Pela espiritualização da ciência
Vivemos em tempo de pesquisa, de novos conhecimentos, de novas compreensões. Os conhecimentos que eram tidos como sólidos e definitivos abrem-se em pequenas frestas, pequenas fendas que, ao serem observados e estudados, mostram-se em imensos universos, imensos campos de pesquisa. Usando as palavras de um grande físico: nunca poderemos falar sobre a natureza sem falar, ao mesmo tempo, sobre nós mesmos. A nova fenda que se abre indica que nunca poderemos estudar o Universo sem antes estudarmos a nós mesmos. Nós no futuro seremos parte dele.
Nós, seres humanos, somos ainda crianças no primário do curso da vida. O mais próximo que nossa ciência tem conseguido chegar da verdade mostra que a espiritualidade é o caminho mais altamente produtivo, e são poucos os pesquisadores que exploram esse campo. Para a ciência materialista só existe como realidade: aquilo que possa ser descrito por meio de uma expressão matemática ou visto, cheirado e apalpado pelos órgãos dos sentidos. Quando, porém, essa mesma ciência diz que no Universo há uma Consciência, como colocá-la em termos matemáticos? Como apalpá-la, cheirá-la ou conseguir enxergá-la com esses olhos míopes que possuímos? Consciência não é comportamento da matéria. Se a matéria é inerte, para que o Universo evolua é preciso além da consciência também inteligência. Como colocar também essa inteligência em termos matemáticos?
A ciência materialista tem que entender que não é pelo fato de uma Consciência, de uma Inteligência, não poder ser descrita em funções matemáticas que ela deixe de existir. O mais ilustre dos cientistas materialistas é um ser espiritual. Negar sua espiritualidade não o faz deixar de o ser.
É preciso reavaliar algumas suposições fundamentais sobre a vida. A ciência nunca esteve tão popularizada como nos dias atuais. Se a ciência não se desmaterializar, a humanidade continuará buscando respostas na crença, relegando o poder do conhecimento. Se quisermos romper o impasse entre ciência materialista e as novas perspectivas de compreensão da vida, temos que tatear com as mãos e enxergar com o espírito, que é inteligência. É preciso que a ciência comece a enxergar com os verdadeiros olhos da mente. A evolução é um processo cósmico.
Não existe matemática que exprima meus sentimentos. Se tenho inteligência e emoções; e se sou parte integrante (embora ainda em aperfeiçoamento) dessa Consciência, então essa mesma Consciência não é apenas inteligência, mas também sentimentos.
A neurocientista americana Dra. Candace Pert provou que nossos sentimentos, nossas emoções são transmitidas ao nosso corpo físico (através de nosso corpo astral) e nele se transformam em substâncias químicas, que ela chamou de moléculas da emoção. Para cada emoção, para cada sentimento é formada uma respectiva molécula específica dessa emoção.
Se meus pensamentos, que não são materiais, transmitem a energia espiritual de minhas emoções e são transformados nesses elementos químicos (neurotransmissores, peptídeos, enzimas etc. etc.) que são matéria em meu corpo físico, no que os sentimentos de uma Inteligência Maior poderiam transformar-se? Como pode a ciência materialista explicar essa transformação do não material (sentimentos, emoções) em matéria (elementos químicos)? Quem sou eu, afinal, minhas emoções, meus sentimentos, meus conhecimentos ou as células de meu corpo, que simplesmente recebem as informações transmitidas sob a forma de matéria.
Infelizmente essa é a tendência das ciências naturais, tomar o caminho que, embora para eles seja difícil, pesquisar a explicação que nos dão é a mais fácil: somos o resultado dos nossos genes; ou somos o resultado das infinitas conexões entre nossas células cerebrais; ou a quântica de nossos átomos. Somos, somos, somos e no final soma-se tudo e não se explica nada. Essa é a nova fenda que se abre mostrando um imenso, um verdadeiro, um inesgotável novo Universo. É preciso a espiritualidade autêntica para iluminar esses novos conhecimentos, porque somente dessa forma deixaremos de ser robôs, somente dessa forma deixaremos o primário para nos matricularmos no 2º grau da evolução, sem necessidade da cegueira da matéria. Temos muito ainda que aprender. Temos muito ainda que evoluir.
São incontestáveis as melhorias que a ciência materialista tem proporcionado ao nosso viver, mas a explicação da ciência da vida fora de uma visão cientifica espiritualista será sempre incompleta.
A vida não é um fenômeno mecânico. Não foi a matéria que, aos tropeços ou resultados de acontecimentos fortuitos, provocou a evolução. A transformação da matéria de seres unicelulares para seres multicelulares nesses 3,5 bilhões de anos de evolução no planeta Terra foi necessário para a evolução de uma inteligência psíquica. Os corpos físicos dos seres vivos foram modificando-se de acordo com a necessidade evolutiva dessa inteligência. A vida na Terra não começou em nós, seres humanos, mas é em nós que ela começa a ser explicada, mesmo que de forma rudimentar e incompleta. Conhecer, aprender é dar um passo para o futuro, é evoluir. Ainda temos muito que caminhar, muito que aprender.
Então… bom caminhar para todos nós.
Francisco Sucena Branco
Presidente da Filial São José do Rio Preto (SP)