A luta humana

Desde o primeiro sopro de vida, com o choro da criança, o ser humano começa a luta que se estende até a sua morte. Durante a vida inteira tem que lutar, sofrer e reagir contra suas próprias imperfeições e as condições do ambiente em que vive, para proporcionar o seu desenvolvimento material, moral e espiritual.

O homem vence pela luta para manter-se com sua prole e aperfeiçoar os dons que a natureza lhe concedeu através de trabalho constante, obtendo maiores habilitações adquirindo, portanto, maior capacidade de ação, não só mental como moral, mas, como sabemos toda luta traz sofrimentos, embora estes propiciem compensações e alegrias. A luta é uma constante necessária ao progresso que a vida impõe a todos, sem restrições.

É erro pensar em receber de outrem favor sem os merecer. A ajuda que nos possam prestar só é válida quando fazemos esforço para merece-la: enganam-se os que pensam que tudo venha cair em nossas mãos por um passe de mágica. Tudo que se adquire sem esforço não tem valor, mas aquilo que é conquistado à custa de trabalho de luta, representa valor que não deve ser menosprezado.

Os caminhos que exigem trabalho e esforço abrem a rota para o êxito dão segurança às criaturas e confiança em si mesmas, mas é preciso que desde criança elas se habituem a uma vida metódica de restrições às coisas que não tem valor sejam amantes da disciplina tanto física como mental tendo horas determinadas para tudo, não misturando a vida material com a espiritual e sabendo, enfim, ser moderadas, ponderadas e justas.

Uma educação racional baseada em princípios de boa moral cria personalidades sadias, compreensivas e ajustadas aos deveres, cumprindo-os com gosto e satisfação.

As facilidades, os enganos, os mitos, as superstições, criadas pela ignorância do homem sobre a vida e seus porquês, levaram as criaturas a uma vida sem proveito, fazendo-as perder desgraçadamente os valores que possuem, arrastadas pela sensação da matéria. A falta de conhecimentos de si mesmas obscurece a razão, subordinando o espírito às vibrações da carne, como se ela fosse superior a ele, que a movimenta e excita.

Lembre-se que a matéria é transitória e o espírito é eterno e indestrutível cuja evolução se faz através de trabalhos, lutas e sofrimentos neste mundo, onde as oportunidades de progresso são inúmeras para poderem aproveitar o tempo e desenvolver suas faculdades em benefício próprio e dos seus semelhantes.

Publicado em 19 de junho de 1980