702, primeira do 106º ano da publicação, e vamos em frente, mantendo os temas apresentados e discutidos nas primeiras edições, porque é assim aceito pela maioria de seus leitores: trata-se de um jornal do Racionalismo Cristão, especializado na divulgação dessa filosofia espiritualista, suas reuniões, mensagens, questões postas em estudos e discussões, mas eclético, aberto a assuntos de interesse nacional e particularmente da população do Estado do Rio de Janeiro, que aparecem em artigos de colaboradores e em especial no editorial, conforme idealizado por seus fundadores. Agora também com um suplemento para crianças.