Conhece-te a ti mesmo

Muito provavelmente você conhece a frase que dá título a este artigo. Também é provável que já tenha visto ou ouvido comentários sobre a que ela está se referindo, e tem sua própria opinião. Mesmo assim, talvez haja algo que lhe escapou e requer uma análise mais profunda. É disso que vamos tratar.

Primeiramente, deve ficar claro que não se sabe quem foi o autor da frase. Citam-se Tales de Mileto, Pitágoras, Heráclito e até Sócrates, entre vários outros. Ela estava escrita (em grego) no pátio de entrada ao Templo a Apolo, local onde ficava o Oráculo de Delfos. O autor provavelmente não foi qualquer daqueles notáveis filósofos. Com certeza não foi Sócrates. Por que esta convicção? Consultemos Platão.

Em Fedro, de Platão, Sócrates diz: “ainda não consegui, até agora, conforme recomenda a inscrição délfica, conhecer-me a mim mesmo”, ficando claro que ele viu a frase “Conhece-te a ti mesmo” em Delfos. [Fedro ou Da Beleza, Guimarães Editora, Lisboa 2000, p. 16]

Para os estudiosos do Racionalismo Cristão, conhecer-se a si mesmo significa ter consciência de que é Força e Matéria. Em outras palavras, entender que é um ser duplo constituído de um espírito e um corpo. Não o corpo físico, mas o fluídico. O físico pertence à Terra e aqui fica após seu falecimento, enquanto o fluídico pertence ao espírito e o acompanha pela eternidade. O racionalista cristão sabe que ele não é o seu corpo físico.

É isso que significa conhecer-se a si próprio? Sim, mas é apenas parte da história. Tem mais. Vejamos.

Tão importante, ou mais ainda, conhecer-se como Força e Matéria é ter consciência de estar em um processo, sem fim, para ser melhor, para aprender mais, evoluir, enfim. Esse aprendizado requer, entre outras coisas, observar constantemente os sentimentos.

O que os sentimentos têm a ver com nosso assunto? Tudo a ver, pois são fatores importantes que influenciam diretamente nossos pensamentos e orientam nossas ações. Nossa vida, portanto.

Contudo, quantos dão atenção aos seus próprios sentimentos? Não são muitos, e muitas vezes nem se dão conta deles. Tomemos, por exemplo, uma pessoa invejosa. Que tipo de pensamento ela está sujeita a ter em consequência desse sentimento? Nenhum valoroso, certamente. E acontece que essa pessoa pode não se dar conta de que é invejosa, ela não se conhece a si própria.

Outros sentimentos igualmente negativos podem passar despercebidos. Muitos deles você mesmo pode imaginar, como o egoísmo, por exemplo. Em consequência o processo gradativo da evolução fica prejudicado, e isso tem um preço, gera uma dívida a ser saldada.

Do exposto segue-se que além de saber que você é um espírito dotado de um corpo fluídico, conhecer-se a si mesmo requer ter consciência de seus sentimentos e, pode-se acrescentar, de suas emoções. E não podemos esquecer-nos dos nossos hábitos. Levamos a vida a criticar os demais, e a procurar seus defeitos?

Em conclusão, para conhecermo-nos a nós próprios, em seu sentido mais amplo, é necessário fazer uma análise diária do nosso comportamento, sentimentos e hábitos. Um bom momento para essa prática saudável é alguns minutos antes da hora de dormir.

Então, você se conhece?