Como afastar o medo?

Como evitar o medo e os estímulos negativos que conduzem ao insucesso? Constata-se aí um questionamento muito atual e ao mesmo tempo rico em possibilidades. Pelo interesse que de imediato desperta, estabelece-se a dificuldade de uma análise mais rigorosa acerca de sua força e profundidade. 

Vamos procurar analisar aqui as diversas possibilidades que envolvem o presente tema, procurando demonstrar a eficácia do esclarecimento espiritual proporcionado pelo Racionalismo Cristão no afastamento do medo e de suas desagradáveis consequências. 

A natureza integral do ser humano o coloca em contato com duas realidades distintas, ainda que indissociáveis: o espírito e a matéria. Desprezar os fatores extra materiais, quais sejam, psíquicos, emocionais, sentimentais e espirituais, em sua autenticidade e abrangência, para analisar apenas a ação dos elementos materiais, perceptíveis pelos imprecisos sentidos físicos, é simplificar e reduzir demasiadamente a apreciação dos problemas e dramas vivenciados por homens e mulheres. 

Podemos dizer que a pessoa que se esclarece acerca da real importância da vida, estabelece um programa a ser realizado ao longo de sua existência terrena. Consciente dessa significativa dimensão da vida, liberta-se do sofrimento, da opressão, da injustiça, do desânimo, das inquietações presentes ou futuras e sobretudo do medo. 

O cuidado com a qualidade dos pensamentos vibrados exerce um papel preponderante acerca de quais sentimentos devem ser cultivados e quais devem ser suprimidos. Este balanço íntimo possibilitará à pessoa admitir a verdade dos fatos com mais facilidade e segurança. Salientamos que o raciocínio, como atributo do espírito, é uma das dimensões fundamentais do ser humano, de tal modo que seu exercício auxilia consideravelmente a pessoa na seleção e organização de seus pensamentos. 

Estando à margem de qualquer dúvida a estreita ligação entre o pensamento e a realidade, também não se deve ignorar a relação que se estabelece entre o controle dos pensamentos – que se obtém com disciplina, método e força de vontade voltados para a prática do bem e a paz de espírito a que tanto almeja o gênero humano. 

As irradiações ligadas aos pensamentos nobres e elevados consubstanciados com leituras amenas e instrutivas realizadas pelo ser humano cônscio do valor do trabalho honesto e benfeito têm o poder de neutralizar vícios e alimentar virtudes.  

Sob o ponto de vista da experiência pessoal do estudioso da espiritualidade, a enorme contribuição que o esclarecimento proporciona à coletividade é precisamente o de modificar o temor constante em amor incessante pela vida e tudo o que ela encerra. 

Sem dúvida, esse entendimento se desdobra na compreensão de que medos e temores, dramas e angústias podem e devem ser superados pelo ser humano a partir do direcionamento adequado de sua inteligência e vontade. Tal consciência não surge apenas em nível intelectual, mas está na dimensão espiritual de cada um – daí resulta o valor e mesmo a necessidade de abertura para a espiritualidade. 

Como deve proceder a pessoa para não se deixar assaltar por vãs inspirações e por pensamentos negativos, fomentadores de insucessos? Certamente, nutrindo em seu espírito ideais sublimes e elevados, pois estes comunicam energia, coragem e vigor, dissipando as intuições maléficas. São os ideais virtuosos que infundem valor na caminhada do ser humano, mormente nos momentos mais difíceis e complexos. 

Há que ressaltar, todavia, que no conjunto das virtudes a serem conquistadas e desenvolvidas pelo estudioso da espiritualidade defendida pelo Racionalismo Cristão, ocupa posição de admirável proeminência o trabalho honesto e diligente. Com certeza, o ócio está na origem de incontáveis malefícios, na medida em que gera insegurança e angústia, alimentando, não raro, um medo infundado e avassalador. 

Não se iludam. Os pensamentos negativos não se enraízam na mente da pessoa que se dedica às atividades construtivas da vida e administra racionalmente seu tempo, destinando parte dele a seu semelhante num gesto de altruísmo e amor ao próximo. Aliás, diga-se já, quem assim procede é realmente livre e corajoso, posto que cumpre seu dever e honra seus compromissos sem jamais se vangloriar por isso. Assim, a humildade de que se faz portador bloqueia todas as arremetidas maliciosas do insucesso, do atraso e da inércia, fazendo-o agir com sinceridade, honradez e honestidade, sem constrangimentos nem exagerações; logo, nunca cede conscientemente ao menor ou mais leve impulso de temor.  

Quando a pessoa se nega ao chamado interno de aprimoramento ético-moral que reside em sua consciência, pode até conseguir, por algum tempo, tocar a vida, mas chegará um momento em que a consciência iludida despertará e o sentimento de culpa se transfigurará em medo, produzindo seus efeitos sobre a estrutura integral do ser humano. Não há nada que tanto fomente o medo doentio no ser humano como a culpa por não ter agido corretamente em relação a si mesmo e ao próximo. Fiquemos alerta. 

Afirma-se com grande razão que muito feliz e destemido é quem se guia não pelas opiniões externas, mas pela verdade interior, que impele a raciocinar antes de agir e a respeitar a vida em todas as suas manifestações. 

A pessoa que desconhece sua origem e valor se vê, no mais das vezes, tão desesperadamente sufocada pelas garras do medo, que na ânsia descontrolada de se livrar de tal sentimento entrega-se à primeira solução que lhe aparece.  

Dois aspectos impedem o ser humano de agir de forma diligente, positiva e acertada: um é a indisciplina, que obscurece o raciocínio e arrefece a coragem; o outro é o medo excessivo, que, superdimensionando o perigo, imobiliza a pessoa.  

Para combater o temor constante e despropositado, amigos, não há nada mais eficaz que o esclarecimento espiritual proporcionado pelo Racionalismo Cristão, pois este é o farol que ilumina as inteligências confusas e inquietas perdidas no labirinto intricado do pessimismo e na confusão dos sistemas eivados de preconceitos pseudoespiritualistas. 

Muito se tem avançado no campo da tecnologia, e somos entusiastas desse progresso. Paradoxalmente, todavia, há tempos que a humanidade em seu conjunto não se apresenta tão atemorizada, insegura e impotente, o que nos demonstra que todo desenvolvimento que se limita aos aspectos materiais da vida é estéril, egoísta e, portanto, incapaz de dar segurança ao ser humano.  

Com certeza, evitamos a indução de pensamentos negativos, materializados por natureza, quando nos abrimos à espiritualidade autêntica com toda sua força e pujança, não somente de maneira conceitual, mas integrando e incorporando na vida prática seus preceitos. 

Muito Obrigado!