Este artigo submete ao leitor as seguintes questões para reflexão: você faz uso correto e racional da informação e do conhecimento no seu dia a dia? Como produzimos, consumimos e compartilhamos informações e conhecimentos? Convidamos o leitor para mergulhar no estudo e análise das ponderações feitas no conteúdo deste artigo, e buscar as respostas através da reflexão e de suas próprias constatações e conclusões.
A humanidade vive no auge da era da informação e do conhecimento, mas neste contexto, paradoxalmente, a desinformação e as falsas notícias ganham proporções gigantescas representando sério problema. A explosão da comunicação digital proporcionada pelo advento da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) abre caminho para um tsunami de meias-verdades, calúnias e mentiras que confundem a opinião pública e contribuem para disseminar terrorismo, competição desleal, preconceito, dissensão de forças, difamação, ódio e conflito. As fake news – notícias falsas – tornaram-se um poderoso instrumento pessoal e da vida política e econômico-social dos espertalhões que agem de má fé e querem levar vantagem em tudo. O cenário facilita o surgimento dos falsos especialistas, aqueles que não têm formação e domínio numa ou mais áreas do conhecimento, mas que conseguem enganar e criar um séquito de adeptos ou seguidores para atender suas estratégias e seus propósitos, ambições e vaidade.
Diversos estudos e pesquisas sérias buscam investigar o modo como os núcleos sociais, pequenos ou grandes, compartilham e consomem informações de diversas áreas do conhecimento científico e não científico.
Vivenciamos uma nova desordem mundial – desordem informacional – que fortalece tendências a compartilhar notícias e conteúdo – informação e conhecimento – sem refletir e de forma irresponsável para gerar um ambiente de desinformação e disseminar notícias falsas com a intenção de lesar, de forma maldosa, proposital, maquiavélica, como mentiras, boatos, trotes, geração de informações erradas, propaganda enganosa, conteúdo fabricado ou deliberadamente manipulado, teorias da conspiração ou boatos criados intencionalmente. Publicação deliberada de informações pessoais, privadas, para uso pessoal ou corporativo, em vez de interesse público, social, tal como pornografia vingativa, alteração intencional de conteúdo original, como autoria, data e/ou hora, dados estatísticos.
Grande parte desse conteúdo nem tenta se disfarçar como notícia, aparece como vídeos, postagens nas redes sociais, memes, banners. Há o conteúdo fabricado, que é total ou parcialmente falso e formulado para confundir, enganar e causar danos. Acontece também o conteúdo falso que é um mix de conteúdo genuíno compartilhado junto com informações falsas. Existem também as notícias falsas (fake news), sem a intenção de lesar (involuntária). São conteúdos e notícias falsas devido a erros involuntários, não intencionais, como traduções imprecisas, escrita e fala erradas por falta de compreensão ou interpretação ou por falta de conhecimento preciso acerca do que se escreve e fala. Há notícias falsas, não intencionais, que não pretendem causar danos, mas ainda assim carregam em si o potencial de enganar.
Os divulgadores dos conteúdos que são intencionalmente falsos e criados com a intenção de causar danos, em geral, são motivados por três propósitos ou metas distintos: ganhar dinheiro e/ou outros bens materiais; obter prestígio e ter influência política e social; e causar problemas, conflitos, pelo simples prazer de assim fazer. Existem aqueles que espalham notícias de conteúdo intencionalmente falsos sem perceberem que são falsos, não se dão conta de que o conteúdo é incorreto ou enganoso, isso acontece devido à falta de investigação se o conteúdo recebido vem de fonte integra, confiável e de fato verdadeiro, antes de consumi-lo e distribuí-lo ou, simplesmente, por exercerem suas identidades, se mostrarem nas redes sociais para se sentirem conectadas com outras pessoas, instituições, grupos religiosos, de raça e etnia.
Informação enganosa. A desinformação mais eficaz tem sido a que contém um “núcleo” de verdade, genuíno, intrínseco, em seu conteúdo, que foi reformulado, tornando-a muito mais enganosa do que falsa. Sendo ou não intencional, as notícias falsas circulam sem freios gerando tensões, alimentando através das mídias sociais inverdades, cismas, rumores, semeando o caos, insegurança, terror, causando confusão e incertezas nas pessoas, invadindo o livre-arbítrio destas e influenciando-as em suas tomadas de decisão.
Nesse ecossistema informacional cheio de certezas e incertezas quanto à veracidade da informação, emerge uma abordagem como solução para o caos instalado, trata-se da “Educação midiática”, que vem sendo estudada e praticada em alguns países com bons resultados. Visa a desenvolver habilidades, competências, nas pessoas para que elas possam posicionar-se com responsabilidade, bom senso, de forma consciente, lógica e racional em relação ao conteúdo de informação e conhecimento que produzem, recebem e distribuem em todos os seus formatos, dos impressos aos digitais. Trata-se da visão e gestão crítica do que se lê, assiste, escuta, produz e dissemina nas redes sociais de forma ética, criativa, responsável, útil e cidadã, destacando como pontos fortes da cidadania a aplicação de princípios e práticas de respeito e boa convivência social que tem que imperar em nossas relações, tanto no mundo físico quanto no virtual. Verdades estas sustentadas, ensinadas e difundidas pela filosofia racionalista cristã.
Senso crítico. A educação midiática parte da ideia de que não será através da censura que se irá conseguir coibir o fenômeno das notícias falsas, enganosas, mas através do desenvolvimento de habilidades que permitam, a cada um de nós, com competência, ter senso crítico, humano e responsável na construção, filtragem, análise e distribuição do conteúdo da informação. A educação midiática incentiva e aclara como identificar fontes boas e não confiáveis, gêneros textuais, mídias e vieses das notícias. Como utilizar as redes de forma ética, criativa e cidadã, e até como lidar com questões relativas à cultura digital e privacidade – leis de proteção de dados, direitos autorais e moedas digitais.
A filosofia racionalista cristã, através de seu arcabouço teórico e prático, ensina e motiva a humanidade a utilizar de forma consciente seus recursos intelectuais, morais e espirituais, buscando aprimorar, cada vez mais, sua relação com a informação e o conhecimento de forma produtiva, racional, segura, responsável, integrada e compartilhada. Isto é evolução!