Liberdade à luz da espiritualidade

A palavra “liberdade” é recorrente em nossas reflexões. Valorizamo-la de tal forma que destinamos a ela mais um artigo, a fim de considerá-la com maior profundidade e atenção. 

Analisando a liberdade à luz da espiritualidade defendida pelo Racionalismo Cristão, conseguiremos penetrar no cerne de seu conceito, que nos indica que ela é uma nota distintiva dos seres humanos, posto que, sobre este planeta, a liberdade – ou o livre-arbítrio – é uma faculdade exclusivamente nossa. 

A mais legítima aspiração da humanidade, não somente hoje, mas em todos os momentos históricos, é a liberdade. Contemporaneamente, porém, essa aspiração espiritual emerge mais consciente e intensa. Tal realidade é comprovada pelos inúmeros movimentos sociais que rejeitam com veemência todas as possibilidades, filosóficas ou políticas, que se contrapõem à liberdade, seja ela individual ou coletiva. 

A renovação do conhecimento, a evolução da sociedade, a repugnância a toda forma de subjugação e a falência dos sistemas totalitários demonstram claramente o quanto a humanidade é consciente do alto valor da liberdade. 

A afirmação da liberdade como faculdade espiritual é a mais pujante garantia de seu valor imperecível. Pode-se, por mera violência ou em busca da harmonia social, tolher a liberdade de uma pessoa ou de um grupo de seres humanos; contudo, é impossível retirar de alguém a liberdade de pensar. 

A frenética procura por bens materiais gera um sentimento de angústia capaz de limitar a liberdade das pessoas. Quanto mais os seres humanos se apegam às coisas materiais, mais bloqueiam a própria liberdade – o que, de certa forma, é fácil de compreender, uma vez que a liberdade, por ser faculdade do espírito, não possui identificação com a materialidade.  

Quando as pessoas procuram vivenciar a espiritualidade de forma mais intensa a partir do cultivo das virtudes, da prática do bem e do amor ao próximo, tornam-se livres e conscientes.  

Não há nenhum problema em possuir recursos materiais. A questão central é o valor exagerado e até mesmo o afeto que muitas pessoas tributam a esses recursos ou bens. O apego, quando ultrapassa os limites da razoabilidade, transforma-se em cativeiro, e cativo é todo aquele que não analisa constantemente seus sentimentos e pensamentos, que deixa de refrear os impulsos inadequados e grosseiros e de substituir os pensamentos malfazejos por outros mais convenientes para seu aprimoramento moral. 

A liberdade gera paz, e esta, um silêncio interior que permite ouvirmos a doce voz da consciência tranquila, equilibrada e harmônica. O ser humano autenticamente livre, isto é, que se desprendeu das amarras do poder e do materialismo, é guiado por seus pensamentos elevados pela senda da justiça e da virtude. 

A vivência equilibrada e saudável da liberdade humana é resultado, segundo o ponto de vista da espiritualidade, da imersão e da experiência cotidiana nos valores racionalistas cristãos. Eles apontam o caminho seguro que conduz o ser humano à identificação de sua própria essência e, como consequência, da liberdade, a mais sublime das faculdades espirituais. Tal é a reflexão sobre a qual gravita uma experiência humana digna e enobrecedora. 

O amor ao próximo, a solidariedade, o respeito, a promoção da paz e a não violência – antídotos do egoísmo e da mesquinhez – devem estar presentes e inspirar todas as relações humanas pautadas na honestidade, na transparência e no amor à liberdade, pois são concepções capazes de transformar completamente o ser humano, na medida em que vão além das visões reducionistas e separatistas. A beleza da liberdade, também verificável à luz da razão e do intelecto, indica sua abrangência e importância. Com certeza, sua perenidade e transcendentalidade são demonstradas pela História. 

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