Ensina o Racionalismo Cristão que, no decorrer das reencarnações, o espírito vai forjando uma personalidade psíquica que se define em razão do próprio pensamento e da capacidade de conceber, de criar e de realizar obras. Assim, em cada existência, a pessoa bem-intencionada procura superar maus hábitos, substituindo-os por boas ações. Também, as consequências do trabalho honrado do ser humano têm significado maior do que o seu proveito físico proporciona. As lições retiradas das atividades honestas e voltadas para o bem comum fazem com que a pessoa se aperfeiçoe a cada nova experiência em que necessite socorrer-se dos seus valores morais.
As obrigações dos seres humanos se fundam nas suas necessidades evolutivas, e seu desenvolvimento consiste em cuidados não apenas ao corpo físico, mas ao espírito, através da prática de atos e pensamentos de valor. Na infância, principalmente, esses comportamentos formam exemplos, motivam e podem ser notados nos gestos de solidariedade e desprendimento em benefício do semelhante. Os atos de valor são também revelados nas ocasiões em que o jovem é submetido a testes e competições, tendo que experimentar e compreender o verdadeiro significado da vitória e da derrota. Na escola, por exemplo, a dignidade é demonstrada com o afinco nos estudos e a gratidão em relação aos esforços de pais e mestres.
A formação moral da criança é de grande importância para as decisões que ela irá tomar na juventude e na madureza, fases da vida onde suas responsabilidades se intensificam. Enquanto na infância há um estado de adaptação do espirito encarnado ao convívio humano e intensa capacidade de absorção de novos ensinamentos, na fase adulta espera-se dele atitudes cônscias e escorreitas, reveladoras de caráter, de respeito às diferenças e úteis ao progresso. A pessoa valorosa apresenta características que bem definem o equilíbrio de sua personalidade, de sua tranquilidade ao pensar e agir. Ela utiliza o raciocínio e a razão para ponderar sobre os valores da justiça e da equidade, muitas vezes acima dos interesses individuais que revelam desejos intemperados e sentimentos egoístas.
O interesse pela verdade enseja atitudes honradas e dignas, constituindo uma das mais sublimes aspirações do ser humano espiritualmente esclarecido. A verdade é assimilada e integrada ao âmago à medida que o indivíduo identifica sua real composição astral e física e passa a concentrar suas energias na busca dos valores do espírito, em substituição aos ilusórios cenários da materialidade. Mais que isso: quando percebe o significado da existência e sua finalidade precípua, que é a evolução espiritual.
A assimilação dos conteúdos espiritualistas defendidos e divulgados pelo Racionalismo Cristão faculta mais ampla compreensão da vida e de sua fenomenologia, constituindo valiosa ferramenta na obtenção do esclarecimento espiritual, que redunda na saúde psíquica, tão necessária no enfrentamento dos desafios evolutivos, precisamente por proporcionar o entendimento da transitoriedade do mundo físico. Assim, à medida que se consolida essa percepção, o indivíduo passa a substituir os impulsos egoístas por elevadas aspirações em bem dos seus semelhantes.
Força do pensamento. Pensar com elevação e agir com coerência constituem alguns dos excelsos objetivos do espírito. O pensamento elevado é livre da interferência de desejos constrangedores e de pseudonecessidades emocionais e materiais, ensejando o surgimento do senso de renúncia e desprendimento, tão necessário ao convívio fraterno entre os habitantes deste planeta-escola. À medida que a compreensão da vida transcende os limites físicos, o indivíduo rompe seus condicionamentos restritivos e interesseiros, e passa a agir com ética, justiça e valor.
O ser humano esclarecido é forte, não se abate diante das fraquezas e maldades humanas. É tolerante com o semelhante e austero consigo mesmo. Integro e valoroso, luta com tenacidade para romper os próprios limites, ampliando seus atributos e suas faculdades espirituais. O ser esclarecido não se entrega à lamentação inútil e investe sua potencialidade em ações construtivas, no cumprimento dos deveres e na prática constante e desinteressada do bem.
Aprende-se com o Racionalismo Cristão que o mal age transitoriamente, ao mesmo tempo em que a Doutrina transmite a certeza de que o bem sempre prevalecerá. Só existe um mal a se evitar, qual seja o que abrigamos interiormente, através de pensamentos e sentimentos indignos, contrários, portanto, ao progresso moral. Maledicência, censura, vaidade e leviandade afastam de seus cultivadores as melhores oportunidades de evolução, além de deixarem marcas de onerosa reparação em suas estruturas fluídicas. Ampliar sistematicamente o valor pessoal que dignifica deve ser a prioridade, para que o indivíduo resista aos impulsos inadequados.
Quando seu comportamento não corresponde às reais convicções espiritualistas, o ser humano vive a farsa que decorre do egoísmo e da falta de escrúpulos. Quem assim procede engana o próximo, aufere vantagens em todas as situações, demonstra covardia moral. Todavia, não consegue reparar que sua atitude infelicita e atormenta a pessoa prejudicada. Mesmo quando obtém êxito em seu danoso intento não se satisfaz e quer sempre mais, porque não se descobre como indivíduo vazio e inseguro.
Assim, em decorrência da lei de causa e efeito, o mal praticado será em algum momento resgatado, uma vez que inexiste perdão no sentido de anular erros praticados. Portanto, é dever dos seres humanos raciocinar, agir com acerto e virtude, de modo a ampliar seu arcabouço moral e contribuir de forma eficaz na obra de espiritualização da humanidade.