Frequentemente, ouvimos dizer que os jovens de hoje não se interessam por assuntos mais sérios e profundos, e que são superficiais e refratários em discussões acerca de suas atitudes e sentimentos. Certos, porém, de que tais análises não representam a verdade, em nesta reflexão de hoje nossa intenção é a de servir como um diálogo aberto, sem a pretensão de apresentar lições de moral, mas suscitar em nossos jovens o imenso valor que possuem e demonstrar a eles quão úteis podem ser para si mesmos e para a sociedade mediante a boa condução de seus talentos e potencialidades.
É importantíssimo que, desde cedo, o jovem consolide a consciência de que sua maior força se fundamenta em sua capacidade de raciocinar. É nesse mesmo sentido que devem os pais e responsáveis direcionar todos os seus esforços. Deve-se ter claro, contudo, que o ato racional só alcança seu sentido verdadeiro quando dirigido à apreciação do Transcendente. Em outras palavras, todo exercício lógico que engloba somente os elementos materiais e físicos é simplista e mesquinho, acabando por tornar-se fonte de decepções, enquanto a atividade racional que considera a vida em seu aspecto mais abrangente é fonte de alegria e libertação.
Como devem os jovens lidar com a impulsividade que os impede de voar mais alto? Raciocinando, avaliando prós e contras, ponderando consequências e resultados, olhando para dentro de si, na certeza, é claro, de que somos sustentados por uma realidade que interpenetra e ultrapassa o estreito panorama humano. Os jovens assim esclarecidos formarão uma geração capaz de responder positivamente aos desafios contemporâneos.
Vivemos um período em que dificilmente nos damos conta dos tantos fatores positivos que nos cercam. Queremos despertar, principalmente nos jovens, o entusiasmo de suas potencialidades e possibilidades, informá-los acerca de seu poder de transformação da própria realidade e do mundo a sua volta e fortalecer sua constituição emocional, afetiva e psíquica. Desejamos, com sinceridade a felicidade, o bem-estar da juventude, de modo que é preciso, antes de mais nada, conscientizá-los de que, sob hipótese alguma, ceder à impulsividade lhes aproximará de seus reais objetivos.
A criança e o jovem, não obstante sua aparente fragilidade, devida a sua compleição física e a sua inexperiência ante os desafios contemporâneos, são portadores de talentos e potencialidades que devem ser positivamente estimulados. Por isso, insistimos em que pais e responsáveis cultivem com a máxima atenção os valores ético-morais e sobretudo o diálogo. Os primeiros propiciam os fundamentos de uma vida equilibrada e plena; o segundo fornece a substância moral que sustenta as relações sadias. Quando associados, esses recursos representam o suporte necessário para que o jovem suplante os impulsos, canalizando suas melhores energias na construção de um caráter forte e de uma personalidade livre de traumas e bloqueios.
Para negar com firmeza qualquer impulso ao sedutor mundo das drogas, por exemplo, é necessário que o jovem afirme suas convicções nos aspectos positivos da vida. Deve acreditar no valor do trabalho, da cultura, da prática esportiva, das disciplinas construtivas. É preciso, enfim, que creia em seu futuro e saiba que não está nem nunca estará sozinho. É por acreditarmos verdadeiramente nessa possibilidade que selecionamos este tema para esta nossa reflexão.
Atualmente, é possível fazer uma distinção geral entre a maioria dos pais e responsáveis: de um lado, encontramos os que, ao defender as conquistas da modernidade no campo das inovações tecnológicas, fomentam uma mentalidade que busca apenas o conforto e o prazer, sempre e cada vez mais; de outro lado, observamos os que buscam realizar-se profissionalmente ou em outros campos, entregando-se totalmente a seus próprios interesses e transferindo a responsabilidade pela educação dos jovens a profissionais e familiares.
Nesse ambiente angustiante e instável, entre incertezas e oscilações, os jovens fantasiam as mais diversas possibilidades de fuga à realidade, e, infelizmente, tamanha é a oferta de possibilidades inadequadas que acabam por associar uma coisa a outra.
Temos a convicção de que há muitas famílias cujos pais se esforçam dedicadamente para conduzir sua prole da melhor maneira possível; muitas vezes, porém, esses educadores não têm uma real noção da dimensão que o problema tem assumido nas últimas décadas. Também a eles estendemos nossa preocupação.
Deve-se voltar uma atenção especial às relações familiares e a seus aspectos afetivos. Estes constituem uma importante expressão para a própria identidade da família. Somente com uma reflexão sincera e sobretudo corajosa poderão os pais e responsáveis encontrar, juntamente com os jovens, soluções para enfrentar os problemas da atualidade, mas para tanto faz-se necessário que todos os envolvidos se comprometam em criar um clima de harmonia e benquerer no lar e a viver uma realidade de otimismo e boa vontade.
É imperativo a necessidade de todo ser humano abrir-se para a espiritualidade. Sem a vivência dela, todos os problemas tendem a aumentar. Em sentido contrário, quando os valores ético-morais, alicerçados nos princípios racionalistas cristãos, passam a fazer parte da experiência cotidiana, os problemas não desaparecem, mas passam a figurar como oportunidades de amadurecimento e crescimento pessoal.
Como escrevemos no início, não pretendemos estabelecer um discurso moralista, que reproduza uma mesma ideia de formas diferentes mas bem conhecidas. Nosso objetivo é ampliar perspectivas; assim sendo, não poderíamos abordar esse tema sem dizer aos jovens que nos leem que só conseguirão agir dignamente nesta vida, sublimando sua impulsividade e concretizando seus ideais, quando assimilarem e praticarem os valores espirituais que emanam dos preceitos divulgados e defendidos pelo Racionalismo Cristão, deixando-se penetrar por eles. A força e a magnitude desses princípios transformam irresistivelmente o jovem, permitindo-lhe o desenvolvimento do autodomínio e do poder de concentração.
Muito Obrigado!