Epicuro (341-271 a.C.), filósofo grego do Período Helenista, nasceu em Samos, segundo uma tradição, ou em Atenas, segundo o escritor grego Diógenes de Laerte (século III d.C). Foi o fundador do epicurismo, “doutrina que proclama o prazer obtido por meio da prática da virtude”.
Em Samos, Epicuro, quando criança, estudou quatro anos com o filósofo Pânfilo, discípulo de Platão. O menino Epicuro era considerado um dos melhores alunos da escola. Numa das conversas de Pânfilo com seus discípulos, ouviu o mestre dizer que, segundo Hesíodo, poeta grego (século VIII a.C.), todas as coisas vieram do caos. “E o caos veio de quê?”, perguntou o menino.
Relacionamento difícil. Entretanto o garoto cresceu e começou a discordar das ideias de Pânfilo, e o relacionamento entre o aluno adolescente e o professor Pânfilo foi tornando-se, a cada dia, mais difícil. Por isso seu pai o mandou, ainda muito jovem, para Teos, cidade marítima da Jônia, região da costa sudoeste da Anatólia, hoje pertencente à Turquia.
Com Nausífanes de Teos (século IV a.C.), discípulo do filósofo Demócrito de Abdera (460-370 a.C.), Epicuro concluiu seus estudos de filosofia e entrou em contato com a teoria atomista de Leucipo (século V a.C.) e Demócrito, da qual reformularia alguns pontos.
Em 323 a.C., saudoso do torrão natal, Epicuro retornou a Samos, já, então, com seu padecimento de cálculos renais agravado. Isso contribuiria grandemente para que o filósofo tivesse “uma vida marcada pela dor”.
Em Samos permaneceu o jovem Epicuro em sossego, dando tempo ao tempo, mas chegou o dia em que resolveu que novamente partiria da ilha, agora rumo a Atenas. Não se sabe ao certo quanto tempo levou para alcançar seu destino. Sabe-se, porém, que foi depois de ter ensinado filosofia nas cidades de Lâmpsaco, Mitilene e Cólofon.
“Os do Jardim”. Afinal em Atenas, nosso filósofo fundou, aos 32 anos, uma escola filosófica nos arredores da cidade, num terreno com um grande jardim. Em sua escola e novo lar, passou a residir com um grupo de amigos, num ambiente de paz, amizade e de bom relacionamento entre mestre e alunos. Eram conhecidos ali como “os do Jardim”.
Cercado de seus queridos amigos e discípulos, Epicuro lecionou em sua escola até morrer, aos 70 anos, após “uma vida marcada pelo ascetismo, serenidade e doçura”.
Suas ideias são hoje conhecidas graças à obra do poeta latino Lucrécio (98-55 a.C.) e à do escritor grego Diógenes de Laerte (século III d.C.), pois quase toda a obra de Epicuro se perdeu, salvando-se apenas suas cartas e seus aforismos.
Reputação comprometida. Depois da morte de Epicuro, observa o historiador da filosofia Cretella Júnior, seus seguidores, de tanto ressaltar como ponto básico da doutrina do mestre a procura do prazer, comprometeram injustamente a reputação da filosofia epicurista, que passou a ser sinônimo, “entre os menos versados nesses estudos”, de filosofia da volúpia, da sensualidade, do desregramento de costumes, do modo de viver e agir de quem só busca o prazer.
Em sequência a este artigo dedicado à vida de Epicuro, falaremos no próximo sobre a obra desse pensador do helenismo. Adiantamos que se trata de “um filósofo pessimista, mas um pessimista sorridente”.