Valor do estudo

Como nossas reflexões têm por finalidade a expansão de conceitos, a ampliação de pontos de vista, a promoção do conhecimento abrangente e a busca de interpretações mais completas, é necessário que, ao analisarmos o valor do estudo, invoquemos a disciplina, uma vez que a conexão entre o estudo e a disciplina adquire, na visão racionalista cristã, máxima significação e importância. São conceitos que se interpelam, formando uma unidade indissociável. 

Felizmente, a tendência para atribuir ao estudo uma importância cada vez mais central na formação do ser humano tem se acentuado na atualidade. As aptidões artísticas, políticas, literárias, filosóficas e científicas, bem como inúmeros outros talentos, atingem uma expressividade única na vida de quem se dispõe a valorizar o estudo e incorporá-lo ao conjunto dos hábitos cotidianos com disciplina e organização. 

Em nosso caminhar no campo dos estudos, nem sempre obteremos êxito. Muitos de nossos insucessos serão irrelevantes; outros, por outro lado, terão grande importância, mas a disciplina e a perseverança certamente nos permitirão seguir adiante, superar os desafios e aprender com as adversidades. 

Desânimo, pessimismo e revolta não resolvem problemas; pelo contrário: aumentam a distância entre a pessoa e o êxito nos estudos. Na verdade, tais sentimentos resultam da vaidade de quem não quer reconhecer que falhou e que precisa melhorar, dedicando-se mais. 

Como dissemos, o sucesso nos estudos depende de disciplina e organização. Se analisarmos mais profundamente esses dois conceitos, perceberemos que eles são resultado de uma grande virtude: a humildade. Sem ela, não conseguiremos ser constantes, superar as experiências negativas e recomeçar quantas vezes forem necessárias. 

Os estudos e abordagens em diversas áreas das ciências têm experimentado, nos últimos anos, um estímulo notadamente multidisciplinar, reconhecendo-se a importância dos aspectos espiritualistas na estruturação da subjetividade dos seres humanos e em sua normalização psíquica. Esse avanço inegavelmente positivo traz a ideia de que é sempre preciso buscar soluções inovadoras e originais para o estabelecimento de resultados concretos; em outras palavras, de que o estudo das disciplinas construtivas da vida deve ser constante e livre de preconceitos. 

Na vanguarda das transformações por que passa o mundo, é preciso reconhecer, com lucidez e sinceridade, que os desafios atuais, embora assumam outras terminologias, representam problemas antigos, fundamentados na dúvida, na baixa autoestima e na necessidade de autoafirmação, que poderão ser superados, insistimos, pela humildade. Ela nos faz reconhecer nossas limitações e desenvolver a consciência de que estamos inseridos em um processo de erros e acertos. 

O estudo criterioso da espiritualidade seguido da atitude prática na vida cotidiana amplia o horizonte de compreensão do ser humano independentemente das condições por que esteja passando, fazendo-o entender que sempre há possibilidade de aperfeiçoamento. Afirmamos isso com a convicção de que a visão transcendente insere na pessoa a capacidade de vislumbrar em todas as etapas de seu desenvolvimento biológico uma oportunidade de crescimento moral, intelectual e sobretudo espiritual por meio do estudo de si mesma e das circunstâncias que a envolvem. 

À proporção que mais pessoas se envolvem no estudo sério dos problemas humanos, que não estão de forma alguma desvinculados da espiritualidade, explicações simplórias da realidade, tão deslocadas da história, da filosofia e da tradição, são questionadas e, às vezes, até rejeitadas. É bom que assim seja. 

O estudo criterioso da espiritualidade repudia qualquer tipo de manipulação ideológica e não se subordina a representações reducionistas que tentam, com certa periodicidade e em vão, restabelecer a concepção de incompatibilidade entre a inteligência racional e a transcendência. 

Não se pode desconsiderar, por tudo o que meditamos até aqui, a necessidade e o valor do estudo, e é fácil prognosticar que a tendência será atribuir-lhe uma relevância cada vez maior. Sentimos, portanto, como de máxima importância ponderar e conservar esse princípio em nosso espírito e encontrar oportunidades contínuas, concretas e eficazes de incorporá-lo em nosso viver, posto que o conhecimento sem ação é comparável a um carro sem rodas. 

Muito Obrigado!