Estudo de dados para entender a origem do mal

Muitas pessoas se perguntam o motivo do mau comportamento dos seres humanos, sobretudo quando somos convictos de que estamos todos num processo evolutivo em que é contraproducente mal agir. Este ensaio pretende, por meio de relacionar a própria natureza, a noção de moral e a avaliação do processo evolutivo como um todo, indicar um possível caminho de análise a esta questão.

Uma vez que a natureza não reflete acerca de valores, em filosofia, podemos dizer que ela não é moral. Ela não reflete acerca do sofrimento humano,  do certo e do errado, por exemplo, agindo – se é que podemos usar este termo – indiferente a estes fatores. Os males do mundo existem, muito embora eles possam ser influenciados por ações humanas – e muitas vezes o são – eles simplesmente existem. Por exemplo, terremotos e erupções vulcânicas são fenômenos ecológicos que causam morte, destruição e sofrimento, entretanto eles ocorrem e existem independente dos “cálculos” relacionados ao ônus decorrente desses eventos. A natureza é a primeira causadora de tortura, os animais matam para sobreviver, enganam, encurralam, trapaceiam e o fazem também, sem julgamentos morais. Cobras peçonhentas, vírus e bactérias prejudiciais a saúde humana simplesmente existem, independente de nosso bem ou mal agir.

Para quem diga que as chamadas catástrofes ambientais são exclusivamente respostas à lei de causa e efeito devido à ação impensada do humano sobre a natureza, observamos que este pensamento monolítico desconsidera a historiografia do planeta Terra, não levando em consideração os milhares de anos quando o ser humano não estava presente, e os fenômenos naturais – que sempre ocorreram – dizimavam populações de animais, como os dinossauros, os quais não possuíam apurado raciocínio e livre-arbítrio de modo a serem responsabilizados pelas condições do planeta.

Esta questão, nos leva a uma reflexão sobre a origem do mal. Analisada pela ótica espiritualista, onde se entende que a parcela da Força vem evoluindo através dos reinos da natureza até chegar à condição de espírito, ou pela lógica materialista evolucionista  de que o homem descende dos primatas, ambas entram em consenso de que somos – seres humanos – fruto do processo de evolução oriundo desta mesma natureza, onde se espolia, tortura, mata, rouba com um quase utilitarista puramente racional. Uma vez gravadas todas as experiências no subconsciente, como pode o homem – o resultado de incontáveis ciclos evolutivos – ser plenamente moral? Impossível, sobretudo nas primeiras encarnações em corpo humano, onde esta herança de instinto está ainda muito a influenciar o consciente.

O que diferencia o espírito das outras parcelas da Força – falando em linguagem espiritualista – e o ser humano do animal – em linguagem filosófica corrente – é a inteligência e o livre-arbítrio apurados. Nada disto quer dizer que o homem não pode chegar a ser plenamente moral, uma vez que, aprimorada sua inteligência, desenvolve capacidade de discernir entre o certo e o errado, entre o bem e o mal, e entre aquilo que é moral e o que não é.

Claro que moral é um conceito, ou seja, circunscrito no âmbito físico, assim como bem, mal e outros conceitos. Dizer que a natureza não é moral não indica que ela seja pérfida e puramente tecnocrata, mas sim que cumpre um certo planejamento do qual não temos muita noção – ou noção nenhuma – no planeta Terra, porém este ponto de vista nos dá um caminho um pouco menos obscuro para responder não somente a esta questão tão intrigante, sobre a origem do mal, quanto para melhor entendimento do estado aonde chegou e vai encaminhando-se a civilização.