Mais do que casa, comida e roupa lavada, regalia máxima que nossos avós citavam quando queriam expressar descontentamento ou desencanto com vantagens pretendidas ou auferidas por algum espertinho, eis os favorecimentos, legais ou não, a certos presos, atualmente. Hoje existem recursos com que nossos avós nem sonhavam. Se naquele passado, não tão distante, houvesse TV a cabo, telefone celular, disponibilidade de MSN, WhatsApp e os aplicativos que nos atropelam, certamente eles acrescentariam esses recursos ao singelo no rol de benefícios.
A lista seria mais extensa, e maior seria o desconforto, a revolta com o tratamento diferenciado concedido pelos guardiões das chaves dos presídios, penitenciárias, casas de custódia ou que nome queiram dar aos locais onde devem ficar recolhidos os que infringem as leis. As mídias nos têm trazido essa dolorosa informação.
A pena de reclusão é uma punição, uma forma de o criminoso compensar a sociedade pelos crimes cometidos, o que jamais poderá acontecer, mas é também um período de recolhimento que ele deverá utilizar para recuperar-se e, terminado seu castigo, retornar à sociedade refeito, com propósitos sadios, e por ela ser recebido com a certeza de que ali está um homem novo. É na privação, na dor moral que o criminoso pode transformar-se num bom cidadão ou cidadã, num ser humano merecedor de confiança e solidariedade. Ora, na boa vida, de nada valerão a pantomima do cabelo raspado e a divulgação de foto com uniforme da instituição que o abriga. Na verdade, se trata de um deboche com o contribuinte que sustenta o sistema e espera que ele funcione conforme está no papel. Se não, para que papel, para que lei, regulamento?
Por que, num momento em que o país atravessa período de ebulição política, esta coluna trata de questão que pode até ser tomada como de menor importância? Porque o Brasil não pode ser movido a propina. De que adianta o esforço da Operação Lava Jato, escarafunchando a vida de suspeitos, assim considerados a partir de denúncias e investigações? Comprovam-se as suspeitas, condenam-se os acusados, que vão para a cadeia e… Qual, não estão presos coisa alguma! Estão gozando férias em prédios oficiais, sem precisar pagar pela alimentação ou energia elétrica, e recebendo visitas a qualquer hora, em qualquer dependência. Que vergonha! Que tristeza!