Dando continuidade à série de estudos em que tratamos do tema do suicídio, fazemos questão, desde já, de reafirmar nosso compromisso em divulgar conceitos e ideias que promovam a dignidade humana e o apreço à vida. Interessa-nos, acima de tudo, despertar os seres humanos para os valores espirituais que se encontram em seu íntimo, sem os quais a vida se converte, quase sempre, em uma experiência traumática e angustiante. Estamos convictos de que, sem a consciência de sua essência espiritual, os indivíduos dificilmente conseguem superar os desafios, sofrimentos e adversidades que naturalmente surgem no transcurso da caminhada por este planeta.
Além do materialismo. Desvendar as causas reais do suicídio e propor estratégias eficazes de combate contra ele é nosso objetivo precípuo, já enunciado no primeiro artigo da série. Sempre fundamentaremos nossa argumentação em princípios transcendentes e absolutos que ultrapassam as mesquinhas concepções materialistas, subordinadas aos sentidos físicos e aos interesses imediatos.
Com efeito, a visão de mundo de quem é refratário à espiritualidade tende a conferir a inúmeras circunstâncias e situações da vida uma significação completamente distante da realidade, gerando desnecessariamente inquietações, receios, frustrações e sofrimentos que acabam por ensejar os mais tresloucados atos, inclusive o suicídio.
Causas do suicídio. Nesse ponto, pode-se observar com clareza que a sociedade atual, permeada por desdenhoso ceticismo em relação aos genuínos princípios da espiritualidade, como são os divulgados e defendidos pelo Racionalismo Cristão, vem notabilizando-se, infelizmente, não apenas pelas conquistas tecnológicas e sociais, mas sobretudo pelo individualismo, pelo consumismo e pela banalização da vida, refletida nos altos índices de suicídio.
Como pode valorizar a vida uma sociedade em que a maioria dos indivíduos caminha vacilante e desatenta quanto à necessidade de aprimoramento espiritual, sem saber sua origem e o verdadeiro sentido da existência?
Não são suficientes campanhas e movimentos que superficialmente combatam a depressão e os distúrbios psíquicos. Tampouco basta o estímulo a comportamentos proativos e politicamente corretos. É preciso um incremento de sensibilidade e sobretudo humildade para penetrar a raiz do problema. Há que agir na causa, e não nos efeitos; é necessário, enfim, esclarecer espiritualmente os indivíduos para que eles conquistem autonomia e liberdade para encarar os problemas que se lhes apresentam com coragem, valor e a certeza de que tudo na vida passa.
Princípios morais. À margem disso, cabe ressaltar que princípios morais como a probidade, a idoneidade, a higidez de conduta e o equilíbrio exterior são, muitas vezes, insuficientes para resistir ao impulso suicida, pois todos esses fatores, em que pese serem de suma importância no desenvolvimento ético e moral do indivíduo, quando destituídos de espiritualidade, não alcançam a plenitude de seu valor, podendo até mesmo, dependendo da situação, intensificar dúvidas, frustrações e abalos morais. Tanto isso é verdade que a história é rica em exemplos de pessoas ilustres e honestas que atentaram contra a própria vida.
Única solução. Tal constatação corrobora nossa convicção de que contra tendências suicidas apenas uma solução se mostra totalmente eficaz: o esclarecimento espiritual, a partir do qual o ser humano fortalece sua autoestima, constata a imortalidade da alma e compreende definitivamente que a dor – elemento próprio da condição humana – jamais castiga, mas sempre ensina e fortalece a quem se abre ao influxo de crescimento espiritual que dinamiza a vida neste planeta-escola.
Com uma mensagem tendente ao equilíbrio e ao raciocínio, plena de sensibilidade e amor ao próximo, empenhamo-nos em fornecer subsídios que fortaleçam os seres humanos não apenas do ponto de vista moral, mas sobretudo da perspectiva espiritual, fazendo com que reajam energicamente a tudo que lhes pretende subtrair a autoconfiança e o bom senso, a toda insinuação malfazeja e obscura que promova a irrupção de pensamentos degradantes e inadequados capazes de atentar contra a vida.