A morte na visão espiritualista

Um dos assuntos mais instigantes e, ao mesmo tempo, mais temidos pela maioria dos seres humanos é a chamada morte, mas sabem todos aqueles que já chegaram à compreensão da vida dentro da ótica da espiritualidade que a morte não existe, há apenas uma mudança muito tênue de um estado para outro da consciência do espírito no momento da desencarnação e, por essa razão, muitas vezes despercebida por aquele que deixa a matéria densa, ou seja, o corpo humano, e fica a perambular na atmosfera fluídica da Terra.

Sabemos que a vida na Terra é organizada de modo a atender os objetivos evolutivos do espírito encarnado. Nesse sentido, cada fase da vida humana apresenta características físicas e psíquicas retratadas por fenômenos que irão influenciar diretamente a pessoa na percepção da realidade ao seu redor, facultando-lhe de maneira peculiar e apropriada o autodesenvolvimento espiritual. O corpo físico é constituído de matéria organizada por meio de vibrações irradiadas pelo espírito através do seu corpo fluídico. Esse elo é mantido até o momento da desencarnação, razão pela qual muitos fenômenos que ocorrem no corpo humano resultam de manifestações do espírito. Nesse sentido, o Racionalismo Cristão e mesmo os mais recentes e avançados estudos científicos especializados explicam ser de origem psíquica a maioria das causas de sanidade ou de enfermidade.

O espírito é parcela do Princípio Inteligente e possui características que lhe são inatas, quais sejam: inteligência, poder criador e realizador, indestrutibilidade, imaterialidade e eternidade. A expressão das suas faculdades e o desenvolvimento dos seus atributos encontram melhor proveito nos mundos de escolaridade, como o planeta-escola Terra, onde as diferenças de personalidade e graus evolutivos fazem emergir potenciais meios de aprendizado. Assim, atravessar os ciclos da vida com saúde física e psíquica conservadas exige das pessoas noção de responsabilidade para consigo e para com o semelhante, já que o processo de desenvolvimento da existência terrena é gradual, amplo e interconectado. Pensar na probidade das funções, no afeto pelo próximo, no apuro das próprias emoções é ampliar os meios de concluir a existência de forma digna e exitosa.

A beleza da vida consiste precisamente nos desafios que o processo evolutivo apresenta a todo momento, proporcionando o crescimento contínuo do ser humano. Cada etapa vencida representa uma vitória alcançada, sendo lição de extraordinário valor que se incorpora ao acervo espiritual do indivíduo. As atitudes reveladoras de elevação moral, fundamentadas no equilíbrio, na justiça, na prática do bem e na generosidade, representam virtudes e conquistas amealhadas nas diversas experiências vivenciadas pelo espírito. Quando a pessoa procura esclarecer-se sob o enfoque da espiritualidade, passa a perceber que, embora se devam preservar os bens materiais, são os do espírito que expressam o real sentido da vida.

A desencarnação do espírito é uma exigência do processo evolutivo, uma ocorrência natural que não deve ser confundida com castigo ou desgraça. No fenômeno da desencarnação, o espírito se desprega progressivamente dos agregados fluídicos que foram por ele recolhidos durante o processo da encarnação. Esse despojamento representa um processo de síntese: a diversidade das aparências cede lugar à realidade; as diversas faculdades exteriorizadas durante a existência física permanecem em germe, armazenadas no corpo fluídico; os diversos órgãos e mecanismos de percepção sensorial já não mais são necessários, dando lugar a um sentido real, que é a própria consciência de si mesmo.

Ocorrendo o falecimento de um ente querido ou de um amigo, as pessoas, às vezes, sentem-se desamparadas de uma proteção cuja existência não entendem bem, mas que julgam merecer. Muitas se revoltam. O Racionalismo Cristão, no entanto, ensina que esse fenômeno é natural e garantidor da dinâmica das leis evolutivas, assegurando a permanência da individualidade do espírito que parte para os campos astrais, onde outros trabalhos serão por ele exercidos.

O sentimento de saudade é normal ao ser humano que experimenta a separação física de um ente querido. A expressão de sentimentos é própria da vida humana, e até certo ponto a ela necessária, razão pela qual são criados os vínculos afetivos, notadamente nos ambientes familiares. No entanto, há imperiosa necessidade de o indivíduo convalescer da dor moral prolongada e mortificadora, de modo a evitar a ocorrência dos perniciosos males causados por desequilíbrios psíquicos. O equilíbrio psíquico é condição essencial para o desenvolvimento de uma personalidade serena, livre de perturbações que podem atrasar ou até mesmo estagnar o processo evolutivo do ser humano.

Com essa orientação sobre a encarnação e a desencarnação do espírito, o Racionalismo Cristão prepara os seres humanos para a vida com seu código de conduta moral e disciplina e também para a chamada morte, compreendendo-a como um fenômeno natural. Dessa forma, as pessoas podem viver de forma mais produtiva e consciente, sem medos, revoltas ou ideias místicas que somente têm retardado o processo evolutivo da humanidade.