Sêneca (4 a.C.-65 d.C.), o escravo Epícteto (55-135 d.C.) e Marco Aurélio (121-180 d.C.) são os três pensadores e escritores de maior relevância do estoicismo romano.
Em nosso artigo de janeiro falamos sobre Sêneca. Seguindo a ordem cronológica, destacamos neste a figura de Epícteto, filósofo grego, nascido na “helenística Hierápolis”, cidade da Frígia, hoje parte do território da Turquia.
“Epícteto” vem do termo grego ”epiktetus”, que significa “adquirido” ou “comprado”. O nome que recebeu ao nascer é desconhecido.
Em Roma. Mal saíra da infância, foi Epicteto levado para Roma, como escravo do liberto Epafrodito, secretário de Nero (37–68 d.C.). Em Roma, viveu a maior parte de sua existência.
Correu certo dia na cidade a notícia de que o secretário de Nero teria quebrado uma perna de Epicteto. Há quem classifique essa história de boato maldoso. Pois sabe-se ter sido o próprio Epafrodito quem libertou seu escravo e o fez estudar com um dos mais conceituados estoicos romanos, o filósofo Caio Musônio Rufo (25-95 d.C.).
Foi com esse excelente preparo intelectual proporcionado a Epicteto por Epafrodito que o genial ex-escravo conseguiria não só ensinar filosofia, mas, principalmente, tornar-se, como foi dito acima, um dos três mais importantes pensadores e escritores do estoicismo romano.
Exílio. Por volta do ano 93 d.C., porém, Epicteto seria exilado, com um grupo de outros filósofos que viviam em Roma, pelo imperador Domiciano (51- 96 d.C.). Epicteto seguiu, então, para Nicópolis, cidade da Grécia, onde fixou residência e abriu sua própria escola.
Entre os romanos exilados que foram encontrar-se com Epícteto em sua escola, na Grécia, estava Lúcio Flávio Arriano de Nicomédia (86-175. d.C.), historiador de Alexandre o Grande. Lúcio Flávio se tornaria o mais importante discípulo e maior amigo do mestre. E assumiria a responsabilidade de editar, proteger e preservar os textos deixados por Epicteto, morto em Nicópolis no ano 135 d.C.
Quarenta anos depois, viria a morrer também o guardião dos escritos, pelos quais tão fielmente zelou. À míngua de outros protetores, infelizmente quase todos os textos de seu mestre se perderiam, restando-nos hoje tão somente dois – o Manual de Epicteto e os Discursos.
Independência racional. O estoicismo, fundado por Zenão de Cítium, é, segundo historiador do pensamento grego, uma corrente filosófica oriunda do cinismo, doutrina do filósofo Antístenes (445 a.C. – 365 a.C.), da qual Zenão recebeu a ideia da independência racional.
Epicteto, por sua vez, diz o historiador, retomaria a tradição cínica, para simplificá-la ao extremo e transformá-la em “filosofia do imediato e do universal”, exposta por Epicteto em forma de exortações morais, que valorizam a resignação e o ascetismo, tão característicos do estoicismo.
Observa um estudioso que, embora quase desconhecidas nos dias de hoje, “em razão do declínio do ensino da cultura clássica”, as obras de Epicteto chegaram a exercer, durante quase 2 mil anos, enorme influência sobre grandes pensadores do Ocidente.