Nos momentos de angústia, eleve o pensamento em busca de solução

Eu me separei e fui morar com minha família. Na época minha filha tinha três anos, hoje ela tem dez. Quando fui morar com minha família achei que era apenas uma “chuva passageira” e que tinha resolvido minha vida… Agora quero ir embora, ter um canto apenas para mim e minha filha, mas me falta coragem. Tenho receio de tudo, de me criticarem por estar abandonando a família etc. (ajudo financeiramente minha mãe), e isso me deixa ainda mais presa. Sou a única filha dentro de casa, tenho irmãos, mas minha mãe os criou de uma forma que não sabem fritar um ovo. Os irmãos casados só telefonam…

E agora que minha mãe está mais velha requer maior atenção. Tenho um irmão que recentemente descobriu que está com insuficiência renal e terão que ser destinados a ele mais cuidados…

Estou muito cansada. Tenho apenas minha filha, a quem devo de fato minha responsabilidade e cuidados (pra minha filha sobram meus desgostos e cansaços, quando percebo já descarreguei tudo nela).

Estou me acabando, não tenho vontade de mais nada. De fazer unhas, arrumar cabelo etc. etc., de nada, namorar e conhecer alguém já não faz parte de meus planos. Para trabalhar, minha roupa praticamente virou uniforme (quase sempre as mesmas peças), prendo sempre o cabelo, que já não acho graça em pintar.

Faz um ano que meu pai faleceu e era eu que o levava ao médico, ele era minha fonte de carinho. Hoje não recebo um abraço, claro que tenho da minha filha todo amor, mas não é igual ao do meu pai. Ele era minha base emocional.

Com o problema do meu irmão que apareceu de repente fiquei totalmente desnorteada. Estou dentro do quarto e estou sem gosto pra qualquer coisa. Ele terá que fazer hemodiálise e voltou do hospital com curativo no pescoço, por onde serão feitas as sessões. Quando olho sinto minhas pernas quererem desabar e vontade de fugir. Sinto-me péssima por isso. Não entendo por que aconteceu isso com meu irmão, ele é uma pessoa boa.

Tenho um irmão alcoólatra (de quem minha mãe cuida como uma seda…). Ele bebe muito e uma coisa dessas não acontece a ele.

Estou muito atordoada com tudo. Sinto-me como se estivesse dentro de um furacão sem ter onde me segurar. Preciso achar forças para continuar, mas tenho medo de cair num buraco negro e não conseguir sair mais de lá. Sentir tristeza não é difícil, mas sentir medo é ruim demais.

E estou ainda mais presa dentro de casa, sem poder viver minha vida com minha filha. Meu desejo era morar eu e minha filha e poder ajudar minha família, mas cada um na sua casa. Tenho meu jeito e minha família, o jeito dela. Amo a todos demais, faço de tudo para agradar a todos. Mas estou cansada demais.

Sou forte para descarregar um caminhão, mas no momento estou tão fraca que não consigo segurar uma folha de papel emocionalmente. Queria que tudo se resolvesse e todos ficassem numa boa, para eu poder seguir meu caminho.

Pra que lado devo ir? Amanhã não sei, mas hoje estou perdida. Desculpem o desabafo, não tenho com quem desabafar. Obrigada de qualquer forma.

Resposta: Prezada, nos momentos de angústia e de grandes dificuldades, devemos manter a calma, elevar os pensamentos e raciocinar sobre qual a melhor alternativa a adotar para solucionar ou minimizar a situação. Portanto, não se desespere, mantenha-se equilibrada emocionalmente, para usar a razão e o bom senso e conseguir um final feliz para tudo isso.

O melhor a fazer, ao deparar-se com sofrimentos e decepções, é recolher-se a um lugar tranquilo e silencioso, refletir longamente, fazer sua autoanálise com critério e bom senso e ler com muita calma e atenção a Orientação de Luiz da Mattos inserida no livro Prática do Racionalismo Cristão, 13ª edição, para fortificar-se e entender como proceder diante dos reveses:

“Quando sentirem o ânimo fraquejar, quando perceberem que a vontade se abate e o desânimo tenta envolvê-los, elevem o pensamento, desprendam-se de tudo que possa perturbá-los e procurem, dentro de si mesmos, a serenidade, a paz e a conformação de que carecem, para enfrentar e suportar as vicissitudes da vida.”

O mais importante é você manter a calma necessária para ver com clareza qual a melhor solução para as dificuldades que está vivendo. Lembre-se de que tudo o que nos acontece nesta vida terrena tem uma finalidade relacionada com nosso plano de alcançar maior evolução espiritual e que tudo será passageiro, pois não há problema que se perpetue.

É importante que você tenha percebido que não deve descarregar em sua filha suas decepções. Esteja atenta para esse aspecto.

Esperamos ter ajudado você a encontrar o equilíbrio e a paz interior necessária para enfrentar e vencer esse momento de perturbação.