Numa consulta feita ao site da Amazon, verificamos a existência de 9 mil livros que tratam sobre a mente e mais de 3 mil que tratam de mindset (palavra já incorporada à língua portuguesa, significando “modelo de mente”). É, portanto, um tema que desperta muito interesse não só popular como também científico no campo da neurociência.
No livro Virtudes eternas de nossa autoria, apresentamos, às páginas 94-100, uma Teoria espiritual da mente, com entendimento totalmente oposto ao da neurociência. Isso não significa que a neurociência deva ser tratada com desdém, pois ela tem trazido grandes contribuições, principalmente à medicina e à psicologia experimental e comportamental.
Mente. Todos nós sabemos que os desafios modernos exigem do ser humano atenção especial para dezenas de problemas diários que são verdadeiros drenos de energia vital. Esses drenos podem ser encontrados na mídia social, controle financeiro, amizades desfeitas, toxinas ambientais, telefones celulares, alcoolismo, tabagismo, drogas, açúcar, cafeína e assim por diante.
As pessoas que não acreditam no poder de suas mentes acham-se consideravelmente perdidas, pois não conseguirão identificar-se como criadores conscientes de suas próprias realidades. Elas frequentemente se sentirão em falta consigo mesmas e com o mundo, e perguntarão por que é tão difícil lutar contra ele. Entender o poder dos pensamentos e saber ativar a vontade sempre voltada para a prática do bem são ferramentas essenciais na condução de nossas vida e constituem os primeiros passos para a sabedoria pessoal.
Do contexto exposto no parágrafo anterior decorre a necessidade de nos comprometermos seriamente em desenvolver atitudes mentais adequadas de modo que possamos focar nos problemas de longo prazo para que consigamos fazer uma mudança no nosso estilo de vida. Para isso, é necessário confiarmos em nós mesmos. Citando o humanista Jiddu Krishnamurti: “Uma teoria baseada na experiência de outras pessoas em matéria de espiritualidade ou de uma vida interior não tem significado. Precisamos ignorar essa ideia completamente porque temos que depender de nós mesmos”.
O primeiro passo para entendermos a mente é saber que nossos pensamentos determinam nossas experiências do dia a dia. Essa é uma premissa básica de todos os textos espirituais e escolas esotéricas do pensamento. Muitos textos científicos sobre o pensamento, de vários autores respeitáveis, relacionam-no ao conhecimento da mecânica quântica. Segundo os ensinamentos do Racionalismo Cristão, pensamentos são vibrações do espírito.
Lembramos que as pessoas têm padrões de pensamentos herdados de seus ancestrais, de toda a sociedade, de grupos e organizações etc. Então, elas projetam esses padrões de pensamentos no ambiente em que vivem ao se relacionarem com seus semelhantes e esses da mesma forma nesse permanente convívio. E então elas acreditam erradamente que tais projeções e interpretações são a própria “verdade”, válida para todos sempre, o tempo todo. Mas a verdade é bem diferente, dependendo dominantemente dos pensamentos particulares de cada um e suas circunstâncias. É dessa ponderada e robusta argumentação que decorrem atitudes diferentes que explicam a enorme diversidade de opiniões existente no complexo mundo em que vivemos nos dias atuais.
O principal componente para o crescimento espiritual reside em, continuamente, aprimorarmos nossos atributos espirituais e mudar os padrões inadequados de pensamento que foram adquiridos e continuam sendo ao longo de nossas existências. Estes foram precisamente programados em nosso mental. Quando conseguirmos removê-los e reinstalar diferentes e adequados pensamentos e crenças estaremos iniciando nossa verdadeira autonomia espiritual e dominando nossa verdadeira mente. Reafirmamos, é isso que chamamos de crescimento espiritual ou evolução.
Mindset. Com relação à palavra mindset, ou seja, a configuração da mente, é um conceito que serve para entendermos a predisposição psicológica da pessoa para priorizar determinados pensamentos, padrões comportamentais e atitudes que servem para desenvolver uma nova abordagem ao encarar uma determinada situação. É uma visão própria ou uma visão de mundo de cada pessoa. A palavra visão aqui tem sentido amplo, não se tratando apenas de uma visão física de uma pessoa. Nós sabemos que, na verdade, cada indivíduo vai receber as informações de uma forma e, em resposta, interpretá-las de acordo com o conjunto de ferramentas ou atributos e faculdades de que dispõe.
Cada pessoa sente as informações, sejam elas de natureza visual, auditiva, olfativa, gustativa ou tátil como códigos, que precisam ser interpretados em um processo no qual cada um vai atribuir significados de acordo com sua subjetividade. É justamente a essa subjetividade que foi atribuído o nome de mindset. Ela dá significado ou carimba a personalidade de cada pessoa.
Em seu recente livro (2017) intitulado Mindset: a nova psicologia do sucesso, Carol S. Dweek, ph.D, professora de psicologia na Universidade de Stanford (EUA), escreve sobre a importância das opiniões que a pessoa adota a respeito de si mesma para o seu relacionamento com o mundo. Ela, que é especialista internacional em sucesso e motivação, desenvolveu, ao longo de décadas de pesquisa, um conceito fundamental: a atitude mental com que encaramos a vida, que ela chama de mindset, é crucial para o sucesso. Ela argumenta que essas opiniões individualizadas são capazes de afetar nossas escolhas, influenciando a maneira como nós levamos a nossa vida, tanto para o bem como para o mal. Para ela, o mindset não é um mero traço de personalidade, é a explicação de por que somos otimistas ou pessimistas, bem-sucedidos ou não. Ele define nossa relação com o trabalho e com as pessoas e a maneira como educamos nossos filhos. Na verdade, é o próprio livre-arbítrio em ação o tempo todo.