O acaso não existe – 1

Qualquer pessoa espiritualizada, ainda que apenas com conhecimentos básicos, já ouviu, muitas e muitas vezes, orientações que ocorrem nas filiais do Racionalismo Cristão no sentido de que “o acaso não existe”, título de nosso artigo deste mês. Vamos aprofundar-nos nesse importante tema que se acha interligado a algumas leis universais, tais como a lei de causa e efeito, a mediunidade intuitiva, a sincronicidade dos cientistas, a simultaneidade que as pessoas atentas percebem e, obviamente, com a faculdade do livre-arbítrio. Se mergulharmos mais profundamente, veremos que os físicos, no desenvolvimento da mecânica quântica, valem-se dos teoremas da probabilidade e da alta matemática para construir suas teorias e explicar racionalmente os fenômenos sobre a sincronicidade que ocorrem em todo o Universo do microcosmo ao macrocosmo.

Também, a simultaneidade tem o seu conceito físico no tempo, conforme explica a lei da relatividade restrita de Albert Einstein. E assim, vamos colocar luz sobre muitas situações inexplicáveis pelo senso comum das pessoas e explicar os fenômenos que deixam muita gente de boca aberta, a ponto de nomear muitos desses fenômenos como verdadeiros milagres. E, como milagres também não existem, temos aí um prato cheio para fazer nossas considerações…

Antes, porém, de estabelecermos as diferenças entre simultaneidade e sincronicidade, precisamos aprender um pouco sobre as coincidências. Elas acontecem por toda a parte e com todos em muitos momentos de nossa vida de relação com nossos semelhantes para nos trazer grandes lições de vida de que se aproveita a nossa evolução.

Vamos, primeiramente, fazer a distinção entre simultaneidade e sincronicidade, saber que uma coisa não é a outra. Então, o que é simultaneidade? Simultaneidade é a propriedade de dois eventos poderem ser percebidos de forma coincidente –em um mesmo instante –em pelo menos um sistema de referência. Portanto, na simultaneidade os eventos são os fenômenos que ocorrem ao mesmo tempo, seja no ambiente físico, seja no ambiente não físico ou extrafísico, próximo ou distante. Aqui o tempo “marca” o evento. Esses conceitos que têm embasamento tanto espiritual como nas leis físicas da mecânica quântica mexem com a “cuca” de muita gente.

Muito esforço mental e muitas pesquisas nos anos mais recentes de nossa história vêm sendo desenvolvidos para elucidar se existe ou não o acaso, tentando romper essa dicotomia, visando a romper essa polêmica. E, nesse contexto, não ficam de fora as coincidências e estranhezas que fazem parte de um amplo espectro de fenômenos universais, que parecem ocultar em seu bojo a própria funcionalidade do cosmos – o fenômeno da sincronia, de alcance mais amplo que possamos imaginar.

A análise probabilística propicia explicações pela lei dos grandes números, segundo Persi Diaconis, PhD de estatística e matemática da Stanford University – EUA. Ele é mestre no tratamento das questões envolvendo aleatoriedade, inclusive nos experimentos mais comuns no “jogo de cartas”, “cara ou coroa” etc. São dele essas palavras: “Seria anormal o dia em que não ocorresse algo inesperado”.

Vários cientistas, físicos quânticos de renome, neurocientistas, biólogos, psicólogos e psiquiatras vêm estudando esse assunto, que a ciência materialista não conseguiu explicar até hoje, há já quase um século. Mencionam exemplos bem fundamentados, mas não conseguem explicar a verdadeira natureza dos fenômenos nem estabelecer uma teoria dentro do paradigma atual da ciência. O estudo da sincronia antevê não um Universo caótico em grande desordem, mas ordenado e harmônico em todos os sentidos, físico e espiritual. Reconhecem que o Universo é autoconsciente na produção de todas as causas e todos os efeitos. E isso inclui tudo: energia nas mais diversas formas e matéria bruta, escura e quintessenciada, portando polaridades as mais diferentes. A frase corriqueira que diz que o Universo inteiro conspira contra as ações humanas não é verdadeira.

Vamos citar agora uma série de fenômenos corriqueiros exibidos em milhares de estudos, catalogados por pesquisadores e cientistas sérios, que os descreveram e continuam descrevendo em seus artigos científicos e em seus livros. Esses fatos causaram e continuam causando espanto a muita gente despreparada espiritualmente.

Um exemplo clássico, mencionado pela primeira vez por Rupert Sheldrake, é o fenômeno do telefone. No nosso livro A harmonia universal e a evolução espiritual, lançado em agosto de 2006 no auditório da Sala Luiz Thomaz, no Rio de Janeiro, às páginas 154-156, sob o título Sheldrake e o campo morfogenético, o leitor pode completar seu conhecimento sobre esse assunto. Pois bem, esse famoso biólogo cientista, estabeleceu o conceito de “campos morfogenéticos”: uma espécie de “nuvenzinha” saturada de energia, que se forma sobre a cabeça das pessoas, transportando pensamentos, desejos e emoções de cada um de nós. Está aí, bem patente, o paralelo com o saber espiritualista sobre a aura e seus reflexos, uma das bases das reuniões públicas e de desdobramentos do Racionalismo Cristão, desde 1910.

Os fenômenos, numerosíssimos, consistem na formação de correntes de pensamentos afins, positivas e negativas, que ancoram muitas coincidências que ocorrem cotidianamente na vida das pessoas. Quem ainda não passou pela seguinte experiência do telefone? Você pensa em uma pessoa e o seu telefone toca. É ele ou ela, alguém que está querendo comunicar-lhe algo que também está em suas cogitações saber, sem que nem você nem ela cogitassem disso ou trocassem informação antes. A explicação científica através de campos morfogenéticos encaixa-se perfeitamente. Mas, dentro do campo da espiritualidade, trata-se verdadeiramente da manifestação de mediunidade intuitiva entre essas pessoas que têm a capacidade de se sintonizarem harmonicamente; ou seja, uma forma de comunicação telepática ainda rudimentar entre os humanos. O Racionalismo Cristão afirma nos fundamentos de sua obra básica: “o pensamento é vibração, é energia, é poder”, desde a sua fundação, em 1910. Pretendemos voltar ao assunto na segunda parte desse artigo, embasando-o mais profundamente sob os avanços científicos experimentais havidos e já divulgados no estudo da mediunidade.

Adiantamos que, em São Paulo, já existem cursos ensinando e praticando terapia de relacionamento utilizando os ensinamentos de Sheldrake e outros pesquisadores sobre os campos morfogenéticos com o nome comercial de “constelação familiar” e “constelação empresarial”. É uma onda que vem por aí para complementar as terapias psicológicas, com grandes perspectivas de êxito, como acontece com o Coaching.