Nossa razão de ser
Antonio Carlos Rocha
É comum encontrarmos pessoas reclamando sobre as suas vidas. Reclamam de tudo: do aspecto econômico, do problema em casa, da situação profissional etc. A insatisfação humana não tem limites. Quem se perde nesse emaranhado realmente se perde, se confunde e, em geral, fica maldizendo-se como se isto fosse adiantar alguma coisa.
Muitos reclamam e também resmungam contra o corpo: magro, gordo, alto, baixo, assim, assado, calvície nos homens, pelos no rosto que incomodam a estética feminina etc.
O livro Racionalismo Cristão é bem claro: “O espírito não só assiste, como preside a formação do seu corpo” e mais adiante: “é o espírito quem escolhe.”
E como é, prezado leitor, que você “se” escolheu: pobre, rico, feio, bonito, afortunado, azarado? Calma… nenhum dos itens listados é pré-determinado, afinal de contas há o livre-arbítrio. A cada um, segundo as suas obras. É bem verdade que você escolheu a sua forma física antes de (re)nascer, mas não pense que é um fatalismo. É preciso ver a situação econômico-social do país, a forma como você está conduzindo a sua vida, fazer uma autocrítica séria e construtiva e assim agir contra as intempéries, contra as adversidades da vida, superando as dificuldades que se nos avizinham.
Caso não o façamos, corremos o risco de cair no mesmo equívoco em que muitos tropeçam. Botam a culpa no carma. Se aconteceu algo bom foi o carma que frutificou positivamente. Se algo desagradável ocorreu, foi o carma, não tem jeito. Este equívoco gera uma passividade, às vezes, doentia: quando tão importante é a compreensão do caminho que estamos trilhando a compreensão do momento que estamos atravessando. Compreendendo de forma racional, madura e equilibrada.
Foi você quem escolheu, agora não reclame, ao contrário, que esta é mais uma oportunidade e aproveite bastante (no bom sentido). Conseguir uma encarnação é difícil, daí temos que nos esforçar ao máximo interna e externamente. Portanto, no próximo problema que surgir à sua frente não se desespere. Faça um exercício de introspecção ponderando os prós e os contras e então aja… não vejo outra saída.
Publicado em março de 1992.