O valor do raciocínio

De todas as faculdades humanas, é sem dúvida, o raciocínio a mais importante, porquanto sem raciocínio seria o homem comparado ao irracional. Pensar, discernir e concluir, próprios do racional, adquirem-se pelo exercício constante da mente, através de um processo de análise e comparação das coisas que nos cercam, aplicando o homem esforço sistemático, usando também os sentidos da visão, audição e tato.

Ver, ouvir e palpar fazem parte do desenvolvimento mental, aguçam a percepção da criatura e a predispõe à supressão de erros e enganos que está sujeito neste mundo de tantas ilusões, místicas, mistérios e coisas inconcebíveis, só aceitas por quem não raciocina e vive sob a dependência de falsidades, de mentiras convencionais ou preconceitos a que a mente se habituou e incorporou à vida humana, debaixo de ação fictícia, que nada exprime, nem explica os fundamentos das coisas.

Dentro de ambiente cheio de superstições e enganos, a mente humana se acomodou, criando coisas hipotéticas que não definem a realidade, e até fogem a razão e ao bom senso, quando atribui tudo ao fatalismo, ao determinismo, posto que se sabe ser o pensamento responsável por nossas ações na construção de uma mentalidade sadia ou doentia. Mas como tudo não dura eternamente, a civilização construída sob estes alicerces, está demonstrando ao homem sua incapacidade para solucionar os problemas, obrigando-o a usar melhor o raciocínio, para sair do ciclo das coisas vãs, inúteis e indesejáveis.

A evolução humana há que se pautar dentro da razão, sem fugir à lógica dos fatos, coisa que a mente pouco evoluída não chegou a alcançar, por que sempre viveu à sombra das hipóteses que abastardam a razão e concluem pela dependência mental e até física das criaturas.

Assim vão vivendo os seres humanos, atidos a toda sorte de coisas sem explicação real e que tantos males têm produzido, embrutecendo espíritos, dando-lhes uma compreensão falsa que leva à vida de gozos e prazeres puramente instintivos, sob a qual encobrem as mazelas morais e físicas, tornando-os joguetes das paixões, ódios e incompreensões. Este tem sido o viver do homem na Terra, e só se libertará da desgraça e da infelicidade, quando volver o raciocínio para as coisas sérias, desligar-se das falsas concepções em que tem vivido, preparando-se para nova vida em que predomine os sentimentos de fraternidade, compreensão e respeito mútuo.

Publicado em 20 de março de 1975.