Como obter o equilíbrio psíquico? Constata-se aí um questionamento prático e, ao mesmo tempo, rico em possibilidades. Pelo interesse que de imediato desperta e o sentimento que suscita, estabelece-se com frequência a dificuldade de uma análise mais rigorosa acerca de sua força e profundidade.
É válida, oportuna e digna de todo o crédito a ideia de que o equilíbrio e a disposição psíquica voltada ao autodesenvolvimento constituem valiosíssimos instrumentos para uma experiência de vida plena e feliz.
A preocupação e o cuidado com o teor e a qualidade dos pensamentos emitidos exercem um papel preponderante na obtenção do equilíbrio psíquico. Quais pensamentos devem ser cultivados e acalentados e quais devem ser suprimidos e desconsiderados? Este balanço íntimo possibilitará à pessoa chegar à verdade dos fatos com mais facilidade e segurança e, assim, implementar em sua vida de maneira eficaz o gerenciamento de suas emoções.
A razão desempenha uma função moral de grande importância no que diz respeito à execução dos atos humanos e às articulações no campo psíquico – como a análise dos pensamentos emitidos –, que devem ecoar, inequivocamente, uma disposição interna à reflexão, ao exame criterioso, ao cultivo das virtudes e à busca pela ampliação do senso moral.
Estando à margem de qualquer dúvida a estreita ligação entre os pensamentos e emoções, não se deve ignorar essa relação lógica entre o controle dos pensamentos – que se obtém com disciplina, método e força de vontade voltada para a prática constante e desinteressada do bem – e a paz de espírito, tão almejada pelo gênero humano, advinda da serenidade emocional.
As irradiações ligadas aos pensamentos nobres e elevados consubstanciados com leituras instrutivas têm, sem dúvida, o poder de neutralizar vícios e alimentar virtudes. Note-se que há, na base desse conceito, um tipo de pensamento que enobrece quem o cultiva, que fomenta a reação enérgica de uma pessoa diante do mal que se lhe depara e a quer dominar. Dito pensamento, contudo, pressupõe fortaleza de ânimo, consequência da convicção na vida espiritual e da disposição de viver em profunda serenidade, apesar de todas as circunstâncias crônicas que a vida humana não cessa de oferecer.
Deve-se considerar o grave perigo de alimentar pensamentos materializados e negativos, capazes de formar um invisível campo malfazejo que imobiliza o ser humano, impedindo-lhe o equilíbrio psíquico e a concretização dos projetos. Surge, então, a disciplina como importante ferramenta na construção do controle emocional. Imagine-se, por exemplo, uma pessoa que, ao se levantar pela manhã, ordene, de forma clara e objetiva, os atos que pretende desenvolver durante o dia. Tal pessoa limitaria em muito a possibilidade de descontrole emocional. A fixação dos horários representa liberdade, e não imobilidade, pois permite um melhor aproveitamento das energias e uma exitosa concretização dos projetos.
Aqui se percebe a sábia manifestação da disciplina, que permite o melhor aproveitamento das energias e a consecução rítmica das tarefas diárias sem afogadilhos ou desgastes psíquicos. Notamos sua importância particularmente na administração dos hábitos, que, por sua vez, dão origem às virtudes, ensejadoras do equilíbrio emocional. No centro de todas essas observações, brilham os valores racionalistas cristãos, sobre os quais se apoia com segurança o equilíbrio psíquico.
As inquietações absorvidas pelo espírito indisciplinado e voltado para divagações improdutivas entorpecem o desenvolvimento do ser humano, constituindo um verdadeiro empecilho para sua autorrealização.
A conduta equilibrada, que lida bem com as emoções, apresentando comportamentos sempre harmoniosos e coerentes com o momento e com as circunstâncias, constitui apenas a exterioridade de uma alma que valoriza e defende ideais elevados e sublimes. Quem deseja controlar suas emoções deve principiar por compreender a importância de se religar aos conteúdos espiritualistas da prática do bem, da empatia, do apreço às virtudes e do amor ao próximo. Repletos de significado e sabedoria, esses valores constituem autênticos sustentáculos de uma vida digna e feliz.
Àqueles que ainda sentem dificuldades de gerenciar suas emoções e pensamentos, sugerimos que meditem sobre o valor de suas potencialidades e talentos, que não poderão se manifestar positivamente no turbilhão de uma personalidade descontrolada e intranquila. Lembrem-se também de que vocês estão cercados de pessoas – filhos, amigos e parentes – que os amam e consideram. Não os decepcionem; aprendam a controlar suas emoções e todos os seus relacionamentos tornar-se-ão imensamente mais produtivos.
Se considerarmos, portanto, que o agir bem é um dever imprescindível para a realização do ser humano, somos levados à conclusão acertada de que, sem o equilíbrio, que é o elemento fundamental da ação virtuosa, ninguém poderá alcançar na vida um estado de bem-estar.
Sempre vamos enfatizar a “disciplina” para destacar sua importância na relação vida-equilíbrio. É oportuno ressaltar que a ordem e o método nas atitudes são úteis e eficazes na organização dos pensamentos e, por conseguinte, no estabelecimento do equilíbrio psíquico. Certamente, a ação disciplinada é um elemento decisivo para a saúde integral do ser humano, embora as pessoas nem sempre atentem para essa realidade e, por isso, sofram sem necessidade.
Nada de útil e bom se concretiza em meio à desordem, isto é, sem método e disciplina e para realizar suas mais sinceras aspirações com segurança e satisfação, não pode o ser humano desprezar esses valores. Por fim, mas não com menos importância, há que ressaltar que a adesão a uma experiência de vida metódica não significa, de modo algum, a extinção da liberdade, mas representa, antes, o desabrochar da vitalidade e da criatividade na vida cotidiana.
A busca pelo equilíbrio psíquico traduz-se num convite ao respeito próprio e ao próximo, atitudes que dão sentido à vida. Na medida em que nos comportamos sábia e virtuosamente, evitamos um incontável número de infortúnios. Nosso sincero desejo, amigos, é que reflitam sobre o que dissemos, absorvam e pratiquem o que nos orienta o Racionalismo Cristão e que, acima de tudo, pensem bem para bem viver.
E tudo que dissemos em relação ao equilíbrio psíquico adquire maior significação quando a busca por tal estado objetiva não somente o bem-estar pessoal, mas sobretudo o bem-estar coletivo. De fato, a finalidade última de buscar o equilíbrio deve estar arraigado na vontade sincera de ser útil aos semelhantes.
Muito Obrigado!