Nesta primeira parte do artigo tratamos da esquizofrenia na interpretação da ciência. A etimologia da palavra esquizofrenia provém da língua grega, que significa “mente dividida”, literalmente expressando a diferença existente entre o pensamento da pessoa enferma e o que ela entende ser a realidade.
Na interpretação da Psiquiatria, a esquizofrenia é uma doença psíquica caracterizada pela distorção dos acontecimentos. Seus sintomas são alucinações, delírios, ouvir e ver coisas fantásticas, descontrole no pensamento, desequilíbrio e desorganização nas atitudes e atos, apatia, mania, toques, falar e gesticular sozinho, falta de atenção, insociabilidade, incoerência na fala, sentir prazer na ociosidade.
Alterações no cérebro. Inicialmente, através dos estudos feitos por Emil Kraepelin (1856-1926), Alois Alzheimer (1864-1915), Eugen Bleuler (1857-1939), a esquizofrenia foi interpretada sob o argumento organicista, ou seja, de que os relatos apresentadas pelos pacientes eram consequências das alterações neurológicas do cérebro. Assim, qualquer situação observada, mesmo que nitidamente não tivesse explicação cerebral, como imaginações, mania de perseguição, sensação de estar sendo vigiado ou controlado por outrem como muitos pacientes retrataram, eram considerados como consequência, direta ou indireta, de alterações no sistema nervoso, apenas.
Devido às primeiras pesquisas feitas sobre a esquizofrenia terem concluído que a doença era resultado de alterações funcionais e estruturais no cérebro, diversas pesquisas neurológicas foram feitas nos anos seguintes para responder algumas hipóteses. Em um primeiro momento, tais investigações comprovaram que pessoas esquizofrênicas apresentavam cérebros, crânios, regiões e partes do cérebro menores ou com baixo funcionamento, em comparação com pessoas sem a doença.
Hipótese dopaminérgica. Por outro lado, a explicação mais aceita na Neurociência sobre os sintomas de esquizofrenia é a “hipótese dopaminérgica”, que sugere que os sintomas dessa patologia devem-se a alteração do sistema dopamina, uma área do cérebro que se interliga a várias outras, cujo excesso de dopamina poderia gerar a hiperatividade dos neurorreceptores, acarretando, consequentemente, difusões no potencial de ação dos neurotransmissores e que em ampla quantidade efetivaria modificações metabólicas em locais do cérebro. No entanto, tais considerações sempre são revisadas e aperfeiçoadas à medida que novos estudos surgem e nem sempre possuem argumentos totalmente convincentes, até mesmo nos meios acadêmicos sobre essa hipótese.
Entendimento de Freud. O criador da Psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939), na obra Neurose e Psicose (1924), concluiu que os problemas dos pacientes não são predominantemente orgânicos, tais como expostos anteriormente, mas sim de origem psíquica, enfatizando que as interpretações dos relatos psíquicos ocorrem devido aos conflitos de algumas estruturas da mente (Id e Ego), que envolveria a repressão pelo Ego (parte que controla os impulsos do Id para não entrar em conflito com o mundo exterior da vida cotidiana) dos desejos inconscientes do Id (força que provém predominantemente de desejos sexuais), passando a criar mundos imaginários.
Freud concluiu que pacientes esquizofrênicos tendem a entender os acontecimentos de outro modo, oposta ao que as pessoas compartilham como sendo o real, forjando outras situações, quase sempre irreais, embora essas singularidades fizessem sentido para esses indivíduos, impossibilitando-os de considerar que estejam equivocados sobre suas conclusões por estarem convictos sobre suas descrições serem autênticas e não fruto de idealizações fictícias. Conforme ele disse, “[…] o mundo exterior não é percebido de modo algum ou a percepção dele não possui qualquer efeito” para esses indivíduos. Por isso, ele chegou a considerar que, com base no desenvolvimento da Psicanálise até então, que os pacientes com esquizofrenia eram intratáveis.
Tratamento. Atualmente, o tratamento de pacientes esquizofrênicos inclui terapia e medicação. Na terapia das histórias dos casos clínicos sobre os relatos dos fatos expostos por pacientes esquizofrênicos, como sensações de estar fora, em outro mundo, são comuns em todos os casos.
De modo geral, tais pessoas apontam que veem, sentem e ouvem aquilo que outras pessoas não enxergam, e que algumas criaturas querem de um modo ou outro se associar a elas para realizar seus desejos, quase sempre alimentares, sexuais ou químicos (drogas) ou os perseguem ou que indicam ações para realizarem, às vezes até em sentido radical, como ordenação para se suicidarem. Porém, essas descrições pelos enfermos aos profissionais, que ouvem seus relatos, na maioria dos casos, são negligenciadas. Por causa disso, geralmente os índices de estudos feitos indicam que o abandono das terapias é comum, pois os terapeutas, ao desconsiderarem completamente as explicações dos adoentados, apenas recomendam remédios que geram efeitos colaterais negativos que os clientes se recusam a tomar, para não comprometer ainda mais os seus estados psicológicos.
Efeitos colaterais. Diversos estudos foram feitos sobre os efeitos de remédios antipsicóticos em pessoas portadoras de esquizofrenia. Atualmente, se enfatiza um tratamento individual e multidisciplinar nos pacientes, ou seja, com profissionais de diversas áreas do conhecimento para normalizar e amenizar o estado mental dos pacientes. Apesar disso, há ainda a insistência no uso de medicações de alta potência, que, se por um lado geram melhoras em algumas situações, por outros, não, devido aos efeitos colaterais intensos. Drogas medicamentosas usadas, como risperidona, primidona, aripiprazol, mais ou menos usadas, embora comuns nas orientações de pacientes desse tipo, promovem melhoras ou não, sendo consequências constantes quando seu uso é contínuo, ganho de peso, ansiedade, insônia, tremores, arritmia cardíaca etc.
Esquizofrenia à luz da espiritualidade
Trataremos agora da Interpretação da esquizofrenia à luz da espiritualidade. Em alguns capítulos da 45ª edição do livro Racionalismo Cristão, destinados a exemplificar e definir o que sejam mediunidade e desequilíbrio psíquico, tema também presente na 13ª edição da obra Prática do Racionalismo Cristão, contêm explicações plausíveis referentes aos descontroles psíquicos.
Segundo a filosofia racionalista cristã, alguns espíritos têm mediunidade mais apurada. São exatamente esses médiuns que sofrem, não raro, a atração dos espíritos desencarnados, que, após fazerem a leitura de seu campo áurico, aproveitam suas suprassensibilidades para intuir os incautos a realizarem seus desejos perversos e imorais ou até mesmo perturbá-los de todas as maneiras possíveis para satisfazerem, por indução, seus desejos, dependências ou vícios, denotando nitidamente a falta de esclarecimento espiritual em que se encontram. Com isso, acarretam nos médiuns, após se harmonizarem completamente com os seus cordões fluídicos, excessiva perda de energia anímica, o que resulta em desânimo, cansaço, enfraquecimento físico e mental, tornando-os ainda mais propensos a perturbações por ser um instrumento propício nesse estado de enfraquecimento espiritual para o astral inferior alastrar seus intentos negativos.
Como foi apresentada na primeira parte desse artigo – “Esquizofrenia na interpretação da ciência” – pessoas com esquizofrenia apresentam sintomas como manias, sentir prazer na ociosidade, gesticular e falar sozinho, ouvir e ver coisas fantásticas, delírios, entre outros. Essas especificidades são consequências diretas do mau uso do livre-arbítrio das pessoas que, ao usá-lo incorretamente, atraem, pela lei de atração, a má assistência espiritual dos espíritos perturbadores que estão retidos na atmosfera da Terra.
Por causa disso, ocorre, com frequência, o desequilíbrio psíquico completo de milhares de pessoas portadoras da mediunidade além da intuitiva. Como os sintomas da esquizofrenia, pelo fato de o padrão da ciência atual não levar em consideração ou desconsiderar a existência da vida fora da matéria, salvo algumas exceções, mais médiuns passarão por consultórios médicos, sendo incompreendidos, e saírão insatisfeitos com seus psiquiatras, neurologistas e psicólogos.
O meio científico, ainda muito alicerçado em argumentos parciais, guardadas as suas importantes colaborações, que em conjunto são demasiadamente limitadas para entender o mundo transcendental, lamentavelmente, ainda caracterizará muitas pessoas normais como loucas. Caso não se considere o que o Racionalismo Cristão expõe como sendo práticas para bem se viver, sendo o ponto inicial desse revigoramento espiritual a prática da salutar disciplina da limpeza psíquica concomitantemente com o controle dos pensamentos, vários seres humanos se tornarão psiquicamente desequilibrados e enfermos durante muito tempo.