O mundo atual efetiva ponderações sobre o casamento, em muitos casos, por ser entendido hoje mais do que nunca como um aspecto consequente do próprio instinto biológico de perpetuar a espécie ou uma instituição criada historicamente pelos povos, a fim de preservar as gerações posteriores. O casamento é, sem dúvida, um ponto importante para a maturidade das pessoas, porém, pelos inúmeros fatores que envolvem esse tipo de relacionamento, nem sempre é uma regra fixa que adéqua todos os espíritos.
Através do casamento, o gênero humano é capaz de dar continuidade à lei universal da vida, condição importantíssima para prosseguir o processo evolutivo das parcelas da Inteligência Universal.
Sabe-se que o casamento difere de cultura para cultura. Como o autor que por hora escreve esse texto vive em um país ocidental que tem nesse tipo de ato a relação entre pessoas do sexo oposto, vamos refletir sobre esse tema fixo nesse sentido.
O casamento pode ser definido como um contrato social feito por duas pessoas (pelo menos na cultura ocidental) tendo como meta viverem juntos para constituírem uma família. Os interesses que levam ora homens ora mulheres se interessarem pelo sexo oposto difere de casal para casal, no entanto, são esses os fatores que mais prevalecem: afinidade espiritual, beleza, dinheiro, paixão ou amor.
Em uma frase de um escritor brasileiro ele alertava as pessoas: “Dinheiro compra tudo. Até amor verdadeiro.” Nada mais certo, salvo em pouquíssimas exceções. Porém, quando analisamos os tipos de relacionamentos constituídos tendo como prioridade o dinheiro, a aparência e a paixão, raramente contêm pessoas realmente felizes; na maioria dos casos, prevalece a infelicidade, apesar de a vida ser confortável e menos sofrida.
Portanto, aparência, dinheiro e paixão são aspectos negativos em comparação com a afinidade espiritual ou amor, que são fatores positivos, tendo em vista que são esses que vão dar sustentação para esse tipo de relacionamento perdurar por muito tempo e dar possibilidade dos próprios espíritos que decidam vir em tais lares ter uma vida física e psíquica positiva.
Apesar disso, observamos que muitos casamentos, com o passar do tempo, são rompidos. Tal fato também poderia ser explicado em outra máxima do mesmo autor: “Todo amor é eterno e, se acaba, não era amor.” Para isso, deve-se entender que, pelo fato de os vínculos não serem realmente intensos, as oposições de ideias e hábitos divergentes do casal acabam sendo um empecilho, consequentemente gerando o fim, demonstrando que no máximo a relação estava baseada na paixão, e não no amor.
As pessoas que se unem por interesses secundários estão preocupadas mais com os bens que podem adquirir a título de uma suposta segurança no casamento e menos com a própria parceira (o) como um fator determinante para gerar a felicidade de ambos.
Muitas pessoas, ao se ligarem afetivamente com ao suposto ente amado, confunde paixão com amor, e, ao ver a chama da paixão se apagar com o passar do tempo, ficam tristes e ressentidas. Não sendo em vão a intensa maledicência que ex-noivos efetuam sobre o outro após o rompimento.
Quando o casamento dos indivíduos é concretizado sob a égide desses determinantes e tal relacionamento rendeu-lhes filhos, eles ficam infelizes e tristes. Nessa situação, seja por medo, insegurança, carência, crítica alheia, submissão, indolência, preguiça e força de vontade debilitada, tanto mulheres quanto homens ficam acorrentados em casamentos doentes. Além disso, temem que os filhos obtenham traumas psíquicos, por medo deles, que são imaturos e pouco experientes ou até conservadores, entenderem erroneamente que o rompimento do casamento significa uma condição trágica que nunca mais tornará os pais serem para com eles como um dia foram. Ademais, há pessoas que, por medo da crítica social ou também por obterem funções importantes em sua própria comunidade e conhecer o pensamento retrógrado dos seus semelhantes, estagnam e ficam sofrendo em um casamento sem sentido e incoerente, em que nenhum dos dois nutre nem de longe os sentimentos iniciais que tinham um pelo outro.
Sob a lógica espiritualista, o que gera o fracasso dos casamentos, além dos aspectos apontados acima, é também o próprio fator espiritual, pois cada espírito é diferente e apresenta níveis espirituais distintos, quando um se eleva e galga níveis evolutivos demasiadamente superiores ao do seu par, parece que a relação perde a significância, porque as fontes de diálogos, anseios e interesses são tão opostos um do outro que parece que ambos vivem em mundos completamente diferentes.
Na sociedade hodierna, mais do que nunca, o casamento se apresenta como uma realidade que deixa de ser unânime e obrigatória. O seu aspecto tradicional ainda persiste, de modo que pessoas que realmente nutrem bons sentimentos um pelo outro casam nos moldes tradicionais; outras, porém, vivem em relacionamentos sérios por anos e jamais se vincularam formalmente em cartório para oficializar qualquer ato que seja, tamanha a liberdade que a sociedade está tomando hoje em dia. Cada qual tem que se ajustar ao que prefere, sem julgar quem quer que seja.
Cabe a nós nos espiritualizarmos mais, abrirmos a mente pelas mudanças culturais que ocorrem, sabendo raciocinar sobre o que é bom e rejeitar o que for nocivo e errado. Para tal, se faz necessário interpretar o casamento ou até mesmo o conceito de amor de outra forma, de um modo em que impere a liberdade e não a posse pelo objeto. A posse gera o egoísmo, o autoritarismo, o ódio, o ciúme, e aprisiona os espíritos. O amor, ao contrário, concede liberdade, confiança, independência aos casais e os tornam mais relaxados e felizes, sem que caiam no erro contemporâneo da adoração pela volúpia, libertinagem e promiscuidade, que fazem muitos jovens e adultos se perderem em seus instintos bestiais.
Portanto, é importante compreender o amor como ato de liberdade ao outro, e não como a ideia dominação, sendo o casamento ou relacionamento sério com o sexo oposto uma união que condensa esses ideais e eleva a maturidade das pessoas para níveis mais avançados.