A vida é para a criatura o maior dos bens, por isso todos têm o dever não só de conservá-la como garantir-lhe a maior segurança. Não basta, porém, tratar da sobrevivência do corpo físico, mas também cuidar do moral que se refere à personalidade. Quando a pessoa deixa de sentir o valor da vida já está dominada pelas forças que debilitam: é um morto moral, o que equivale a um suicida.
Mas o fato de abster-se de destruir a existência não satisfaz. É necessário torná-la mais agradável, o que se consegue por meio de um esforço contínuo e paciente; é preciso torná-la mais profícua, o que se conquista, conhecendo-se como Força e Matéria.
Essa força de que se precisa para viver resulta da vontade que se desenvolve cada vez mais e se revela pela capacidade de enfrentar os obstáculos com ânimo forte e de suportar a fadiga e os desgostos sem desânimo.
Viver é lutar, e essa luta é a maior virtude assim como a indolência, pior dos vícios. O destino dos indolentes é a mediocridade, a mendicância, o vício. Conhecendo-se, tem a criatura a obrigação de tornar-se senhora de si e dominar o nervosismo, a timidez e a preguiça.
O espírito, na vida terrena, está sujeito a frequentes perturbações, mas, uma vez esclarecido, é capaz de decidir-se a viver valorosamente, buscando a vitória com o firme propósito de não se impressionar pelos fracos e indolentes que vivem do esforço alheio, que acreditam em má sorte e permanecem à espera de melhor situação por força de milagre; que justificam os erros por conta da provação.
Os que vivem a queixar-se serão incapazes de confessar que medidas costumam tomar para superar as dificuldades. São pessoas que não têm confiança em si, pois se a tivessem saberiam lutar contra a adversidade.
O homem só pode considerar-se forte quando reconhece suas próprias fraquezas. Então, ciente do limite entre as virtudes e defeitos que possui, será capaz de defender-se, evitando ser atacado nos pontos fracos; tornar-se-á apto a reprimir os impulsos e conservar o sangue frio nas horas em que surgirem os acontecimentos.
Não basta, porém, que se conheça somente quanto ao modo de agir e pensar. É preciso ainda que faça um balanço do que já tem realizado.
Depois, então, através de experiências, medindo o potencial de suas possibilidades, procura atuar num meio produtivo e viver pela razão e inteligência.
O homem esclarecido, por ter o espírito mais lúcido, sabe que de suas tendências depende a atitude que toma em relação às coisas e pessoas. Dispõe-se modificar a conduta para corrigir os defeitos, pois compreende que as modificações que adotar em seu modo de pensar e agir muito influirão no poder pessoal. Resolve corrigir pensamentos e ações pela educação da vontade. Cria ânimo de combate às tendências negativas, torna-se mais senhor de si à medida que vai alcançando o domínio do espírito sobre a matéria.
Inútil é o esforço de esconder o que se passa no íntimo. Tudo que se sente a fisionomia, os olhos expressam; revela-se também nos gestos e nas atitudes. Escusado será fingir sinceridade quem é falso; pregar generosidade quem não a possui.
Adote, portanto, o indivíduo uma vida inteligente, confiando e persistindo sempre, lutando mais a cada dia que se passa e só assim sentirá um bem-estar tão grande que lhe proporcionará um otimismo capaz de contagiar os que o cercam.
O homem comum ajeita-se à rotina e ao comodismo, mas o esclarecido não se limita a comer, vestir e dormir, mas encara a vida como uma luta entre as forças que debilitam e que elevam.