Obter a serenidade não é uma meta fácil, mas tampouco é impossível, desde que vivamos de modo a contemplar nossa essência espiritual, valorizando adequadamente essa dimensão importantíssima de nossa estrutura integral. Para se ter a alma serena, não é preciso esperar chegar a madureza ou a velhice, nem buscar diminuir o vigor das energias vitais por meio de atividades extenuantes ou terapias alternativas. A serenidade nasce da sinceridade interna, do perfeito alinhamento dos pensamentos acalentados com as atitudes praticadas. Para vivenciarmos esse fluxo positivo de ideias e ações, nem o vigor, nem a jovialidade, nem a juventude representam um obstáculo. Se alguém não é capaz de entender essa dimensão da serenidade, é porque ainda não se deixou penetrar pelas luzes da autêntica espiritualidade defendida pelo Racionalismo Cristão.
A sensação de intranquilidade gera um sentimento capaz de anular os momentos de prazer e reconforto que soem ocorrer entre amigos e familiares, levando muitas pessoas a uma vida sem realizações e sem alegria. Por essa razão, o ser humano deve empenhar-se para obter a serenidade por meio do cultivo de pensamentos elevados e valorosos, bem como pela concretização de tais ideais na vivência cotidiana. As manifestações de espontaneidade e criatividade, importantíssimas para uma existência produtiva resultam quase sempre de uma vida harmônica e livre de angústias, em que a serenidade sobressai, incitando a ação ponderada, moderada e valorosa.
Nada é tão inspirador e grandioso quanto a observação do ser humano espiritualmente sereno que luta contra grandes desafios e consegue administrar bem seus relacionamentos e atividades. Este não se afeta nem se surpreende com as amarguras da vida, porquanto sabe das limitações de seus semelhantes e das dificuldades inerentes à existência neste planeta. Não se desvia da dor quando esta se lhe depara, mas a encara frontalmente; colhe, cheio de dignidade e fortaleza, seus ensinamentos, convicto de que a serenidade é a arma dos fortes, e a impaciência excessiva, a doença dos fracos. Assim como a aflição é sintoma de debilidade, a serenidade é marca de fortaleza.
Como desdobramento natural da sublime serenidade e saudável harmonia, a ansiedade por segurança econômica dá lugar à atitude inteligente, que não se preocupa demasiadamente com o futuro. A paz não mais é compreendida como uma fuga às vicissitudes da vida, mas como a vitória sobre elas conquistada.
Serenidade não é indiferença diante dos assuntos complexos e desafiadores que a vida apresenta. Tal indiferença nada mais é do que extrema passividade exteriorizada por pessoas omissas em relação à transcendência dos fenômenos, as quais, em sua hesitante estada neste planeta, não conseguem entender o real sentido da serenidade.
Uma vida que não contemple o método, a organização e a disciplina tende à desordem e, consequentemente, à perda das energias físicas e psíquicas. Da mesma forma, uma vida que não contemple o valor da serenidade tende ao total esvaziamento de seu próprio sentido.
Nessa perspectiva, mesmo quando o ser humano sereno é exposto a um ambiente demasiadamente estressante e desorganizado, não se deixa desequilibrar, pois internamente mantém ordenado o fluxo de suas ideias e pensamentos. Seu juízo agudo e altaneiro, edificado pelo hábito da disciplina, aprimorado pela inteligência e sedimentado pela atitude metódica não se deixa influenciar por ruídos dissonantes e hostis, opiniões aviltantes ou pressões cotidianas, inevitáveis no mundo moderno.
A partir do momento em que o ser humano compreende a necessidade de viver disciplinadamente, desenvolvendo uma consciência que pode florescer da simples observação de que todas as manifestações da natureza se dão de forma ordenada, experimenta uma profunda sensação de paz, afastando de si, naturalmente, a tensão e a ansiedade, elementos predisponentes à irrupção de doenças e ao afastamento da serenidade.
Agindo sinceramente consigo mesmo e em conformidade com a razão, com equanimidade em todos os atos, com total ausência de presunção e sem afã em ser compreendido e valorizado, o ser humano terá a serenidade estampada não somente em seu rosto, mas sobretudo em seu corpo fluídico, como nos mostra o Racionalismo Cristão através de sua obra A vida fora da matéria.
Contemplando com serenidade os fenômenos da vida, tudo se tranquilizará. O mundo muitas vezes é um espelho que reflete as imagens que nele projetamos. Pense nisso.
Concentre-se em si mesmo. Não busque no exterior o que você possui abundantemente dentro de si. Não se disperse nem se retraia nos embates da vida. Acalme-se e contemple a verdade de todas as coisas em seu interior. Não pense que é corajoso aquele que se irrita e braveja. Lembre-se: valente é aquele que encontra na serenidade sua maior força, ultrapassando os obstáculos com equilíbrio, virtude e dignidade.
Muito Obrigado!