Espiritualidade dá sentido à vida frente ao absurdo da existência

Se analisarmos a vida cruamente, nos deparamos com uma aparente e total falta de sentido, tornando-a absurda. Frente a este absurdo, somado a imposições impossíveis de uma sociedade doente, embotada e agravada pelo véu da meritocracia, muitos decidem que não vale a pena viver nesta suposta falta de sentido e cometem suicídio. Muitas vezes, esta triste e infelizmente cada vez mais frequente prática é cometida, não porque as pessoas querem propriamente morrer, mas por concluirem que esta é a maneira mais eficaz de lhes cessar o sofrimento, que já neste ponto mostra-se insuportável.

O sofrimento é inerente a vida no planeta Terra, porém o trauma acontece quando não se consegue dar um destino melhor as experiências angariadas nestas ocasiões, situação onde a pessoa adoece, como muito bem explicitou a psicanalista Vera Iaconelli. Por outro lado, o desespero é encontrado quando não se consegue compreender a angústia natural da vida, que é oriunda de questionamentos no que concerne a questões existenciais, principalmente ligadas ao uso do livre-arbítrio e ao pronto atendimento das necessidades e\ou desejos, individuais, principalmente em âmbito psíquico\social.

A espiritualidade difundida e praticada pelo Racionalismo Cristão oferece ao ser humano desesperado, ao situá-lo por meio de um viés amplo e apurado, um sentido profundo e simples atribuído à vida e à existência mediante a busca do entendimento de si mesmo. Para além de nos explicar de onde viemos, para onde vamos e o que estamos a fazer aqui no planeta Terra e de nos oferecer uma oportunidade, dentro de seus preceitos e práticas, de aferirmos aquilo que nos é ensinado pela observação das mudanças em nossa própria maneira de encarar a vida, é uma filosofia de vida ética, que nos volta à responsabilidade para com outrem, além do dever moral de edificar uma humanidade digna e com melhores meios de se viver.

O conhecimento é a ferramenta que leva as pessoas a entender suas questões a fundo, porém, para tal é preciso coragem para conhecer-se a si mesmo e, uma vez que a consciência é insuperável, oferecer enfrentamento ao que se descobriu, construindo, dentro das possibilidades de cada um, um viver edificante.

Em todas as hipóteses, agarrem-se ao amor pela vida, no prazer em viver, dando importância a si mesmo. Transformem este amor pela vida, que se manifesta não somente no gosto das coisas fugazes, na oportunidade de sublimar patologias do contemporâneo em pontos de reflexão e mudanças para si e para gerações futuras. Buscando uma mudança de mentalidade, proporcionada pelo entendimento de que tanto sofrimento é fruto sobretudo de nossa maneira impensada e cada vez mais individualizada de existir no mundo, dando um passo fundamental para encerrar o ciclo vicioso onde o oprimido quer ser o opressor, multiplicando o amor fraternal que deve existir entre os povos como base sólida para a persistência da dignidade humana.