O carnaval é saldável, é belo, é rentável, mas implica aglomeração, principal fator de risco para a disseminação das doenças contagiosas; nos momentos de maior empolgação estimula a promiscuidade, o que facilita ainda mais a propagação de todos os vírus, bacilos, bactérias… causadores de males que levam à morte ou deixam sequelas terríveis. Leve-se em conta que nos dias de carnaval o folião alimenta-se mal, aquém de suas necessidades físicas e em consequência suas defesas ficam reduzidas, e um corpo enfraquecido favorece o ataque e o avanço de agentes maléficos à saúde.
Este comentário nos permite dizer: não somos apenas favoráveis, mas defensores do carnaval, ressalvados seus excessos – carnaval de rua, de salão, blocos de sujo, desfile de escolas de samba, os blocos do ‘eu sozinho’. É preciso entender, porém, que para tudo há tempo, e este não é o tempo apropriado para a realização do carnaval.
As necessidades econômicas do município do Rio de Janeiro e do estado estão jogando, se não com vida, ao menos com a saúde e o bem-estar do carioca. Em outras capitais e grandes cidades as perspectivas são igualmente sombrias.
Até há pouco a precipitação na autorização da festa e a sanha arrecadatória oficial resguardavam aspectos positivos, por exemplo, mantinham uma das recomendações da Organização Mundial de Saúde, pela qual se poderia viver o carnaval da Máscara negra (para não esquecer Zé Keti), mas o prefeito do Rio achou que tal proteção está com a validade vencida e liberou geral. Restam outros cuidados que ele não ousou abolir. Cite-se lavar as mãos, talvez não com álcool em gel, mas com álcool do uísque, do gim, da vodka, da cerveja e de outras alcoólicas menos votadas que alguns foliões dizem refrescar a garganta. Nesse ambiente, duas recomendações de praxe:
1 – Beba com moderação;
2 – Se beber, não dirija.
Com dados epidemiológicos favoráveis, a prefeitura do Rio de Janeiro saiu na frente e dispensou a apresentação de certificado de vacinação e desobrigou o uso de máscaras em hospitais, escolas e transportes coletivos.
Não se diga que não há perigo. Há risco de contaminação, porque o coronavírus não foi eliminado e nem todas as pessoas estão totalmente imunizadas. A realização do carnaval, no modelo a que estamos acostumados, pode ser a abertura da porta de entrada e saída do bicho assassino. Além das aglomerações, há o trânsito de turistas como fator de transmissão.
Mantiveram-se umas poucas restrições à liberação: pessoas com imunossupressão ou comorbidade grave e que não se tenham vacinado, ou com sintomas respiratórios devem usar máscara para evitar transmissão. Igualmente crianças que ainda não tenham as duas doses da vacina devem usar máscara até atingir a cobertura completa.
Amigo folião, se você acha que vale a pena, que está pressionado pelo fascínio do carnaval e é imprescindível enfrentar os riscos, relaxe e divirta-se.