Convivendo em grupo

Bati o olho em um livro em casa e dei uma folheada. Convivendo em grupo, almanaque de sobrevivência em sociedade. Belo título. Estamos todos precisados. Afinal, mesmo na pandemia, grupos existem, a começar pelo grupo familiar. E viver neles e com eles não é nada fácil. A jornalista paulista Leusa Araujo, autora também de A cabeleira de Berenice e Ordem, sem lugar, sem rir, sem falar, reúne neste guia uma série de conceitos, dicas e exemplos ilustrados de como se comportar da melhor maneira nas várias situações cotidianas.

A autora diz que a família é o nosso primeiro teste de convivência e, por isso, orienta a como ficar em paz com o pai e com a mãe e a se entender com os irmãos. Num quadrinho, Leusa destaca o que fazer. Conselhos simples, que, se seguidos, poupam os nervos de qualquer um. São eles:

  • Avisar sempre onde está, com quem está, a que horas vai chegar, e explicar com detalhes por que não virá conforme o combinado.
  • Ligar para dizer que está tudo bem (do celular, do orelhão, do alto-falante ou até por meio de um bilhete dentro da garrafa lançada ao mar).
  • Arrumar o quarto, a cama, arrumar o banheiro, ou, ao menos, mostrar que teve a intenção de arrumar.
  • Fazer as pazes com o irmão ou a irmã.
  • Apresentar-se, espontaneamente, para fazer qualquer coisa colaborativa na casa.

Mas convivência não é só trabalho; é necessário haver também gentileza no trato. Diz Leusa que conviver em grupo é um desafio para toda a nossa vida. “Quanto mais agradáveis forem os nossos encontros com amigos, ou com desconhecidos, melhor.” A autora conta que um dia, numa festa, surpreendeu o seguinte diálogo entre dois jovens no meio de uma discussão acalorada sobre religião:

— Posso ser sincera?

— Não. Prefiro que você seja apenas educada.

Concordo, afirma Leusa. “Muita gente confunde ‘sinceridade’ com poder expressar opiniões preconceituosas ou fazer julgamentos apressados do tipo ‘pronto, falei’. Proponho, ao contrário, pensar duas vezes antes de falar (ou de postar).” A autora propõe ainda uma discussão baseada no diálogo, na gentileza e no saber ouvir.

Mesmo com a infinidade de coisas a serem observadas, Leusa dá uma ajudinha ao afirmar que as regras de boa convivência podem ser resumidas numa única, maior de todas: colocar-se no lugar do Outro. E ela põe esse Outro com letra maiúscula mesmo, para reforçar a importância do próximo na nossa vida.

“Vestir a pele do outro é uma espécie de passe de mágica para estabelecer e melhorar as relações com o mundo!” A autora cria, então, o conceito de transporte imaginário, que nada mais é do que sair do próprio umbigo e olhar o mundo com vontade de viver junto com os Outros. Tentem!

“Você sabia que 13 de novembro é o dia mundial da gentileza? Desde 1996, a partir de um movimento de profissionais de vários países que surgiu em Tóquio, no Japão, criou-se o Movimento Mundial pela Gentileza, e em 2000 o dia foi criado oficialmente. O objetivo é inspirar as pessoas a tornar o mundo mais gentil e, assim, conectar países e indivíduos.”

Convivendo em grupo. Almanaque de sobrevivência em sociedade, de Leusa Araujo.