Como ser um líder de si mesmo?

Diversamente do que uma leitura superficial ou descontextualizada do título desta reflexão, uma vez reduzida ao campo da reprodução literária ou a um estilo de pouca originalidade, permitiria supor, este texto pretende ser extensivo e inclusivo. Se o tema já foi trabalhado por outros autores em outros contextos, tal fato é para nós indiferente. O que nos importa é conscientizar nossos semelhantes da necessidade que todos temos de enraizar as ações que empreendemos em princípios éticos, sem desprezar a intrínseca dimensão espiritual que possuímos. 

Temos a convicção de que o ser humano consciente da dinâmica articulação entre pensar e viver, entre pensar e agir, sai como que da voz passiva dos verbos para assumir um protagonismo cada vez maior na sociedade contemporânea, tão carente de referenciais verdadeiros. Eis o que nos interessa: fornecer informações para que o ser humano se torne senhor de si mesmo, ou seja, responsável por seu próprio êxito na vida. 

A autêntica esperança de que oportunidades melhores surgirão desde que nos esforcemos para criá-las e a convicção de que reunimos em nós qualidades necessárias para assumir as rédeas de nossa própria vida são faróis que iluminam nossos passos e representam o sustentáculo da tranquilidade, do autodomínio e da estabilidade emocional, valores sem os quais ninguém pode se tornar senhor de si. 

Quando o ser humano se deixa guiar por uma visão transcendente da realidade, amplia, por consequência, sua visão de mundo, passando a compreender que, longe de ambicionar uma receita pronta, um passo a passo sobre como se tornar menos influenciável e manipulável, deve diligenciar para que seus pensamentos gerem bons sentimentos e para que esse conjunto psíquico se manifeste naturalmente em suas ações cotidianas, evidenciando e intensificando os valores que traz inatos em seu espírito. 

Não obstante a realidade das limitações humanas e a ocorrência natural das adversidades – que não devem ser negadas nem tidas como absolutas –, não é correto pensar, no campo da espiritualidade, em vitimização, mas em protagonismo. Assim, buscando conhecer-se cada vez mais, opondo-se a tudo que obsta ao crescimento moral e concentrando sua ação na prática do bem, todos farão o melhor uso de sua capacidade de escolha e terão o controle de sua própria existência. 

Certo é que o ambiente, quando desprovido de organização e consideração à dignidade humana, potencializa e intensifica os mais distintos complexos e instintos, nutrindo certos vícios e impulsos internos; porém, a realidade inconteste e inelutável é que toda pessoa possui, além da força de vontade, incontáveis outros atributos e faculdades espirituais, independentemente do meio em que vive. 

Muitas vezes, no fragor de seus sofrimentos e no tumulto das ideias com que se depara no dia a dia, o ser humano se vê impedido de analisar os fatos com a devida lucidez. É precisamente nesses momentos que emerge o valor do autodomínio, a que já nos referimos muitas vezes. É esse atributo que enseja, caso a pessoa melhore o teor de seus pensamentos, a ativação da força de vontade e a iluminação da consciência. 

Enquanto a pessoa buscar adaptar-se aos próprios defeitos e más inclinações afastando-se da autocrítica, enquanto se iludir de que é preciso aprender a conviver com as emoções deletérias e inadequadas que indevidamente aninha em sua alma, insuflada de doentio amor próprio, jamais assumirá seu verdadeiro papel na vida. 

Todo ser humano é portador de inúmeros atributos espirituais e talentos, razão pela qual é plenamente capaz de, quer no campo do pensamento, quer no campo da ação prática, empreender magníficas e grandiosas ações em prol da vida, seja a sua própria ou a dos demais. Contudo, muitas das possibilidades que se encontram potencialmente em sua alma costumam ser reprimidas e contidas pela falta de autocontrole e pela ausência de autodomínio. 

Todos devem dar o importante passo que consiste na reconciliação consigo mesmos, no autoconhecimento, no abandono das hostilidades internas e externas e na abertura para a espiritualidade divulgada e defendida pelo Racionalismo Cristão, donde emana a energia com a qual lograrão estabelecer a ordenação e o controle de seus pensamentos e sentimentos. 

Envolto nessa atmosfera nobre e engrandecedora de humildade e consciência do próprio valor, a pessoa se desprende das amarras da suscetibilidade excessiva, do comodismo inveterado e do excesso de autocomplacência, recebendo e acolhendo tudo o que de nobre, belo e autêntico uma vida digna e produtiva lhe pode proporcionar, abandonando preconceitos descabidos, influências equivocadas, ambientes deletérios e concepções degradantes, adotando as regras da verdade, da honestidade, do amor ao próximo e ao trabalho, exercendo, enfim, o protagonismo de sua própria vida com o espírito constantemente enlevado nesse ideal. 

Muito Obrigado!