A felicidade

A felicidade
O Racionalismo Cristão, que se impõe à humanidade pela maneira franca e leal de dizer a verdade, empenha-se para que todos sejam francos e leais também. A franqueza é uma qualidade superior do espírito, que todos deviam cultivar, assim como a lealdade. Não havendo franqueza nem lealdade nas palavras e, principalmente, nos pensamentos, não pode haver segurança espiritual, nem tranquilidade de espírito. A criatura que é leal vive de alma aberta, não tem prevenções, não tem espírito prevenido, é franca e sente-se bem. Aquele que assim não faz vive sempre intranquilo, vive sempre desconfiado, vive sempre em sobressalto. A tranquilidade de espirito tem por base, por suporte a serenidade dos pensamentos, a serenidade das atitudes, a confiança em si próprio, e isso tem muita importância na vida de cada ser humano.
Uma criatura intranquila, desconfiada, não pode ser feliz, porque ela nunca encontrará a paz interior que garante a felicidade. Muita gente busca a felicidade em toda parte e não a encontra, porque ela realmente não está perto, ou melhor dizendo, ela está dentro daquele que a procura. O ser humano torna-se infeliz por sua própria vontade, isto é, pelos seus pensamentos e pelo mau uso do livre-arbítrio. Se dependesse do Racionalismo Cristão todos estariam a desfrutar daquela felicidade de que o espirito só pode gozar, quando sente a sua consciência tranquila. Pode a criatura possuir muitos haveres, andar por toda parte, fazer o que lhe vem à imaginação, mas não pode muitas vezes com isso tudo sentir-se feliz, porque a felicidade não está no atordoamento, mas na tranquilidade íntima, e é essa tranquilidade que todos devem procurar ter.
Aqueles que vivem turbulentamente, agitados, intranquilos, não podem ter paz de espírito.
E preciso, pois, que todos compreendam a vida como ela deve ser compreendida, sem egoísmo, sem vaidade, sem pretensão, sem orgulho, sem despeito, sem nada que possa vir a perturbar a paz do espírito. Que todos vivam em paz, que todos sintam a tranquilidade, o bem-estar que caracteriza o ser esclarecido, é o que nós desejamos.
Joaquim Ferreira da Costa
Publicado em 19 de julho de 1985