Luta contra patologias

Luta contra patologias civilizatórias
Como já consagrado nos compêndios e alfarrábios da curta história brasileira, o nosso gigantesco país, o quinto em extensão territorial e um dos mais belos e ricos do mundo, foi descoberto por acaso, devido a uma calmaria que atingiu a esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral e que era composta por dez naus, três caravelas e 1.500 homens.
Já lemos e ouvimos depoimentos de historiadores e pesquisadores, de notável saber, que não existiu a tal propalada fortuidade nessa efeméride, visto que os portugueses, junto com os espanhóis, eram profundos conhecedores da ciência da navegação náutica e que o caminho a ser seguido não era para o das Índias.
Fica aqui uma indagação: por que a exigência de uma esquadra tão aparelhada e abarrotada de víveres, suprimentos e insumos diversos para singrar um caminho marítimo sobejamente conhecido pelo portugueses? Será que os hábeis navegadores portugueses sabiam que teriam ao longo da viagem uma surpresa que poderia ser um fato corriqueiro e precisariam se resguardar?
Uma vez descoberto o Brasil, coube ao escrivão, Pero Vaz de Caminha, inaugurar o clientelismo e fisiologismo com o pedido de um “empreguinho” para o seu genro ao rei de Portugal. Outras patologias civilizatórias nos marcaram indelevelmente, como o limiar do nosso povoamento, com o envio de degredados pelo Reinado Português e a aberração do advento das Capitanias Hereditárias, que reproduziu um feudo inédito no concerto mundial. Há ainda hoje proprietários de extensões de terras maiores do que um país como a Holanda.
Por questão de coerência e justiça, mencionamos que os portugueses tiveram mérito na preservação da integridade do território brasileiro, mesmo que por interesses próprios, como por exemplo a atuação dos movimentos dos bandeirantes.
Os reflexos dessa metodologia de colonização se fazem notar com seus benefícios e, porque não dizer, também “malefícios”, de forma peremptória, em segmentos importantes da nação brasileira.
A nossa Constituição reconhece como poderes constituintes e equânimes Legislativo, Judiciário e Executivo, cada um com as suas atribuições devidamente previstas na nossa Carta Magna.
Mais poderes. A maioria da sociedade, porém, já aceita e identifica mais dois poderes que se vêm notabilizando, em virtude de uma marcante atuação na vida rotineira da nação. Um deles é o Ministério Público, que tem perfil predominantemente jovem, ou seja, cheio de energia, como é caraterística desse tipo de segmento social, e que se vem destacando devido às intervenções que objetivam defender os interesses difusos e genéricos da população, obviamente, expurgando-se os exageros que eventualmente cometem. O outro poder é a mídia falada, escrita e televisada, cujo exercício livre e responsável e, sempre, aderente à verdade dos fatos representa um dos principais pilares para se obter uma atmosfera democrática perene.
É imprescindível a presença eficiente e eficaz do Estado brasileiro, de forma a evitar monopólio privado nessa área vital e formadora de opinião, que é a de comunicação, como por exemplo: conglomerados constituídos por revistas; canais de televisão, rádios, jornais, internet etc. e, ainda, replicado em nível nacional pelas afiliadas de canal de televisão no contexto regional. Essas organizações têm capacidade de influenciar, preponderantemente, em pleitos majoritários como a eleição e posterior deposição de presidentes da República: podemos citar o caso emblemático e indelével de um ex-presidente designado, à época, como caçador de marajás.
O segmento de comunicação é uma concessão do Estado brasileiro, portanto, tem que estar a favor do povo e não ao lado do grande capital, espoliador e sanguessuga da nação. O Congresso brasileiro, que “desfruta” neste instante de um conceito de desmoralização generalizada no seio da sociedade, deveria, num espasmo de brasilidade, impor limites prévios a esses possíveis exageros singulares no mundo das comunicações. Seria um belo sinal de que o Brasil quer e deseja ocupar uma posição de protagonista como uma nação do primeiro mundo e não uma republiqueta de quinta categoria!
Hilton Ferreira Magalhães
Engenheiro e professor