Acaso não existe – 3

Este é o terceiro artigo da série que vimos publicando com o mesmo título, desta vez finalizando o tema. Agora vamos discorrer sobre os campos mórficos ou morfogenéticos idealizados por Rupert Sheldrake (1942 – atual).  No livro A harmonia universal e a evolução espiritual, que publicamos em 2006, tratamos desse mesmo assunto em seu capítulo 8 – A Inteligência Universal, páginas 154-156, que agora estamos atualizando e complementando.

Rupert Sheldrake é um famoso biólogo inglês que se formou nas universidades inglesa de Cambridge e americana de Harvard. Passou vários anos na Alemanha, Malásia e Índia como pesquisador da evolução das plantas úteis tropicais. Na Índia, absorveu conhecimentos da filosofia indiana.

Publicou o seu primeiro livro, A New Science of Life (Uma Nova Ciência da Vida), em 1981. Nesse livro, que caiu como uma bomba sobre o mundo científico, Sheldrake apresentou o fundamento teórico para uma visão nova e revolucionária da gênese morfológica – o surgimento das formas no mundo orgânico e inorgânico. Das publicações científicas, os comentários e reações extravasaram para os jornais e para a mídia radiofônica e televisiva. O establishment científico o baniu, queimando simbolicamente o seu livro e obstou o mais que pôde o acesso de Sheldrake às revistas científicas importantes, como a Nature, que chamou o seu livro de um “tratado aborrecedor” e as suas teorias de “esdrúxulas aberrações científicas”.  Mas, à época, teve os seus seguidores, como Arthur Koestler, que classificou as suas teorias de “incrivelmente estimulantes e desafiadoras”. De outro lado, a revista Sunday Times, apesar de elogiar a sua linguagem como sóbria e clara, afirmou que ele não apresentava provas científicas de suas teses.

Mas, o que são campos morfogenéticos ou mórficos? Sheldrake explica:

“Os campos morfogenéticos ou campos mórficos são campos que levam informações, não energia, e são utilizáveis através do espaço e do tempo sem perda alguma de intensidade depois de ter sido criado. Eles são campos não físicos que exercem influência sobre sistemas que apresentam algum tipo de organização inerente.” E mais, sua teoria está “centrada em como as coisas tomam formas ou padrões de organização”. Deste modo, cobre a formação das galáxias, átomos, cristais, moléculas, plantas, animais, células, sociedades. Cobre todas as coisas que têm formas e padrões, estruturas ou propriedades auto-organizativas.” E continua: “Todas estas coisas são organizadas por si mesmas. Um átomo não tem que ser criado por algum agente externo, ele se organiza por si mesmo. Uma molécula e um cristal não são organizados pelos seres humanos peça por peça, mas cristalizam-se espontaneamente. Os animais crescem espontaneamente. Todas essas coisas são diferentes das máquinas que são artificialmente montadas pelos seres humanos.”

Mais adiante, ainda no seu livro citado, ele afirmou: “Esta teoria trata sistemas naturais auto-organizáveis e a origem das formas. E eu assumo que a causa das formas é a influência de campos organizacionais, campos formativos que eu chamo de campos mórficos.”

Teoria do cientista Rupert Sheldrake confirma que acaso não existe

Prossegue Sheldrake: “A característica principal é que a forma das sociedades, ideias, cristais e moléculas depende do modo em que tipos semelhantes foram organizados no passado. Há uma espécie de memória integrada nos campos mórficos de cada coisa organizada. Eu concebo as regularidades da natureza como hábitos mais que por coisas governadas por leis matemáticas eternas que existem de algum modo fora da natureza.”

Continuando sua incursão nesta mesma linha, em 2001, publicou um novo livro sob o título de The Presence of the Past (A Presença do Passado), que suscitou e vem suscitando novas controvérsias. Nele, adotou uma atitude mais ousada ainda, estendendo sua teoria à capacidade de aprendizagem da “criação” e a interação entre o espírito e a matéria. É lógico que essa tese provocou mais celeuma ainda por saber ser muito difícil comprová-la definitivamente dentro do paradigma científico, apesar de ser muito simples de entender. Mas como assim? De acordo com seu fértil raciocínio, além dos campos energéticos conhecidos pela ciência, como o gravitacional e o eletromagnético, a natureza possui campos morfogenéticos. Sheldrake define esses campos como “estruturas invisíveis e organizadoras, capazes de formar e organizar cristais, plantas e animais, e até o homem, inclusive determinando até o seu comportamento”. Ele vai além, afirmando que esses campos mórficos contêm a soma de toda a história e de toda a evolução, tese essa bem semelhante ao inconsciente coletivo de Carl Gustave Jung. A nosso ver, aí está implícito o que nós espiritualistas chamamos de atributos espirituais.

Um aspecto importante de sua teoria diz respeito aos hábitos e ao futuro. Segundo ele, “tudo que vier acontecer, num determinado momento, terá sua consequência no futuro, em processos similares. No processo de aprendizagem, por exemplo, o fato de alguma coisa ser aprendida por alguém implica o fato de ela vir a ser aprendida por outrem mais facilmente, onde quer que ele esteja”. Através de muitas experiências bem controladas ele e outros colaboradores constataram essas verdades. Muitas outras experiências continuam sendo feitas nesse sentido.

A controvérsia dos cientistas em relação à hipótese de Sheldrake é que ela não é mística, e sim científica, principalmente depois que ele estendeu sua teoria da ressonância mórfica a todo o Universo, supondo que “estruturas similares podem estar em comunicação, no espaço e no tempo” por meio de seus campos mórficos. Essa hipótese, se confirmada, abalaria toda a concepção materialista que os cientistas têm do Universo. É inegável que essa teoria tiraria dos trilhos a concepção materialista da vida e conduziria a humanidade a uma cosmovisão totalmente espiritualista. Bem perto do que nos ensina o Racionalismo Cristão.

Os campos mórficos ou morfogenéticos não apresentam natureza fixa. Ao contrário, evoluem e possuem uma espécie de memória interna que depende dos processos de “ressonância mórfica”, ou seja, a influência do igual sobre o igual, do semelhante sobre o semelhante ao longo do tempo e do espaço. Implícito em sua teoria, podemos afirmar que existem duas leis universais atuando conjunta e ininterruptamente: a lei de causa e efeito e a lei da atração que nós, espiritualistas, entendemos e compreendemos muito bem sobre a sua origem, existência e consequências. Em nosso meio, aqui na Terra, essas leis atuam não só sobre os campos físicos vivos, visíveis ou não, como também nas matérias sutis ou invisíveis (fluidos) através dos pensamentos emitidos pelos espíritos encarnados e desencarnados criando e transformando os “campos fluídicos”, desconhecidos da ciência oficial. Trata-se de um processo semelhante ao encontrado nos ímãs que atraem e organizam as limalhas de ferro ao longo de suas linhas de força. Os limites de alcance e atuação dos campos dependem da força que os engendra. Entendendo essas leis e sua atuação tanto na Terra como no Universo, podemos compreender por que não existem acaso nem milagres.