O caráter do ser humano é representado pela soma das qualidades morais, em que se destacam as virtudes e o conjunto de valores espirituais conquistados paulatinamente no decorrer de múltiplas existências, e pelas condutas que podem ser aferidas pela firmeza e retidão com que procede em seus atos cotidianos.
Do livro “Racionalismo Cristão”, 45ª ed., pág. 120)
Cada reencarnação representa para o espírito uma oportunidade a mais de adquirir novos aprendizados e conviver com as diferenças evolucionais, que servirão para ampliar os valores morais latentes. Todo aprendizado é mantido pelo espírito no corpo fluídico e constituirá seu acervo de boas condutas durante a trajetória evolutiva. Os relacionamentos humanos oferecem vasto campo para a manifestação das capacidades do espírito encarnado. Nesse cenário, o indivíduo que procede com firmeza e retidão nos atos cotidianos se destaca, dá exemplos e atrai para junto de si pessoas que, do mesmo modo, almejam o bem comum.
A transparência nas relações profissionais é postura que inequivocamente revela uma virtude do ser humano. No entanto, o bom caráter, escorreito, cala mais fundo e pode ser demonstrado, por exemplo, nos atos de repulsa às ações que degradam a moral, tais como, entre outras, a covardia, a deslealdade, a inveja e a desonestidade.
Considerada atributo mestre do espírito e orientadora dos demais, a inteligência é a base do raciocínio. Quando bem empregada, proporciona maior discernimento espiritual, exercendo função de orientação e apuro ao contribuir para a elucidação das vicissitudes e o reconhecimento das falhas humanas. O dinamismo da vida na Terra oferece vasto campo para o exercício da inteligência em todas as atividades humanas e as experiências vivenciadas pelo ser humano são oportunidades para seu desenvolvimento espiritual e progresso material. No entanto, as lições apenas proporcionam bom proveito quando há esforço, vontade direcionada para a autossuperação e assimilação dos fatos da vida sob a ótica de uma consciência esclarecida. Assim, sua insurgência contra os maus hábitos, as mazelas morais e as imperfeições humanas demonstra o esclarecimento adquirido depois de incontáveis desenganos e ingratidões, de vivências injustas, quando, então, cansado de sofrer, se convence do seu verdadeiro estado espiritual e de suas obrigações evolutivas neste mundo.
No contexto social que os seres humanos vivenciam, cabe aos pais, professores e educadores o inadiável dever de estimular nobres sentimentos às presentes gerações, através da inigualável linguagem do exemplo, em que a vida deve ser considerada como preciosa oportunidade de evolução, que não pode ser desprezada em nome de interesses mesquinhos e egoísticos. Ensinar aos filhos os reais valores da vida e lhes mostrar quanto é importante evitar erros são deveres inescusáveis dos pais e responsáveis. Quando se fala em educação, é necessário ter conhecimento claro e profundo do ser humano integral (espírito, corpo fluídico e corpo físico), a fim de que o processo educativo possa contemplar as demandas dessa unidade.
O educador imbuído de valores morais e consciente da necessidade de disseminá-los vai além da instrução pedagógica, pois compreende a vida em seu aspecto mais profundo, possibilitando ao educando o desenvolvimento de suas potencialidades morais, a compreensão do seu papel no mundo e o entendimento de que deve exercer sua cidadania com ética e sabedoria.
O caráter é modelado e enriquecido através de ações criteriosas, éticas, dignas e virtuosas, que se estampam no respeito próprio e pelo semelhante. Caráter íntegro reflete esforço continuo em subjugar ímpetos e empenho constante em estabelecer convívio prolongado com pensamentos elevados. O meio-termo deve ser sempre buscado na definição da linha de equilíbrio das relações humanas, para que o caráter se fortaleça e haja bem-estar individual e coletivo. O equilíbrio se estabelece quando a pessoa, ao se afastar das curtas visões individualistas e das ideias coletivas extremadas, procura manter-se equidistante desses limites e caminha com inteligência e segurança na escala ascendente da evolução.
A filosofia racionalista cristã ensina que a condição natural da evolução para todos os seres humanos é a relação mútua, a interação entre eles. Quando o indivíduo adota um comportamento contemplativo, de cunho adorativo, perdendo a noção de conjunto, acaba por subjugar suas iniciativas, aliena a vontade, baixa a autoestima, perde a confiança em si mesmo, e, dessa forma, retarda sua evolução. O sentimento de inferioridade conduz muitos indivíduos à resignação exagerada em flagrante anulação do próprio valor. Essa letargia os leva a total perda de confiança em si mesmos. É urgente a necessidade de esclarecimento espiritual para a interpretação e o entendimento das ocorrências da vida, sem o qual a existência humana mergulha numa completa falta de sentido.
O ser humano forja o caráter e evolui mediante a lapidação dos seus atributos e das suas faculdades espirituais. Conhecer essa verdade defendida pelo Racionalismo Cristão é um grande bem para ele, cujo efeito se produz ao utilizar sua força interior no domínio das imperfeições, em um trabalho incessante para eliminar da estrutura fluídica traços impróprios. Faculdades e atributos espirituais desenvolvidos representam importantes riquezas morais conquistadas, pois nunca se perdem. O ser humano espiritualmente esclarecido expressa grande sentimento de bem-querer pelo semelhante, engaja-se na luta pelas causas humanitárias, deixa belíssimos exemplos de honradez, dignidade e valor, pois percebe seu papel no núcleo familiar, no meio social e no ambiente profissional, desenvolvendo forças para tudo fazer com maestria. O bem que pratica e os sentimentos nobres que alimenta fazem despertar o raciocínio lúcido dos demais indivíduos, contribuindo para a espiritualização da humanidade.